Vídeos com uma menor qualidade, vestuários casuais, salas de treino padronizadas e os ruídos das sapatilhas pelo chão. Estes elementos estão tipicamente associados com os vídeos de dance practice de idols K-Pop, que são frequentemente lançados como bónus para os fãs, para além dos MVs oficiais mais glamorosos e publicitados.
O vídeo de treino do grupo feminino BLACKPINK para “How You Like That” tornou-se no primeiro do género a ultrapassar 500 milhões de visualizações no YouTube em janeiro de 2021 e o feito tornou evidente que os vídeos centrados na dança evoluíram para uma parte importante do fenómeno do K-Pop.
O que distingue tais vídeos de dança dos MVs ou clips de atuações em palco são os efeitos visuais notavelmente mínimos assim como os movimentos de câmaras e cortes, que permitem aos espetadores concentrarem-se apenas nos aspetos da atuação num take.
Recentemente, os clips publicados como um bónus evoluíram para vídeos de grande valor de produção em termos de qualidade visual e sonora, após várias agências de talentos terem reconhecido o seu potencial de marketing e pedido crescente entre os fãs.
Lee Gyu-Tag, professor assistente de antropologia cultural na George Mason University Korea, disse o seguinte à The Korea Times:
No K-Pop, o elemento que é significante na própria música é a dança do grupo. Quando grupos de idols têm a oportunidade de introduzir os seus novos lançamentos em programas de TV que não sejam de música, frequentemente não cantam as músicas e simplesmente são tocadas em plano de fundo enquanto demonstram os seus movimentos perfeitamente coreografados.
Porque a dança é essencial ao género, os vídeos de dance practice naturalmente tornaram-se num componente que os fãs vieram a antecipar tanto quanto o MV.
Michelle Cho, professora assistente de cultura popular na Universidade de Toronto explicou que ao apresentar a imagem de estrelas no trabalho, os vídeos de treino transformam os idols em figuras mais relacionáveis e acessíveis.
Niki Chen, um fã de K-Pop que vive em Nova Iorque, refletiu o sentimento:
Ao mostrar um lado menos polido dos idols do que é visto nos MVs é prova do quanto eles trabalham pois é possível ver a atuação inteira mais claramente e reparar em pequenos aspetos da dança. Algo sobre isso é apelativo, faz com que nos tornemos num fã ainda maior.
No vídeo de atuação de “How You Like That” das BLACKPINK, os fãs podem ver os detalhes dos movimentos e vestuários de cada membro num estúdio esteticamente agradável, embutido com luzes rosa. O vídeo de dance practice da faixa principal “Candy” do Baekhyun, membro dos EXO, vai mais além com iluminação extravagante e movimentos de câmara dinâmicos usando viragens de 180 graus e inclinações súbitas de acordo com a batida da música.
Às vezes, os artistas colaboram com outros canais de dança do YouTube. Após o lançamento do êxito “HIP” em 2019, as membros das MAMAMOO atuaram com os coreógrafos principais da conta de dança famosa do YouTube, 1MILLION Dance Studio. O vídeo foi publicado para além de um vídeo de treino comum, onde os membros dançaram em “roupas comuns”, dentro do edifício da sua agência de talentos.
A moda de lançar várias versões de ensaios de dança para a mesma música está a tornar-se cada vez mais comum. O grupo feminino TWICE demonstrou dois vídeos de coreografia para “Cry For Me” com iluminação e movimentos de câmara diferentes, enquanto que o novo quarteto feminino aespa também lançou dois vídeos separados de coreografia para “Black Mamba“, uma padrão e uma techwear.
Para “Dynamite” que subiu ao topo da Billboard, o grupo BTS lançou um vídeo dance practice adicional em que os sete rapazes atuam a versão dance break. Inclui um break instrumental com coreografia extra que não constava no MV.
A popularidade deste conteúdo levou ao nascimento do canal de YouTube chamado Studio Choom que é operado pelo canal de música Mnet, da gigante do entretenimento CJ ENM. O canal apenas conta com atuações de dança de um número de idols de K-Pop de vários ângulos, sob iluminação diferente.
O crescimento do pedido entre os fãs deste tipo de conteúdo está relacionado pelas tendências de consumo cultural proactivo da Gen Z, que são os principais consumidores de K-Pop. Estas pessoas estão habituadas a ver conteúdo cultural e a também produzirem, editarem, publicarem e discutirem as suas próprias versões.
Lee Gyu-Tag disse:
A cultura de fãs de produzir criações secundárias e derivativas da música e vídeos K-Pop começou no final dos anos 2000, ajudando o K-Pop a tornar-se mais viral como resultado disso. O conteúdo de paródia mais importante seriam as covers de dança e vídeos de reacção. Os fãs fariam publicações e reacções às versões de cada um, usando assim o YouTube como uma espécie de comunidade online de K-Pop gigante.
Lee Gyu-Tag explicou que de modo a produzir covers de dança os fãs têm de ter capacidade de aprender e seguir os movimentos. Os MVs e atuações em palco não são ideais para este propósito.
Os vídeos de dance practice, que apenas demonstram os aspectos performativos sem interrupções visuais dinâmicas, fornecem uma base material sólida para os entusiastas de coreografias.
Foi acrescentado o seguinte pelo professor Lee Gyu-Tag:
Aprender coreografias de K-Pop fortalece o sentimento de conexão dos fãs, com os seus idols de K-Pop, assim como com a comunidade de fãs.
Chen recontou uma história de uma amiga num grupo de cover de danças que aprende os movimentos como uma maneira de se aproximar das suas estrelas favoritas, à medida que se fica mais conhecedora dos detalhes das suas atuações e até chega a entrar em concursos online que podem ser vistos pelo grupo.
Também quer dizer que consegues ter um conjunto de pessoas que estão realmente interessadas no mesmo grupo e idols que tu. É uma ligação automática que podes construir.
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Fonte: TheKoreaTimes