Título: Katanagatari
Adaptação: Light Novel
Produtora: Madhouse
Géneros: Ação, Aventura, Romance, Histórico
Ficha Técnica: Indisponível
Não leiam esta análise.
A sério.
Não leiam esta análise e vão ver Katanagatari. A razão pela qual vos estou a pedir isto, é porque esta anime é melhor se forem sem saberem nada sobre a anime. Resumo a análise: É óptima e rapidamente se tornou uma das minhas animes preferidas. Se isto chegar, ótimo. Vão ver a série. Se ainda não estão convencidos ou estão indiferentes, então continuem a ler, porque talvez vos consiga convencer.
Katanagatari | Enredo
Portanto, com toda a pompa e circunstância que eu pus nesta anime, ficarão chocados ao saber que a história é bastante simples. No período Edo do Japão é confiada a, uma auto denominada, estratega, chamada Togame, pelo Shogunato, a tarefa de recolher as 12 espadas mais poderosas de sempre, chamadas Deviant Blades.
No entanto as espadas têm um “veneno”, e quando ela tenta ordenar o melhor espadachim do Japão, Sabi Hakuhei, e um clã de ninjas, os Maniwa Corps, para irem buscar a espada esse veneno ataca, fazendo com que ou fiquem com as espadas por honra ou as roubem para mais tarde venderem a outros países.
Com a necessidade de arranjar alguém que não se interesse de uma maneira ou outra, ela viaja para a ilha para onde foi exilado um dos mais poderosos guerreiros do Japão. Quando lá chega descobre que esse homem morreu, mas deixou o seu filho Yasuri Shichika e a… irmã… Yasuri Nanami. E, por sorte, o Shichika foi treinado na arte marcial exclusiva à sua família, o Kyotōryū, em que o utilizador aprende a usar o seu corpo como uma espada. Portanto a Togame leva-o da ilha para ser a “espada” dela e recuperar as espadas.
Acho que somos todos fãs de anime aqui e, portanto, esta premissa não deve ser muito estranha a ninguém. Parece coisa de um Shōnen. Bem, as forças de Katanagatari encontram-se precisamente em pegar nas expectativas que temos e quebrá-las. Para começar, Katanagatari não tem quase ação nenhuma, o que elimina a definição de “Shōnen”. Estruturalmente também é interessante, porque eu acho que é a única anime cujos episódios duram 50 minutos. São só 12 episódios por isso arredondado dá mais ou menos o mesmo tempo de 24 episódios.
Mas a verdadeira força desta anime, e a razão pela qual eu pedi para não lerem esta análise, é esta: Katanagatari tem elementos meta. Para os que não souberem, meta refere-se a trabalhos que são auto-referenciais e que comentam no seu próprio meio ou que usam preconceções que a audiência traz consigo sobre o género e deturpa-as. Um bom exemplo é quando a Togame (que está a escrever um relatório sobre a viagem) comenta que o Shichika não é um “protagonista” interessante que chegue e que precisa de uma catchphrase para se distinguir. A série faz coisas deste género, apresentando elementos que parecem clichés e depois mexe com as expectativas que temos desses clichés.
Mas, como em tudo, há algumas falhas. Há um problema estrutural, em que o episódio 7 acaba a ser uma espécie de clímax prematuro e daí para a frente os elementos meta deixam essencialmente de ser usados. Felizmente, o verdadeiro final da série, no episódio 12 é… algo de se ver, digamos assim.
E, para terminar finalmente o enredo, uma coisa pessoal. Eu entendo que nestas buscas por objetos que são basicamente iguais, os criadores variam o aspeto dos vários objectos para os pudermos diferenciar. Mas o limite às vezes é puxado demais. No episódio 5, o nosso duo vê um homem de armadura a lutar, sem espada.
O Shichika faz a apropriada pergunta “Porque é que ele não está a usar uma espada?”, ao que a Togame responde:
…
Isso não é uma resposta. Aquilo… AQUILO É UMA ARMADURA! NÃO ME TENTES ENGANAR SÉRIE! ISSO É COMO EU DEITAR UM CADÁVER NO CHÃO DA MINHA SALA E DIZER AOS CONVIDADOS “OH AQUILO É UM TAPETE FEITO PARA SE PARECER UM CADÁVER”! Desculpem, é só que… Fiquei super incomodado com essa resposta.
