É caso para dizer: acabou no fim. Estou contente e triste ao mesmo tempo pelo final do anime. Triste porque terminou uma das obras que realmente gostei da narrativa (da primeira temporada, claro) e fica sempre aquele sentimento pós-série de vazio (que eu odeio e por isso tenho de começar logo a ver outra coisa) e contente pois não irei ver nem analisar mais esta desgraça de temporada.
Ah, “não nos iremos ver mais” também, por isso espero que tenham gostado de seguir a minha jornada durante estas semanas e que me acompanhem numa próxima análise que faça.
Vamos lá à última opinião de The Promised Neverland!
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Yakusoku no Neverland 2ª Temporada Episódio 11 – Opinião
Errei no desfecho do Peter Ratri
Achei que o anime já estava fadado a não ter nenhuma morte relevante e que o Peter Ratri iria acompanhar as crianças em direcção ao jardim alado e, afinal, tinha outros planos. Não é que o suicídio de um vilão seja totalmente novidade para quem já viu muita coisa, mas sempre é melhor que nada. Tirando a morte dele e daqueles dois demónios irmãos que não interessavam a ninguém, apenas a pobre da Conny teve esse desfecho. Ficou a faltar aqui uma sensação mais emergente de perigo com as crianças, tal como existia na primeira temporada. O espectador não sente que algo de mau lhes possa acontecer e isso diminui bastante o impacto que as situações poderiam ter.
O Peter, por não acreditar que poderia existir um mundo diferente daquele que conheceu, e idealizava de certa forma, preferiu tirar a sua vida e, nas palavras dele, morrer como um Ratri, como alguém que sempre fez tudo para respeitar a promessa original entre demónios e humanos. Também digamos que é fácil ser a favor de um mundo assim quando não é ele que tem a cabeça em jogo. Todos somos a favor quando não é o nosso couro que está na linha, não é?
Ainda assim, e mesmo que tenha sido pobremente explicado, foi interessante ver a dicotomia entre os dois irmãos, mesmo com o mais novo a ver o mais velho como um modelo a seguir desde sempre, sinal que o Peter sempre teve os seus valores bem vincados e não era influenciável pelo que o rodeava. Aliás, vemos bem a sua “força de vontade” e o acreditar na própria ideologia quando prefere morrer a ser livre no mundo dos humanos.
Por outro lado, e mesmo que não tenha admitido, o Peter também preferiu morrer a viver outra realidade já que teria de reconhecer que ter morto o seu irmão foi em vão e a sua vida não teria tido nenhum sentido.
Se calhar estou a retirar mais significado disto do que realmente teve, mas pronto, é o último episódio uma pessoa tenta fazer um esforço extra.
O passado do Minerva
Foi preciso chegar ao último episódio para ficarmos a saber mais um pouco sobre o Minerva, uma personagem extremamente importante e que permitiu concretizar os desejos da Emma. Se entendi bem, o clã Ratri foi o responsável pela promessa há 1000 anos entre humanos e demónios e foi a família do Minerva que ficou encarregue de deixar tudo a girar. Interessante saber que mesmo entre os “aliados” não existiu honestidade e foi essa descoberta que fez com que o James iniciasse os primeiros passos para as crianças terem fugido da quinta.
O caso do Minerva não é, ainda assim, tão linear. Apesar de parecer uma boa pessoa, o que o fez mover em sentido contrário aos seus foram motivos egoístas. Ora vejamos, ele soube desde sempre como tudo funcionava, até porque trabalhava num sítio cheio de potes com humanos lá dentro (como podem ver numa das imagens acima) e era o ou um dos responsáveis pela administração das quintas do lado dos humanos… e estava ok com isso. Só quando descobriu que as crianças das quintas eram filhos daqueles que foram responsáveis pela promessa é que lhe interessou terminar tal barbaridade. Esta parte não foi muito bem explicada, então espero não estar a dizer nenhuma asneira, no entanto presumo que a imagem abaixo seja uma demonstração disso.
Acho que o Peter Ratri e o Minerva mostram muito bem a nossa realidade. Ambos movem-se puramente por razões próprias, querendo ajudar apenas quem vai de encontro àquilo que concordam. O Minerva não se importava de indirectamente matar criancinhas, desde que estas não fossem filhos dos seus companheiros, e o Peter não se importou de matar o seu irmão que tanto estimava só porque estava no seu caminho. O mundo humano é guiado por egoísmo, mesmo quando estamos a ajudar os outros só o fazemos por um afago do ego, descarga de consciência ou aprovação social.
