Título: Tokyo Ravens
Adaptação: Light Novel
Estúdio: 8bit
Temporada: Outono 2013
Demografia | Género: Comédia, Romance, Magia, Sobrenatural, Vida Escolar
Tokyo Ravens – Análise
A temporada de inverno esteve repleta de estreias, Tokyo Ravens foi uma delas. De apenas 24 episódios, trata-se de uma adaptação de um recente manga escrito por Kohei Azano e ilustrado por Sumihei. Produzida pela Funimation, uma produtora americana de sucesso, conseguiu chamar a atenção pelo seu design criativo e inovador bem como pelas personagens irreverentes.
A História
Harutora Tsuchimikado pertence a uma das mais famosas e influentes famílias Onmyouji. Onmyouji são pessoas que detêm o poder da adivinhação e magia. Conseguem ver o outro lado do mundo, a magia e a força que o rodeiam. Membro da família secundária, nasceu com a responsabilidade de proteger o herdeiro da família principal, no entanto, por razões ainda desconhecidas, é incapaz de produzir qualquer tipo de magia nem ver o “outro mundo”. O dia-à-dia pacato com o seu melhor amigo Toji e a tempestiva Hokuto sofre uma reviravolta após o aparecimento da sua amiga de infância: Natsume Tsuchimikado.
Ambiente e Enredo
A qualidade gráfica e inovação de design elegeram esta produção como das mais esperadas e consequentemente mais criticadas. A união do desenho tradicional japonês com o registo CGI (Imagens geradas por computador), tipicamente usada em produções 3D, despoletou a polémica e desconfiança na qualidade e organização do projecto. Estranho no início, demonstrou-se bastante positivo. O impacto foi sem dúvida grande e a limitação deste método inovador de imagem aos Shikigamis (familiares produzidos pelo homem) conseguiu tornar o anime dinâmico e melhorar substancialmente a qualidade técnica e visual das batalhas.
O enredo extremamente complexo perde pela falta de justificação de grande partes das cenas e acontecimentos narrativos. No entanto, a dúvida sobre a própria essência das personagens, o seu papel e objetivos na história é, sem dúvida, algo de louvar. A inconstância e desenvolvimento personagens evita o desenvolvimento linear e expetável da premissa. Nenhuma personagem tem uma linha estabelecida, surpresa e choque é uma constante em toda a produção.
No entanto, o que parecia ser um dos melhores animes da temporada demonstrou ser um fracasso após os primeiros três episódios. A premissa é boa, sempre muito bem recebida pela comunidade amante da arte, com feiticeiros modernos, grandes batalhas, monstros de elevada qualidade técnica e poderes, o típico grupo de amigos com capacidades acima da média e um pouco de Harém e Ecchi na medida certa. A imensa lista de elementos cativantes não chegou para prender o espetador ao ecrã.
É de louvar a entrada em grande da série, com um mistério e assombro magnífico proporcionado em apenas três capítulos. Contudo, a subida foi tão vertiginosa quanto a queda. Os episódios que se seguiram não poderiam ter sido mais pobres, banais, incoerentes e confusos. Com uma ou outra batalha de relevo, nenhuma construção ou trama mais elaborada foi realizada. Tudo demasiado linear, à volta da Agência Onmyo e os seus objetivos, com sociedades secretas a surgir do nada e que em vez de intensificarem a trama apenas a tornam mais confusa e desconeta.
Em suma, esta série é composta por dois picos de excelência: os três primeiros episódios e os últimos quatro/cinco. A carga emocional, suspense e mistério atingem níveis dignos das maiores produções de anime, com direito a tudo o que poderia cativar o espetador, sem esquecer, ainda dos gráficos, jogo de cores e banda sonora encaixadas na perfeição.
As Personagens
Harutora Tsuchimikado: filho da segunda família do clã Tsuchimikado é um rapaz normal que tenta viver a sua vida como qualquer adolescente, longe do estrelato provido pela condição familiar. Apesar de completamente desprovido de magia é oficialmente familiar da sua prima e amiga de infância Natsume, a qual prometeu cuidar e proteger pelo resto da vida.
Despreocupado e calmo, dispensa qualquer tipo de responsabilidades. Quando Natsume surge a cobrar a promessa entra em pânico, contudo, certos acontecimentos levam-no a aceitar a sua condição.
Preza a amizade a cima de tudo e defende os seus com unhas e dentes. A relação com Toji é um desses exemplos. Com extrema facilidade em criar elos de ligação com as pessoas e perdoá-las acaba por juntar um grupo bem peculiar e problemático na escola Onmyou.