Katanagatari | Personagens
Mantendo a ideia que esta anime apresenta as personagens principais como clichés, o Yasuri Shichika é o típico protagonista de anime genérico e a Togame a típica tsundere. Mas ao longo da série ambos são bastante desenvolvidos. A Togame recebe basicamente o desenvolvimento todo de que precisa num episódio e mantém uma atitude bastante positiva e divertida que, dada a natureza mais séria de alguns dos episódios, é apreciada.
Com o Shichika é que a série mostra a inteligência que tem. Porque ele cresceu numa ilha completamente desprovido de contacto humano tirando o seu pai e a sua… irmã… Logo, ele tem problemas em compreender certos conceitos sociais. Assim, podemos ver um progresso ao longo da anime e conseguimos ver uma clara distinção entre o Shichika do primeiro episódio e do último.
Katanagatari é uma série bastante episódica e, portanto, a maior parte das personagens secundárias aparecem num episódio e nunca mais são vistas. Mas o que eu gostei é que a maior parte delas parecia ter uma existência separada dos protagonistas.
Com muitas séries episódicas há a tendência de fazer com que as personagens que só aparecem num episódio fiquem dependentes dos protagonistas e dão a ideia de que estas personagens não poderiam continuar a existir sem os protagonistas. Katanagatari tem, talvez, um exemplo deste tipo de personagens, e, com as outras, ficamos com a ideia de que eles tinham histórias grandes e detalhadas e que, caso não tivessem conhecido o nosso duo, teriam continuado a viver normalmente mas após o conhecer, a vida deles geralmente sofre grandes mudanças quer boas, quer más.
Em relação aos vilões queria apenas mencionar o líder dos Maniwa Corps, o Hōō Maniwa. Este tipo faz-me querer que a premissa desta série tivesse a ver com a morte do planeta porque este é possivelmente uma das personagens mais autodestrutivas que já vi. Ele vai fazer um acordo com a Togame e com o Shichika, diz “Querem que eu corte o meu braço direito para provar a minha lealdade?”, eles dizem “Não” e ele fá-lo na mesma.
E com o resto do clã ele também não é muito melhor. “Aquele gajo tá morto? Oh… Ok.”
Katanagatari | Produção Visual
Como podem ver pelas imagens que tenho posto, os designs das personagens são bastante apelativos. São coloridos, distintos e os olhos são interessantes porque, para além de não se parecerem com os típicos olhos de anime, têm todos estilos distintos.
Se tivesse que apontar uma razão provável diria que estavam a poupar para os últimos episódios em que a ação é maior, bem animada e no geral bastante fluida. Aliás na primeira metade, a única batalha que se destaca mesmo é a contra o Sabi Hakuhei. Sem estragar nada… Wow. Simplesmente wow. Sem dúvida uma das maiores e melhores batalhas alguma vez animadas. Tipo, eu adoro as lutas em Fate/Zero e posso dizer-vos que, no seu melhor, as batalhas de lá são, talvez, equiparáveis.
Katanagatari | Banda Sonora e Som
Visto esta série ser quase completamente baseada em diálogo, é melhor que os atores dêem boas performances e, felizmente, dão. Não me pareceu que alguém se destacasse mas é porque toda a gente atuou tão bem. A banda sonora também é notável. Muitos dos temas principais repetem-se mas como são tão bons isso nem tem importância. Incluem um leque de estilos com cânticos japoneses, algumas partes que parecem tiradas do Samurai Champloo e por aí adiante.
Em termos de aberturas a série tem duas… ou tecnicamente três. Depende da versão que estão a ver porque originalmente tinha duas, mas quando voltou a passar no bloco televisivo Noitamina tinha uma nova música. São todas genéricas e a única que me interessou foi a segunda, mas isso é porque eu sou fã das músicas dos Ali Project.
Katanagatari | Pensamentos Finais
Nem sei porque é que estão a ler esta parte. Eu disse no início para não lerem e se estão a ler isto quer dizer que me ignoraram. Vão ver a anime. É muito, muito boa com ideias criativas, boas personagens e manipulações interessantes das expectativas da audiência. VÃO! VER!
Análises
Katanagatari
Porque é que não estão a ver esta série?
Os Pros
- Narrativa
- Subversão de expectativas
- Personagens
- Diálogos
- Animação
Os Contras
- Nada de relevante a apontar