Captain Earth surge na temporada da primavera como obra original, criada pelo célebre estúdio Bones.
A qualidade da equipa responsável por esta produção não deixa margem para dúvidas. Na direção de arte e responsável por criar o design das personagens tínhamos Satoshi Ishino (No.6), o compositor musical era Satoru Kosaki (Bakemonogatari), como escritor estava Yoji Enokido (FLCL), e por fim, responsável por juntar e liderar da melhor forma estes artistas estava Takuya Igarashi (Soul Eater).
Captain Earth | A História
Durante uma noite de verão, Manatsu Daichi, um estudante do secundário, vê um estranho arco-íris a sobrevoar Tanegashima e decide dirigir-se até lá sozinho. Este reconhece-o como algo estranhamente familiar pois enquanto criança, presenciou-o e agiu exatamente da mesma forma que agora em adulto. No epicentro do acontecimento encontrou duas crianças com idade aproximada à dele, com quem criou uma relação de amizade bem forte. No entanto, nem este fenómeno nem estas crianças pertencem à Terra. Isto leva Daichi de encontro a acontecimentos que nunca imaginou viver, nem presenciar.
Quando abri a porta chamada verdade, a minha infância terminou. Foi um verão que nunca mais consegui esquecer.
Captain Earth | Enredo
Sendo Yoji Enokido, um dos escritores de FLCL (Anime) e assistente no argumento de Neon Genesis Evangelion – entre outros projetos -, esperávamos que esta obra, a nível narrativo, fosse no mínimo original e consistente. Contudo, é exatamente neste aspeto que a obra falhou . Por vezes, quando uma obra é inteiramente original, não temos o material de origem para comparar ou para nos deixar com expetativas. No entanto, neste caso, sabíamos de ante-mão que o escritor envolvido era alguém com um certa experiência na indústria e em algumas obras de excelência. Mas tudo indica que nos deixamos levar pelas expetativas de uma obra ao mesmo nível dos seus trabalhos anteriores.
Captain Earth como história não existe. Os acontecimentos são desenvolvidos de forma apressada, o que fez com que muitos pormenores interessantes não tivessem a devida atenção. Durante quase todos os episódios, pelo menos até meio do anime, é-nos atirada uma quantia absurda de termos científicos e especificamente criados para o anime, num formato pouco explicativo, como se estas designações já tivessem sido introduzidas e explicadas. Isto afasta-nos constantemente da narrativa em si, cria dificuldade em seguir os diálogos das personagens, assim como os acontecimentos que fazem parte do núcleo narrativo. Como um todo, a história encontra-se cheia de falhas, argumentos redundantes e muitos momentos repetitivos.
As personagens por si só são relativamente interessantes e os diálogos construídos através das interações entre elas são cativantes. Contudo, isto não é suficiente para manter uma personagem. Começar interessante, não significa que se vá manter desta forma durante 26 episódios. Para tal é necessário desenvolvimento, objetivos, aprofundamento intelectual e emocional de cada um. Caso contrário, como vai o espetador seguir ou criar uma ligação com determinada personagem? Não existe espaço para uma ligação empática, além de uma simpatização inicial.
Captain Earth | Ambiente
Se estavam para desistir de ver o anime depois de ler a análise ao enredo, esperem mais um pouco. A Bones produz sempre ambientes espetaculares, não é uma novidade, ainda assim, conseguem sempre surpreender e prender o espetador aos mais variados elementos visuais.
O design dos mechas não é muito original, mas nota-se um grande trabalho dedicado ao detalhe e nitidez de todo o seu visual. A sequência de lançamento de cada mecha é fantástica, com várias etapas de construção e todas elas muito bem animadas, literalmente da cabeça aos pés. O ambiente, quando as personagens se encontram no espaço, está muito bem estruturado, realista e colorido, as estações espaciais são fabulosas, possuindo sucessivos detalhes, seja no seu exterior, seja no interior, seja na tecnologia utilizada em cada departamento, ou até na sua interação com os mechas.
A animação e desenho, foram criadas com uma qualidade muita aproximada àquela que estamos habituados a ver em grandes orçamentos cinematográficos no mundo do anime. Os planos possuem uma qualidade maravilhosa, construídos minuciosamente do ponto mais pequeno ao ponto de maior relevo.
O único ponto menos bom que se encontra neste todo, são os combates em si. Não existem razões de queixa contra a animação ou contra o desenho neste departamento, mas sim contra a coreografia do combate em si. São repetitivas e pouco originais, o que faz com que a qualidade técnica se perca toda nestas batalhas vazias e repetitivas.
A banda sonora é composta por diferentes sonoridades, mas com mais frequência nas faixas compostas por orquestra, que por sua vez ajudam sem dúvida a criar uma essência mais épica e carregar um bocadinho a fraca narrativa.
Captain Earth | Juízo Final
Apesar de a três quartos do final do anime, a narrativa ter ficado um pouco melhor, e a qualidade técnica ser de topo ao longo de todo o anime, esta evolução mostra-se tardia e insuficiente para alterar a sua qualidade. É vazia e não consegue transmitir nada. E isto é um dos maiores problemas das grandes produtoras de anime contemporâneo. Possuir um grande orçamento e um equipa de excelência no departamento técnico não é suficiente para produzir uma boa obra.
Portanto, se gostam de mechas e ficção científica, vale a pena ver Captain Earth e fechar os olhos à pobre escrita. No entanto, se pretendem começar a ver porque pensam encontrar aqui uma boa narrativa, esqueçam, não é aqui que a vão encontrar.
Em vez do habitual trailer, deixo-vos com o relaxante ending da obra:
Análises
Captain Earth
Se gostam de mechas e ficção científica, vale a pena ver Captain Earth e fechar os olhos à pobre escrita.
Os Pros
- Produção Visual
Os Contras
- Conceito pouco aproveitado
- Enredo e personagens vazias
- Falta de desenvolvimento