A minha primeira análise do ano 2018 não podia ser sobre qualquer obra. Depois da espectacularidade da primeira temporada de Haikyuu!! – que eu mesmo caracterizei como um hino ao voleibol – a expectativa era alta para esta sequela. Desde já posso dizer, Haikyuu!! 2 não desapontou.
Haikyuu!! 2 – A História
A primeira temporada de Haikyuu acompanhou a fase de adaptação dos vários elementos que agora representam a equipa de Karasuno. Por seu lado, Haikyuu 2 tem início com essas mesmas personagens à procura de evoluírem individualmente e, posteriormente, o seu jogo coletivo.
O objetivo? Há muito que está definido! Karasuno vencer o torneio da primavera da sua região e chegar aos campeonatos nacionais. Para alguns elementos deste grupo, esta é a última oportunidade antes de concluírem os seus estudos.
Haikyuu!! 2 – O Enredo
Ao contrário do que se verifica na primeira temporada, desta vez existe um acompanhamento individualizado e distribuído de forma mais justa (em termos de tempo de antena) pelos vários atletas de Karasuno. Chikara Ennoshita e Tadashi Yamaguchi são dos que mais tiram proveito desta situação. O único exagero verificado é o facto dos “corvos” não ganharem um único jogo no estágio de pré-temporada que ocupa os primeiros episódios. Em tantos duelos, uma vitória não seria nada de anormal.
Um outro aspeto que continua nos pontos fortes é a parte da comédia. Esta mantém-se muito bem equilibrada com os momentos de grande tensão que se verificam durante os jogos. Destaque especial para a ignorância de Tobio e Hinata, a par da intensidade peculiar que Ryuunosuke Tanaka coloca em cada disputa do jogo e da vida. Ambos os casos roubam gargalhadas com grande facilidade ao espectador.
Nota também para o desenvolvimento algo lento dos acontecimentos. A meu ver, uma boa decisão da Production I.G. Os “atrasos” são justificados pelas várias componentes que dão uma outra vida aos duelos no court. É o caso das táticas e dos pensamentos que acompanham os treinadores e os jogadores a cada jogada. Ao meus olhos, estes momentos têm um peso significativo na qualidade final desta obra, pela positiva.
Haikyuu!! 2 – Os Jogos de Voleibol
As técnicas aplicadas nos jogos continuam a evoluir e a ficar mais interessantes. Todas elas são acompanhadas por agradáveis explicações a cargo das personagens, para satisfação do espectador.
No que diz respeito à principal equipa da trama, na segunda metade da série colhemos os frutos do trabalho desenvolvido nos primeiros episódios. Por outras palavras, é muito interessante ver como as peças começam a encaixar após a evolução dos jogadores a nível individual. O voleibol é um desporto de equipa e, de facto, quando o jogo coletivo de Karasuno começa a fluir, tudo se torna mais empolgante.
De um modo mais geral, de salientar a maneira original com que cada equipa se equilibra e aborda a competição. Basicamente, não existem réplicas nos principais coletivos desta história, adaptada da manga de Haruichi Furudate. Os talentos dos vários jogadores que as constituem são muito diferentes uns dos outros, o que se reflete nas ideias de jogo e mentalidades das equipas. Ou vice versa, pois uma parte tem impacto sobre a outra.
Para mim, a intermitência de Kentarou Kyoutani e a forma como Tooru Oikawa tenta lidar com ele é um dos momentos mais ricos de Haikyuu!! 2, a nível do enredo. É por esta altura que vemos o melhor de Oikawa. Embora adversário de Karasuno, esta personagem já vinha da primeira temporada com muitos fãs conquistados. Especialmente pela maneira como conseguia despertar o melhor dos seus colegas de equipa durante o jogo. Acontece que o “Mad Dog” Kyoutani, como o nome sugere, está longe de ser um colega de equipa tradicional. Desta forma, Tooru vê-se obrigado a ascender a um patamar nunca antes visto, no comando das jogadas construídas para a sua equipa, para conseguir lidar e interpretar a personalidade do “Mad Dog“.
Por seu lado, Kyoutani acrescenta imprevisibilidade no desfecho das jogadas. A parte final da trama apresenta-se assim com um grande nível de incerteza, causando insegurança no espectador em relação ao resultado final, e exigindo-lhe outro tipo de atenção.
Arte, Animação e Banda Sonora
Não há muito a dizer sobre a arte e a animação. Ambas transitam da primeira série para esta segunda com a mesma qualidade de topo. A haver destaque, este pode ser atribuído à parte do serviço e do remate nos jogos de voleibol. Ambas estas técnicas evoluíram nesta sequela, o que exigiu maior detalhe e articulação nos movimentos das personagens nestes momentos. Também aqui, Kyoutani e Tooru voltam a ser dos elementos mais importantes. Mas acima de tudo, de realçar a excelente decisão da Production I.G em não mexer muito nestes parâmetros.