Ah e afinal o Vylk não comeu o Minerva mas sim um amiguinho dele
A nova vida da Isabella
O “uso” da Isabella foi uma excelente táctica por parte deles para conseguirem aquilo que queriam. Se a intenção destes era mudar a sociedade dos demónios e consequentemente a dos humanos, precisariam de alguém do lado de lá a cuidar das crianças, até porque seria bastante mais complicado fazer o que quer que fosse com, no mínimo, 160 miúdos atrás. Perdoarem a Mãe (Avó eu sei, mas para mim será sempre a Mama Isabella) e confiarem no amor que ela tinha pelas crianças foi uma forma de meter a roda a girar na direcção que precisavam e também de trazer um final feliz a todos que gostam de ver contos de fadas.
Tratando-se de crianças consigo entender porque a perdoariam tão rapidamente, é realmente mais fácil para os pequenos não terem remorsos dela do que se fossem adultos já cheios de traumas. No final, ela fez parte de um sistema do qual não tinha culpa, mas seria muito complicado para mim perdoá-la do nada.
Se eu gostava que este fosse o desfecho da Isabella? Claro que não. Seria bem mais interessante ela e as Irmãs presentes serem sacrificadas para que as crianças pudessem atravessar para o outro lado, como uma moeda de troca. Acabar tudo bem é simplesmente meh e expectável, embora a maioria das pessoas não lide bem com finais diferentes disso.
The Promised Powerpoint e a falta de respeito com a música da Isabella
Agora entramos na “melhor” parte deste episódio e que fez toda a gente querer fazer o mesmo que o Peter Ratri. Mas antes de falar do tão ousado slideshow que nos deram, preciso de escrever sobre a falta de respeito que foi utilizarem a balada da história da Isabella para terminar o anime.
Não consigo ouvir esta música sem me arrepiar e ficar extremamente emocional. Se bem se lembram, ela foi incorporada na história de amor e amizade entre a Isabella e o Leslie, que acabou por ser comido pelos demónios. A melodia foi a única coisa que a Isabella “teve direito” para manter viva a memória do Leslie, a qual foi passada para o seu filho. Ela também foi um escape que a ajudou a continuar a viver naquele mundo, sem tirar a sua vida. É realmente algo com uma carga muito pesada e pegar numa música assim e usá-la intencionalmente para fechar o anime e fazer o espectador a sentir-se com a lágrima no cantinho do olho foi um truque muito podre por parte da realização. Para piorar, ainda foi utilizada para dar vida a esta porcaria de final que pareceu mais um powerpoint do meu tempo de escola.
Mas se eles acharam sensato fazer o último episódio assim, então vamos lá analisar o que nos deram, imagem por imagem -porque sim, nem se deram ao trabalho de animar NADA!
Ora bem, então o portão está ligado a “Nova Iorque” pelos vistos. Até foi interessante que o mundo dos humanos não fosse no Japão. Não deu para perceber bem onde seriam as quintas, mas tendo em atenção ao quanto andaram deveriam ser nos EUA também, a não ser que aquilo teletransporte as pessoas.
A seguir temos a parte da Isabella a falar com alguém que os está amigavelmente a receber. Quem são estas pessoas? São amigos do Minerva ou do clã Ratri? Como é que sabiam que eles estavam a chegar sequer?
Se bem me lembro pessoas com os números inscritos no pescoço, como elas, não eram bem-vindas também do lado dos humanos, então a sua integração na sociedade não seria assim tão fácil. Mais à frente vemos uma imagem da Gilda e ela ainda tem os números então tentar retirá-los não foi uma opção. Podemos depreender que são aceites assim pelo trabalho que a Emma e os outros no mundo dos demónios? É que eles depois foram para a escola, fizeram amigos e fizeram uma vida normal. Para tal acontecer a sociedade dos humanos teria de ver estas pessoas das quintas de uma outra forma.
Foi muito giro ver os miúdos em roupas normais.
Todos vivemos para ver a Isabella assim.
Mais uma imagem no mundo dos humanos para mostrar como se integraram bem.
Se eles soubessem que tinham de ir para a escola tinham escolhido ir para o prato.
Celebrar o aniversário para mostrar a passagem do tempo. Mas quem é? Aquela loira de cabelo comprido?
Esta imagem fez os fãs aumentarem a pontuação da temporada. Confessem!