Natsume Tsuchimikado: herdeira da família principal e do poder do clã Tsuchimikado é a reencarnação do poderoso Yakou Tsuchimikado. Prodígio onmyouji, Natsume foi treinada desde pequena, foi enviada para estudar intensivamente em aulas particulares, longe de tudo e de todos, sendo afastada da família e do seu adorado primo. Mais tarde é enviada para a escola Onmyou, em Tóquio.
Constantemente perseguida pelos apoiantes do seu ancestral, nunca lhe foi permitido ter amigos ou contatar com as outras pessoas. Durante grande parte da sua vida teve que fingir ser um rapaz por motivos de família. É carente, tímida, amável, forte, destímida e sensível. Como tsundere que é defende o seu papel com distinção.
Tōji Ato: antigo delinquente é o melhor amigo de Harutora. Aparentemente um jovem normal esconde um grande segredo: a origem dos seus poderes. Com excelentes capacidades e conhecimentos onmyodo tem uma forte sensibilidade ao poder espiritual conseguindo distinguir com facilidade auras e quantidades de poder emanadas pelos feiticeiros. É o verdadeiro génio do grupo, com uma excelente capacidade de análise e minuciosas observações, todo e qualquer plano ou ação é determinado pelo mesmo. Calmo, divertido, perspicaz e irónico é sem dúvida uma personagem de relevo entre os protagonistas.
Suzuka Dairenji um dos 12 Generais Divinos, é chamada de “Prodígio” pelo seu título em tão tenra idade. A sua sanidade mental é francamente questionada no início da série, a sua mudança de personalidade e desejos incontroláveis de reviver o irmão fazem-na realizar rituais e batalhas com consequências terríveis. Vive no arrependimento das suas escolhas no passado. Obstinada, manipuladora e calculista consegue ter um lado doce e extremamente carente. Pregoa não gostar de Harutora e da sua companhia, contudo acaba por se juntar ao grupo e os ajudar nas suas missões.
Kyoko Kurahashi, neta da directora do Escola Preparatória Onmyo, é a sucessora de uma das mais importantes famílias: clã Kurahashi. É das melhores alunas e detentora de dois guardiãs Shikigami – Hakuou e Kokfuu. Inflexível, convencida e pouco tolerante, o seu papel na história inicia-se de forma pouco coerente e esclarecida. Numa primeira instância encara Harutora como um rival no seu amor por Natsume, considerando-o não merecedor de frequentar um colégio de prestígio.
Divaga muito em relação ao seu passado com a família Tsuchimikado e de uma suposta promessa que Natsume lhe fez enquanto crianças. Os seus poderes são ainda pouco conehcidos, mas presume-se que seja uma feiticeira com a capacidade de ascender ao mundo estelar.
Tenma Momoe, calmo e extremamente tímido é o terceiro rapaz do grupo. Deixado muitas vezes para segundo plano quer pelas suas notas, poderes ou personalidade, é, na realidade, muito influente no mundo Onmyodo. A sua família é das mais poderosas : a Witchcraft Corporation, responsável pelo fabrico de todos os objetos mágicos. O seu conhecimento sobre eventos passados e a atualidade no mundo Onmyo, tornam-no numa personagem fulcral para resolução dos sucessivos conflitos e perseguições à família Tsuchimikado. O facto de passar sempre despercebido pelas pessoas concede ao mesmo regalias e poderes fabulosos.
Tokyo Ravens – Juízo Final
O enredo aparentemente simples, com bases comuns às produções do género, mantém-se linear até mais ou menos a meio dos 24 episódios. O choque provocado pelas inúmeras revelações não foi suficiente para suprimir a pobreza da eloquência da narrativa. A percepção que todos os grandes feitos e momentos são colocados por obra do acaso e sem seguimento permanece. Qual a necessidade de todas as linhas de ataque? Qual o propósito de todos os vilões, possíveis vilões, personagens aleatórias? O inevitável acontece, o espetador perde-se no emaranhado de teias com um único ponto comum: “o grande desastre Omnyo”.
A questão que imediatamente nos surge reside no merecer ser ou não vista. É francamente discutível, as expetativas nunca podem ser elevadas para quem pretende seguir a série, no entanto, apesar de todas as falhas na narrativa, na falta ou excesso de elementos interessantes e de relevo, continua a ser uma obra de excelência em termos de qualidade técnica e de inovação em termos de design. Acrescento ainda que os elementos positivos são sim fantásticos, arrepiantes e de uma originalidade soberba. Acredito que esses momentos, aliados às qualidades gráficas, sejam algo agradáveis de serem vistos, todavia sem grandes expetativas no desenvolvimento da premissa.
Tokyo Ravens – Trailer
Análises
Tokyo Ravens
Uma história que nos faz sentir um misto de sentimentos, ora adoramos, ora ficamos frustrados pelo desenvolvimento narrativo.
Os Pros
- História original e cativante;
- Personagens.
Os Contras
- Execução da narrativa;
- Ritmo da história confuso.