Olá pessoal! Estou de volta para mais uma rubrica Noites de Manga, desta vez falarei um pouco sobre o manga 3D Kanojo: Real Girl.
Novo aqui? Não sabes do que se trata esta rubrica?
Clica aqui: Noites de Manga – Com Hari Tokeino
3D Kanojo: Real Girl gira em torno de dois jovens: Tsutsui Hikari e Igarashi Iroha. Como não poderia deixar de ser, e dado o mais recente manga que comentei, um dos protagonistas é um orgulhoso otaku, bom aluno, anti-social e sem grande vontade de sair da sua zona de conforto. O que mais odeia? Raparigas como Igarashi Iroha, populares com os rapazes, que usam e abusam dos homens à sua volta graças à sua beleza.
Por ironia do destino, acabam os dois castigados a limpar a piscina. Fruto desta interação, uma enorme curiosidade um pelo outro começa a florescer.
Assim em termos gerais, 3D Kanojo: Real Girl, ou simplesmente Real Girl, é um bom romance. Possuiu todos os ingredientes para cativar o leitor e, em termos de construção da história e personagens, é claramente acima da média… e foi exatamente isso que mais me deixou frustrada…
3D Kanojo: Real Girl – O tanto que acabou tão pouco…
Este shoujo poderia ter sido das melhores obras de romance da atualidade, um ex-libris do género! Basta lerem os primeiros capítulos para perceberem onde quero chegar. Real Girl arrisca ao “trocar” o género das personagens, ao criar uma espécie de genre reverse (só não quis chamar gender bender porque geralmente no manga tal é caracterizado por atitudes polarizantes e extremistas na troca de papeis, ou seja as características-tipo dos rapazes retratados em shoujo clássico passam para a rapariga e vice-versa). Somos confrontados com uma série de novas ideias e linhas narrativas que, de facto, não estamos de todo familiarizados. Muito menos quando aplicadas aos protagonistas.
Mas podemos dizer que o que é bom acaba depressa…
3D Kanojo: Real Girl deu um tiro no pé logo no início após elevar a fasquia e ficar-se pela metade. Comprometeu-se em criar algo de incrível e inovador no género mas acabou a meio do objetivo. A partir daí, conseguiu encontrar uma nova linha narrativa mais próxima do habitual, no entanto, em vez de termos o genre reverse/gender bender orgânico e real depositado nos protagonistas, o melhor do “reverse” termina espalhado pela narrativa.
Mas porque é que estou assim tão maravilhada com isto do gender bender?
Numa sociedade machista como o Japão, é habitual encontrarmos estereótipos confinados em todo o tipo de obras literárias e de animação. Faz parte da cultura prezar pela pureza e sensibilidade da mulher, e o inverso nos homens. Claro que o respeito e o amor quase que shakespeariano continua a prevalecer mas, de facto, os japoneses insistem em perpetuar estas ideologias nos shoujos.
Rapaz bad Boy e mulherengo, rapariga leal e estudiosa…
E se fosse ao contrário?
O Real Girl explora isso superficialmente com uma qualidade acima da média em todos os departamentos. Aqui não temos um gender bender clássico purista como Ai-Ore ou Half and Half (da mesma autora) onde as personagens chegam inclusive a se vestir como o sexo oposto (como Ouran Koukou Host Club e Princess Jellyfish). Em vez disso, temos a criação de personagens reais, orgânicas na sua essência e livres de estereótipos de género e sexualidade.
Todas as personagens possuem o seu “charme”, mesmo aquelas que são claramente personagens-tipo. Assistir ao crescimento quer dos protagonistas quer dos personagens secundários é um gozo tremendo – mesmo que algumas fiquem aquém das outras.
Infelizmente alerto para não elevarem as expectativas, tudo é desenvolvido medianamente e dão o tudo para se ficarem pela metade. Ainda assim uma obra como esta pode dar asas a uma abertura social e por parte das editoras em publicarem histórias com força e qualidade a fugirem ao estereótipo.
Para terminar, e falando do final, 3D Kanojo: Real Girl teve um “meio final” brilhante. Não que fosse surpreendente… afinal eles nunca o escondem, mas que acabamos por esquecer no meio de tudo. O que torna o pormenor tão mais brilhante!
3D Kanojo: Real Girl – Surpresa, frustração e gratidão por o ter descoberto!
Este manga shoujo foi uma descoberta que me deixou estupefacta. Quando o comecei a ler não esperava nada de especial. A premissa descrita era básica, um “mais do mesmo” contado de outra forma. Contudo, além do início fascinante, é difícil pararmos de ler! Cada capítulo é construído de forma a que a curiosidade e a vontade de ler mais seja suscitada nos últimos painéis.
Apesar de, tal como a maioria dos mangas de “Vida Escolar”, Real Girl explorar as particularidades da vida de um estudante do terceiro ciclo e da vida após este, enquanto adulto, este manga diferencia-se pelo enquadramento que estas problemáticas têm na história. Estamos a falar de jovens… diferentes, os típicos jovens postos de lado socialmente e cujas perspetivas de futuro aqui cruzam com os dramas daquele momento. Ou seja, não se trata de escolher o futuro, trata-se de enquadrar a luta por um “futuro” numa realidade atual não tão linear assim. Esta “plasticidade” torna 3D Kanojo: Real Girl num manga extremamente orgânico.
Em suma, acho que teve uma muito boa execução em conjugação com a arte extremamente bonita. Apesar de todas as falhas, 3D Kanojo: Real Girl explora e toca em tantos temas (alguns deles taboo) que já é de mérito conseguirem criar algo coerente.
Pena que poderia ter sido muito mais…
Já vos contei como descobri o manga?
Este terá uma adaptação ANIME!!! É verdade, shame on me, descobri-o quando vi a Lista de Animes da Temporada de Primavera 2018 😉
E por esta semana foi tudo! Espero ver-vos em breve para mais mangas e ficarei à espera de sugestões e comentários vossos! Até breve
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