“Aldnoah.Zero” é um projeto original da A-1 Pictures, levado a cabo pela TROYCA e pela Aniplex, que procurou protagonismo entre os fãs do mundo do Anime, durante o verão passado.
Se o simples facto de ser genuíno já desperta curiosidade por nada se saber sobre a história, o que dizer quando se tornou público que Gen Urobuchi ia estar envolvido na produção, ainda que não na totalidade. O que é facto é que as primeiras impressões foram muito boas, e agora chegou a altura de se avaliar esta trama num todo.
Aldnoah Zero | História: do previsível ao inesperado!
A premissa inicial de Aldnoah Zero, já apresentada no artigo das primeiras impressões, é deveras expectável, apesar de interessante. Conhecidas as personagens principais de ambos os lados, é mais do que óbvio que uma grande guerra está prestes a começar entre os cidadãos da Terra e o povo marciano. Tudo se confirma com o simples deslocamento da princesa de Marte, Asseylum Vers Allusia, ao nosso planeta, numa tentativa inútil de reforçar uma paz aparente e previamente estabelecida entre os povos.
SPOILERS à frente!! Como se não bastasse, com o suspense criado e algumas frames curtas exibidas na segunda metade do primeiro episódio, outra coisa não se podia esperar que não um atentado à Princesa, para assim surgir o motivo que permitia oficializar a guerra. Era este o principal objetivo dos Orbital Knights, seres ligados a Marte, e tudo parecia decorrer em conformidade com o estipulado.
Porém, estas visões futuristas ficaram por aqui. A princesa sobreviveu ao atentado que inicialmente dava ideia de ter sido um sucesso, e dali em diante tudo se tornou muito mais complicado de prever com exceção de que iriam haver vários combates mecha, todos eles naturais de eventos desde calibre.
Se, enquanto previsível, a série conseguia ser atrativa pela sua forte premissa inicial, quando avançou para o desenvolvimento dos seus conteúdos de maior importância, também aí conseguiu manter o nível de interesse por deixar sempre em aberto os acontecimentos seguintes, deixando-nos a refletir sobre várias questões relacionadas com o enredo. Quase que de forma repentina, esta inclusão do efeito surpresa concretizou-se.
Aldnoah Zero | A atração do relacionamento Terra/Marte
Numa observação mais periférica à produção, o primeiro destaque recai sobre os planetas envolvidos. Como é do conhecimento geral, Marte tem sido o planeta do Sistema Solar mais explorado pelos humanos nos últimos tempos. Muitos são os mistérios inerentes ao território que um dia ambicionamos desvendar e, quem sabe, habitar. Este simples facto, desconhecido e enigmático, acaba por ser um tema bastante atrativo para o público em geral. Todos querem saber como é o planeta, o que há por lá, ainda que estejamos sujeitos à vertente imaginativa dos criadores de Aldnoah Zero.
Na verdade, este ambiente espacial acaba por nem ser alvo de grande atenção. O foco recai sobre as naves em órbita e os seus passageiros, auto intitulados de marcianos, que forçam a distinção perante o povo humano, ainda que a ele pertençam. Seja como for, esta relação entre os dois planetas faz parte da premissa inicial, conseguindo chamar à atenção do público quando mais interessa, mesmo que depois se perceba que não há grande exploração desta matéria. Pelo menos para já.
Aldnoah Zero | Guerra: um clima de contrastes!
Se a este tipo de confrontos associamos quase instantaneamente a participação de guerreiros experientes em batalhas, treinados durante anos a fio para estes acontecimentos, e que inclusive já marcaram presença noutras guerras, a verdade é que o outro lado nunca pode cair no esquecimento.
Refiro-me, concretamente, à presença dos jovens inocentes, inexperientes e aterrorizados com aquilo que poderão encontrar do lado inimigo. Isto para não falar também daqueles que não são forçados aos climas de guerra nem se alistam de livre vontade, mas que são aniquilados pelo inimigo sem qualquer piedade ou tornam-se refugiados das perdas dos seus familiares.
Aldnoah Zero retrata este processo muito bem e, diria mesmo, torna-o inevitável a partir do momento em que os próprios aprendizes de Kataphrakt’s (mechas) assumem o protagonismo nas grandes cenas, como é o caso de Inaho Kaizuka, sendo este um aspeto da obra a valorizar. A sensação que se tem é que os iniciados nestas andanças são na verdade os veteranos da guerra e vice-versa. O protagonismo é o da juventude, dos Homens do amanhã!
Aldnoah Zero | Inaho Kaizuka: o cérebro das Forças Unidas da Terra
Orientando agora a minha análise para as personages/grupos de maior valor, Inaho é claramente aquele que logo me vem à cabeça quando penso em Aldnoah Zero.
Extremamente jovem, mas com um conhecimento enorme no que diz respeito aos Kataphrakt’s, é com esta personagem em destaque que podemos desfrutar de grandes momentos na série. Inaho Kaizuka não só consegue contrariar as probabilidades reduzidas de sobrevivência contra os poderosos Orbital Knights de Marte, como é capaz de justificar todo o seu raciocínio e fazer-nos perceber porque é que cada coisa acontece. Na primeira metade do anime, os episódios assumem uma estrutura em que os momentos de ação surgem na reta final de cada um deles. A maioria deles são excelentes e contam sempre com a presença deste suspeito.
Espetacular enquanto guerreiro, Inaho perde o interesse quando não está no campo de batalha nem a elaborar estratégias para os defensores da Terra. Tudo porque o rapaz é excessivamente inexpressivo, isto é, incapaz de transparecer alegria, tristeza ou outro sentimento quando em contato com as pessoas. A série teria mais a ganhar se assim não fosse, pois podia “mexer” ainda mais com o público.
