Título: Dimension W
Adaptação: Manga
Produtora: 3Hz x Orange (Sora no Method, Black Bullet, Active Raid, Norn9)
Géneros: Ação, Drama, Seinen, Ficção Científica
Ficha Técnica: Disponível
Dimension W | Opening
“Genesis” – STEREO DIVE FOUNDATION
Dimension W | Enredo
No ano de 2071, o mundo enfrenta problemas energéticos, que foram aparentemente resolvidos por uma rede inter-dimensional de cabos elétricos indutores – “coils”. Estes extraem energia do que, à partida, seria uma fonte inesgotável. A fonte é a Dimensão W, um quarto plano que existe para além das dimensões X, Y e Z. Neste mundo, existem coils ilegais que contêm poderes que a polícia não consegue combater. Lidar com estes é o trabalho de Kyoma, um homem que os odeia, e cuja vida o leva a esbarrar-se com uma android coil única, chamada Mira, com a qual forma uma relutante parceria.
O universo desenvolvido em Dimension W é de facto bastante interessante, durante grande parte da série somos envolvidos num universo futurista governado por coils – baterias universais ilimitadas. O mistério em torno das torres de controlo, a sua criação e sobretudo a verdadeira intenção do pai de Mira, tecem uma imensa teia de circunstâncias e possíveis linhas narrativas.
Para onde caminhará Dimension W? Qual o papel de Kyoma neste universo tão complexo quanto corrupto?
Alguma coisa não vai correr bem…
Pois bem, escusado será dizer que num universo tão complexo quando Dimension W, apenas 12 episódios tornam-se num pronúncio apocalíptico. Como desenvolver de forma consolidada um universo repleto de conjunturas e mistérios? Com dezenas de personagens interessantes por desenvolver e fortes ligações entre cada uma delas?
Exato, não se desenvolve. Passada a meta da apresentação das personagens, entramos numa espiral de episódios que têm tanto de interessantes quanto de frustrantes. O enredo cativa, a nossa atenção é sugada pelo mistério e conduta suspeita das personagens e situações, no entanto, a panóplia de circunstâncias com explicações muito pouco satisfatórias aumenta exponencialmente.
Cliché ou simplificação forçada?
Ficção científica como objeto de desenvolvimento principal é um risco. Os contornos narrativos desse género exigem não só uma originalidade excepcional, como também elevados conhecimentos científicos. A imersão no universo Dimension W é proporcional à capacidade da narrativa em evoluir o enredo e personagens, fomentando a ligação desse universo com a nossa realidade. Sem o desenvolvimento coerente de uma parte significativa da obra, o resultado é o expectável: a experiência é reduzida para metade, ficando aquém do que poderia ser.
Quanto às personagens, como referi nas primeiras impressões à obra, elas são o dito cliché. Simples, nada de novo dentro do género mas com elementos suficientes para captarem a nossa atenção. O seu potencial estava, por si só, intimamente ligado ao desenvolvimento do ambiente e construção narrativa utilizada. Esta não foi aproveitada da melhor forma e, por consequência, levou-nos a navegar por entre uma fórmula conhecida com propósito de uma imersão fácil, reforçada pelas personagens inseridas.
Dimension W | Ambiente
O ambiente tornou-se desde logo o ex-líbris da obra. Desde o primeiro episódio somos bombardeados com uma maravilhosa conjugação de cores luminosas e mecanizadas dos elementos futuristas, cenário ideal para ser usado em paralelo com visual citadino. O contraste entre ferrugem e brilho, apesar de não ser novidade dentro do género, acaba por seduzir até os mais exigentes. A animação surge fluída e coesa em toda a série, com destaque nas maravilhosas sequências de batalha, pelo que neste quesito a qualidade manteve-se constante à expressa no primeiro episódio com alguns pináculos de qualidade acima da média.
A variedade na animação foi outro ponto de destaque que se comprovou crucial ao longo da série. Inicialmente, levou à estranheza fruto do contraste entre o ambiente sóbrio citadino, cenário maioritário da obra, e os painéis preenchidos por cores circenses e efeitos berrantes, sobretudo aquando o aparecimento da personagem Loser.
O design de personagens, é possivelmente o ponto que mais salta à vista de qualquer espetador pelos mais variados e simples motivos: é apelativo, simples, e fica na memória. Não é nada por aí além, e muito menos o mais original alguma vez feito, contudo os bons movimentos de câmara acompanhados pelos exuberantes opening e ending, captaram a essência das mesmas ao ponto de ficarem entranhadas na nossa memória.
A banda sonora fez-se presente em toda a série de forma camuflada. Com relativa qualidade, nunca se sobrepunha à narrativa, tornando-se parte integrante da mesma sem maravilhar o ouvinte. Não houve nada que ficasse no ouvido, com a exceção do tema de abertura e encerramento, tudo a roçar o básico utilizado em obras onde a ação e o drama fazem parte do cardápio principal.
Dimension W | Juízo Final
A popularidade em torno da obra era justificável. Do mesmo escritor da célebre Darker than Black, era expectável todo o hype em torno de Dimension W, e como tal, as expetativas eram bastante elevadas. Uma obra pesada, com uma carga dramática e uma construção narrativa soberba eram alguns dos quesitos do público sedento por um anime de teor adulto e de enredo forte, em vez disso, somos presenteados com uma amostra de tudo um pouco do que o género pode oferecer. O mar de conceitos expostos ao longo da série determinam o potencial desperdiçado da obra. Eles poderiam fazer tudo, explorar um universo de possibilidades, uma monstruosidade dramática que poderia facilmente ir para os tops de séries do género, em vez disso, seguiram a linha narrativa mais fácil.
Em suma, Dimension W defraudou grande parte das expetativas dos fãs de seinen e ficção científica. Em vez de se tornar num dos melhores animes da temporada, ficou-se apenas por uma boa série de animação.
Apesar das falhas, Dimension W é uma obra que acredito que agradará à maioria. Possui personagens de fácil ligação, um ambiente agradável e sequências de batalha de babar. Nada é excecionalmente bom, nem mesmo a animação, no entanto, perde apenas pelo potencial desperdiçado em todos os quesitos. Dito isto, fácil é de supor que para os espetadores mais exigentes ou fãs do género seinen e ficção científica, esta não será uma obra que deverão assistir com elevadas expetativas, para os restantes, desfrutem de uma boa dose de entretenimento e boa animação.
Análises
Dimension W
Dimension W é um seinen de ficção científica que prometia conquistar o público com a sua premissa original.
Os Pros
- Produção visual;
- Premissa.
Os Contras
- Personagens um pouco genéricas;
- Construção narrativa.