Título: One Punch Man
Adaptação: Manga
Produtora: Madhouse
Géneros: Ação, Comédia, Paródia, Sci-Fi, Seinen, Sobrenatural e Super Poderes
Ficha Técnica: Disponível
One Punch Man | História
One Punch Man conta-nos a história de um herói que tem como objetivo derrotar diversas abominações. Estas, são personificações dos desleixos dos habitantes do Planeta Terra. Saitama, o herói desta história, apesar de praticar o bem como divertimento, está completamente aborrecido, uma vez que consegue derrotar qualquer inimigo apenas com um soco…
One Punch Man | Enredo
Grande parte das observações feitas na minha primeira impressão relativamente à construção narrativa, revelaram-se acertadas. Dito isto e recapitulando: a noção sóbria da arquitectura narrativa prosseguiu e evoluiu. Esta deu génese a uma história fluída, original e com poucos percalços. A atípica abordagem ao conceito conseguiu manter-se sempre interessante, sem fazer com que o espectador se cansa-se de ver a obra. Não obstante, e mesmo que One Punch Man tenha bons pormenores técnicos no que diz respeito à escrita, a grande dúvida que nos ficou no primeiro episódio, continua por responder:
O que nos poderá mostrar um herói que já não tem mais nada para aprender?
One Punch Man | Uma leve desconstrução do Género
Após a visualização do primeiro episódio, somos injetados com 20 minutos de puro entretenimento. Porém, e depois de deixar os ânimos arrefecerem, começamos a refletir sobre o possível desenvolvimento narrativo. Como é que se consegue manter uma série, onde o protagonista consegue destruir qualquer inimigo, com um soco? Um dos pontos mais interessantes deste género, e um dos que mais nos liga emocionalmente à personagem, é o seu nascimento, crescimento e desenvolvimento enquanto herói. Ora, se estamos perante um herói que já foi desenvolvido, como nos vamos ligar a este mundo e porque razão nos haveríamos de importar com a personagem principal?
Num caso normal, não nos ligaríamos ao mundo, nem teríamos qualquer razão para dar importância ao sucesso de Saitama. No entanto, a forma como o mundo de One Punch Man começou a ser construído, ramificou o ponto inicial da narrativa em várias camadas de enredo muito interessantes. Entre estes, destaco em primeiro lugar o núcleo. Ou seja, o sistema de heróis e os mais variados ranks, e por último, mas não menos importante, a vontade de Saitama ser reconhecido pela sociedade.
A forma engenhosa para caracterizar Saitama, é na verdade bastante simples. Uma vez que existe uma sociedade de heróis registados, que têm que prestar serviço bem como relatórios de atividade, existe também uma forma do governo se manter atualizado para com cada herói, e da sociedade se manter em ligação com os feitos de cada um. Contudo, Saitama fez uma carreira inteira enquanto herói sem estar registado. Quem conhece Saitama? Ninguém. Quantos monstros derrotou que estejam registados pela associação de super-heróis? Nenhum.
Inicialmente apresentam Saitama como um herói capaz de derrotar qualquer inimigo, levando-nos a acreditar, que já não tem mais nada para aprender. Mas uma vez que ele vive num mundo regido por um sistema rigoroso de Heróis, volta de novo à estaca zero. É a partir daqui que o vemos crescer. É com este ponto de partida que vemos Saitama a ganhar carácter, a moldar um objectivo, e por fim, a ganhar cada vez mais uma personalidade além do “careca que derrota monstros com um soco”.
One Punch Man | Ranks – uma faca de dois gumes
One Punch Man não é perfeito, nem completamente original. Já algumas paródias foram feitas nestas estruturas, tanto no século passado, como no atual. Ainda assim, este título conseguiu trazer ar fresco por entre marés típicas. E como referi em cima, uma das importantes manobras narrativas que levou esta história a ser interessante foi a criação de ranks entre heróis. Não obstante, da mesma forma que foi um dos pontos que a esquivou da repetição narrativa, foi também um dos pontos que a fez descer em boa parte na qualidade de escrita.
A necessidade de expansão do universo, levou a obra a uma queda de ritmo narrativo notável. Até certo ponto o desenvolvimento estava na medida certa, com as personagens a ganhar carácter e propósito. De tempo a tempo era inserida uma personagem, e era-lhe dado algum foco. Com isto fomos conhecendo os sistemas de ranking, bem como a sociedade de heróis e a quantidade de inscritos existente. Todavia, esta consistência foi desfeita pela inserção descontrolada de mais personagens.