Já a banda sonora melhorou um pouco. Ou pelo menos deu mais de si nos grandes momentos, conseguindo assim colocar-se num patamar mais próximo dos outros parâmetros. Relativamente aos openings e endings, todos eles se apresentam em bom plano. Exceção feita ao segundo ending da temporada. Apesar das boas referências, nenhum deles atinge um grau de espectacularidade que seja capaz de despertar nostalgia daqui a uns tempos, ao contrário da banda sonora.
O que mudou entre as duas séries de Haikyuu?
O ciclo temporal desta segunda temporada é muito semelhante ao da primeira. Algo extremamente positivo, pois quer isto dizer que o interesse do espectador vai aumentando com o desenrolar da história. Pessoalmente, se vi os primeiros dois terços com pausas regulares, o último terço de episódios foi de “rajada”. Já tinha sido assim na temporada inicial. Mas então, o que mudou de assinalável?
- O desfecho! – Deixa qualquer um muito mais empolgado a ver a terceira série do que quando finalizamos a primeira.
- O maior acompanhamento de jogadores não pertencentes a Karasuno. Ao serem atletas de grandes talento, também eles despertam curiosidade e interesse no espectador. Nomeadamente, sobre como as suas equipas se vão sobressair nos campeonatos, e qual a sua importância no seio delas.
- O maior acompanhamento dos jogadores de Karasuno, para lá de Tobio e Hinata. Isto não só aproxima mais do espectador todos os elementos dos “corvos”, como lhes confere outro valor aos nossos olhos. Olhar para uma coletivo e só ficar desperto quando duas personagens nos podem surpreender não é, de longe, a mesma coisa que conhecer as virtudes e os defeitos de todas elas e esperar/torcer para que o seu melhor venha ao de cima quando são chamadas a intervir. É muito diferente!
Onde é que Haikyuu faz a diferença em relação a outros animes de desporto?
Dá que pensar. O que torna Haikyuu tão incrível, quando a obra segue os parâmetros tradicionais de um anime de desporto? Sem ter lido a manga, mas já com estas duas primeiras temporadas visualizadas, chego às seguintes conclusões:
- O acompanhamento dos vários elementos de Karasuno. Não apenas dos protagonistas.
- Os rivais de Hinata, Tobio e companhia são personagens igualmente bem construídas. Cada um tem as suas particularidades e os seus pontos fortes, funcionando não apenas como fator surpresa para Karasuno, mas também para o espectador. O voleibol é quem mais fica a ganhar com isto, pois reúne condições para uma maior diversidade de jogadas e acontecimentos durante os jogos.
- A simbiose que o autor consegue criar dentro de Karasuno, que sai reforçada com o passar de cada episódio. O coletivo será mesmo o ponto mais forte e mais bem explorado de Haikyuu!! 2.
Conclusão – Viva o positivismo!
Após visualização e análise de Haikyuu!! 2, chego à conclusão que o anime está melhor que nunca. Acima de tudo, que foi capaz de deixar o espectador altamente empolgado em descobrir o que se vai passar a seguir. Como referi, a união e o espírito de equipa foram os pontos fortes destas primeiras temporadas. A par do talento, foi o desenvolvimento destas caraterísticas que deram condições aos “corvos” para chegarem onde chegaram e fazerem aquilo que agora estão a fazer: lutar pelos seus sonhos!
Assim se cria uma grande expectativa em torno da terceira temporada, que se adivinha bastante diferente das suas antecessoras. Com o duelo entre Karasuno e Shiratorizawa em perspetiva, esta promete ser muito intensa, logo no seu arranque. Apenas com 10 episódios, e sem poder seguir o plano das primeiras seasons, veremos de que forma esta adaptação da obra de Haruichi Furudate nos conseguirá surpreender, por intermédio da Production I.G.
A fechar esta análise, um desabafo meu. A obra é extremamente positiva. Sou um fã confesso deste tipo. Dou por mim a pensar que, também por esta razão, muita gente devia ver Haikyuu. Com a comunicação social, nos últimos tempos, a remeter-se às notícias sensacionalistas e à procura das desgraças em todos os cantos, fazem falta obras como esta para se combater este espírito mais negativo e para o espectador perceber que, por vezes, tudo se resume a uma mudança de atitude.
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Análises
Haikyuu!! 2
Com um ciclo temporal muito semelhante ao da primeira temporada, esta sequela conseguiu ser ainda melhor em alguns aspetos. Desta forma, Haikyuu!! mantém-se num patamar fora do alcance de grande parte dos animes de desporto.
Os Pros
- História
- Arte
- Animação
- Banda Sonora
Os Contras
- Nada a registar