Aldnoah Zero | Orbital Knights: ambição e orgulho sem limites!
Eles (Cavaleiros de Marte, se assim lhes quiserem chamar) são os principais representantes do povo marciano e os que mais potencial têm para despertar o interesse do espectador pela série.
Vários são os motivos que me levam a dizer isto. Tais como:
- a variedade de cavaleiros existentes e as suas diferentes linhas de pensamento; é uma pena terem sido tão pouco explorados naquilo que é a extensão da sua hierarquia e reputação.
- O grande ego e orgulho incutido neste grupo de personagens, originários das suas linhagens de Marte que desde sempre olharam para o povo da terra como inferiores; Saazbaum (personagem) retrata e explica isto mesmo da melhor maneira.
- A posição de cada um destes elementos dentro desta poderosa organização de cavaleiros; Ninguém quer ficar atrás de ninguém, nem demonstrar qualquer tipo de fraqueza perante os seus compatriotas. A rivalidade entre clãs é evidente.
Todos estes conceitos misturados e explorados devidamente durante esta primeira temporada suscitam atitudes e ações inesperadas por parte de cada um dos cavaleiros, sendo este mais um ponto de fascínio da série. A valorização do interesse provocado pelo enredo reside essencialmente na presença dos Orbital Knights na história, que são atrevidos o suficiente para desrespeitarem o seu próprio Rei e Princesa. Dos elementos pertencentes a este grupo pode-se esperar qualquer tipo de atitude.
Aldnoah Zero | Kouichirou Marito: da expetativa ao esquecimento
Para terminar as referências que nunca podia deixar de fazer às personagens, uma palavra para o Tenente Marito. Esperava bastante mais de alguém que participou em guerras de outros tempos e que sobreviveu para contar a história.
Embora continue a marcar presença nos grandes acontecimentos que fazem a história da Terra, Marito não é capaz de ter um papel preponderante em qualquer um deles, já depois de deixar uma ideia completamente contrária nos primeiros episódios da trama.
Muitas vezes este ponto nem quer dizer nada, mas o facto de a voz desta personagem pertencer a Kazuya Nakai, seyuu de Roronoa Zoro (One Piece), também indiciava intervenções mais importantes por parte de Marito. Foi pena!
Aldnoah Zero | Paisagens e ambientes de grande qualidade!
Não há nada melhor que planos de fundo bem elaborados para se valorizar uma história e a respetiva qualidade de uma produção, para além daquilo que ela poderia prometer inicialmente. Pois bem, neste aspeto também está tudo muito bom e, portanto, os elogios aos seus responsáveis são mais do que merecidos. As paisagens da Terra apresentadas no decorrer do anime são de classe, tal como a concepção das muitas naves pertencentes aos “Cavaleiros de Marte”. Nem tudo é desenho, pois nos robôs e respetivas lutas é utilizada a tecnologia CGI, algo que alguns espectadores não veem com bons olhos, seja onde for.
Pessoalmente fiquei bastante agradado com os resultados apresentados em Aldnoah Zero provenientes das duas técnicas de elaboração das frames. A CGI justificou muito bem a escolha, o que não quer dizer que em desenho os mechas e respetivas lutas não ficariam melhor. Poderá não ser assim em todas as obras, mas aqui penso que qualquer uma teria bons resultados. Vale mesmo a pena apreciar todos os pormenores paisagísticos que surgem durante as batalhas e nos longos diálogos das personagens, assim como dá gosto ver as naves dos Cavaleiros e a maneira como estão construídos os seus Kataphrakt’s.
Aldnoah Zero | Na música é que está a virtude!
Pelo que disse até ao momento, já deu para perceber que Aldnoah Zero tem muita qualidade na maioria dos aspetos principais de avaliação de uma obra. No entanto, penso que a caraterística que merece pontuação máxima é mesmo a sua parte musical.
Está simplesmente extraordinária! A começar por “heavenly blue” das Kalafina, que consta no opening da série, segue-se “Breathless” dos Nightcore, que preenche os momentos de maior intensidade da trama, e há ainda os dois endings: “A/Z” e “aLIEz” de Sawano Hiroyuki ft. [nZk]:mizuki que também estão muito bons. Estes são apenas alguns exemplos, pois há outras relíquias da banda sonora que podem descobrir durante a visualização do anime.
Aldnoah Zero | Juízo Final
Com toda a convicção, afirmo que Aldnoah Zero foi um dos animes sensação do verão passado. Especialmente por tratar-se de um projeto original.
As dúvidas e interrogações que existiam antes da sua estreia rapidamente se dissiparam, pelo que a partir daí foi sempre a desfrutar de uma história que enriquece ainda mais o repertório do bem conhecido Gen Urobuchi e do diretor principal, Ei Aoki, famoso por alguns dos seus trabalhos anteriores, como é o caso de Fate/Zero.
A ser difícil de encontrar defeitos para apontar, o único problema poderá residir no seu género particular: mechas! Todavia, ainda que seja algo que não atraia qualquer parte do público, a ligação existente entre Terra e Marte, sobre a qual já falei, poderá fazer esquecer um pouco esta especificidade da robótica que não agrada a qualquer um. Se aguentam bem com isso, então não hesitem em dar uma oportunidade a este trabalho da TROYCA e Aniplex, cuja sequela já tem transmissão assegurada para 2015.
Aldnoah Zero | Trailer
Análises
Aldnoah Zero
Um projeto totalmente original, que desde cedo conseguiu captar toda a atenção do espectador para nunca mais a perder até à sua conclusão. Uma obra de alto nível em todos os aspetos, cujo estilo de maior foco é o mecha.
Os Pros
- A história criada e desenvolvida com foco nos planetas Terra e Marte.
- A arte.
- A animação.
- A banda sonora.
Os Contras
- Nada a apontar.