Um após outro, todos os episódios, heróis por todo lado. Em certo ponto o espectador já não sabe quem é quem. A obra esforça-se para manter todos com tempo de ecrã, e agem como se nós tivéssemos ligação com eles, como aquela que temos com Saitama e com Genos. Não temos, nem temos como a ter. Apressaram o desenvolvimento narrativo sem necessidade. É facilmente dedutível que o fizeram para que o último arc estivesse inserido na primeira temporada. Ainda assim acho que podiam ter realizado na mesma aquele Boss final, mantendo grande parte do mistério das personagens que foram introduzidas.
No arc final, fica claro que, todas as personagens que por ali andam deviam ter mais peso do que aquilo que o espectador fica a sentir. Vemos um enorme potencial num vasto oceano de personagens carismáticas e interessantes, que acabaram por ser apenas um molde estereotipado para as batalhas. Espero que, numa eventual produção de uma segunda temporada, esta problemática seja resolvida. Existe aqui muito potencial, que pode levar a obra mais longe, tornando então este percalço numa escada necessária para uma sequela capaz de ultrapassar a já poderosa antecessora.
One Punch Man | Ambiente
O pormenor que faz One Punch Man ser One Punch Man, é o facto de Saitama conseguir derrotar todos os inimigos com um soco. A execução original da narrativa era uma incógnita, e esta problemática estendia-se à criação de todo o ambiente, principalmente nas coreografias das batalhas. O primeiro episódio mostrou-nos uma batalha interessante, apenas porque o protagonista estava a sonhar, permitindo elevar os níveis épicos ao seu máximo. Como era óbvio, o sonho não se iria repetir, e portanto, era necessário encontrar uma fórmula para poder brincar mais uma vez com todo este frenetismo.
A expansão do universo narrativo, conferiu à narrativa um execução apelativa. Por consequência, este alargamento, deu asas para que os grandes artistas por detrás da produção ambiental deste título, conseguissem brilhar. Mesmo com as personalidades dos heróis por desenvolver, os estilos de cada um foram bem decalcados e bem transmitidos em animações distintas. Aliás, foi precisamente o facto de as personagens apresentarem um estilo tão único a nível individual, que se fez notar o quão vazias se encontram a nível de personalidade.
A excelência da produção ambiental revela a paixão dos criadores e dos artistas que se encontram neste projeto. Esta mesma excelência é responsável, felizmente e infelizmente, por denunciar os aspetos negativos de One Punch Man. O facto do ambiente se encontrar ao mais alto nível, preenchido por detalhes credíveis e orgânicos, faz com que as falhas narrativas saltem com mais facilidade aos nossos olhos. Se algumas destas falhas de enredo não estivessem acompanhas por esta direção de arte, parte do valor e popularidade deste título seria perdido.
A banda sonora está no ponto certo. Não naquele ponto normal que chega para acompanhar os visuais, ou os momentos mais emocionais. Está naquele ponto certo bem alto, com as tonalidades mais épicas possíveis, não deixando margem para dúvidas quais as proporções épicas que One Punch Man pretende atingir. E bem, o opening fala por si.
One Punch Man | Juízo Final
No caso do ponto de partida não vos chamar a atenção, vejam pelo menos as sequências de ação. Não precisam de conhecer, nem de seguir a história para aproveitarem os grandes momentos de loucura criativa desta excelente adaptação visual.
É sobrevalorizado? Claro que sim. One Punch Man não é o 10º melhor anime de sempre (MyAnimeList). A popularidade absurda não é justificada? Óbvio que não. One Punch Man não é uma das 20 melhores séries de todo o globo (IMDB). Mas isto não lhe retira em nada o grande valor que tem. Premissa criativa, comédia inteligente no tempo certo, consciente dos seus limites narrativos, tudo isto embrulhado num pack de uma produção visual com grande valor artístico. Ainda estão com dúvidas? Cliquem lá no start para o primeiro episódio.
Para terminar, se não são fãs de obras com batalhas over the top, se não são fãs de tipos de narrativa que prestam tributos/referências a outras obras e se não são fãs de comédia consciente com tendência a quebrar de forma subtil a fourth wall, nem vale a pena verem o primeiro episódio.
One Punch Man | Trailer
Análises
One Punch Man
É sobrevalorizado? Claro que sim. One Punch Man não é o 10º melhor anime de sempre (MyAnimeList). A popularidade absurda não é justificada? Óbvio que não. One Punch Man não é uma das 20 melhores séries de todo o globo (IMDB). Mas isto não lhe retira em nada o grande valor que tem. Premissa criativa, comédia inteligente no tempo certo, consciente dos seus limites narrativos, tudo isto embrulhado num pack de uma produção visual com grande valor artístico. Ainda estão com dúvidas? Cliquem lá no start para o primeiro episódio.
Os Pros
- Conceito
- Temáticas
- Tratamento do elenco principal
- Harmonia técnica
Os Contras
- Falta de desenvolvimento de alguns pontos narrativos