Uma imagem para mostrar que eles estão a conseguir enviar as crianças das quintas de produção em massa e que precisavam de ajuda médica para se desenvolverem. Mas… o Vincent é médico desde quando? Ou ele tirou um curso de Medicina em 6 meses por ser tão inteligente? Médico, hacker, ele é tudo.
Ok, pessoas random a construir família. Mas quem são? Alguma das Irmãs?
A Gilda crescida, que fofa. Deve ter comido muitas peles de bacalhau para ter-se desenvolvido assim e a Emma estar na mesma.
Lá vão eles salvar o mundo, tudo o que humanos adultos com mais conhecimento não conseguiram, mas 3 crianças conseguem. Ah e mesmo aqui se vê a hierarquia. Pobres vão a pé e os outros que são mais fortes e tal é que vão descansadinhos no cavalo.
Uma árvore gigante porque sim.
Ei, estás-te a agarrar ao Norman porquê? Abusada. Mas bem, são eles a salvar pessoas de outras quintas? Mas estão com roupas diferentes, parece mais que viviam numa aldeia de humanos no mundo dos demónios. Vamos saber a resposta? Ah ah
Eles todos fofos juntos e a beber uns canecos.
Um dragão gigante que não vamos dizer o que é porque f***-seeeeee. Queres saber o que podias ter visto mas não vais ver? Então toma! Pumba, um dragão gigante.
Já agora este dragão e o mini ali em frente são os mesmos com quem o Ratri inicial foi ter para fazer a promessa, então presumo que seja alguma entidade super-poderosa e que manda em tudo. Se a Emma está ali é porque foi lá fazer outra promessa.
O Sonju e a Mujika a falar com um velho qualquer. Ainda não entendi como o Sonju só queria ajudar as crianças a fugir e a sobreviver para depois comer os seus filhos selvagens e do nada decidiu que afinal já não queria comer mais humanos e pronto. Isto é obviamente uma opção, mas e desenvolvimento da personagem nesse sentido? 0.
Uma cidade qualquer que não nos diz nada.
Uma guerra inteira que existiu e nós não vimos nada.
E a Mujika virou rainha dos demónios como já se expectava.
Uma imagem de amor entre as duas. Ah não, é apenas para mostrar o mundo dos humanos e dos demónios em paz.
Terminou o powerpoint, espero que tenham gostado!
Passamos depois logo para o final da história: a Emma e restantes conseguiram mudar a sociedade e uma promessa com mais de 1000 anos e nós ficamos a saber isso através de uma colagem.
Bem, valeu ver os miúdos crescidos, menos os principais que parecem iguais (não devem ter comido peles de bacalhau como a Gilda). Nem sei o que dizer da escolha do final, acabou tudo bem, ninguém teve problemas nenhuns, salvaram o mundo todo e nós nem sequer tivemos direito de ver nada. Ou seja, uma valente seca.
Se eles queriam promover o manga com o anime, conseguiram! Irei lê-lo a seguir para poder lavar os olhos deste belo desastre.
Dá bem para perceber que a segunda temporada foi feita porque tinha de ser. A meio pareceu que os animadores desistiram e mandaram tudo ao ar. Aliás, o/a autor/autora que teve presente na escrita do guião pelos vistos abandonou o mesmo no episódio 10, muito provavelmente devido às críticas todas que o anime estava a levar. Já se sabia que iria ser criticado por seguir um rumo original, mesmo que a narrativa fosse superior ao manga, no entanto não dá para defender isso porque não foi, nem de perto, o caso. A segunda temporada tem uma descida de qualidade enorme em comparação à primeira, seja na história, na animação e suas técnicas, no pace dos episódios… O que se salva é a OST que infelizmente ficará para sempre ligada a isto.
No final do artigo deixarei a minha pontuação à segunda temporada num quadro. De 0 a 10, quanto dão à 2ª temporada de Yakusoku no Neverland?
(Últimos) Pensamentos Finais:
- Afinal a Emma é um titan e nós não sabíamos?
- Um suicídio com sangue por todo o lado e mesmo assim a faca sai limpa. Uma para levar sff.
- Haviam percebido que o Vylk era assim tão grande quando apareceu as primeiras vezes no templo?
- A cara do Norman por a Emma o ter rejeitado e ficado com a Mujika. Engraçado que nem mostraram eles a tomarem o remédio que precisavam para viver.
- Olhem, encontrei a mãe da Emma.
- Nunca pensei querer ver o Phil crescido. A terminar a 2ª temporada a falar bem dele, uau.
- The Promised Neverland resumido numa imagem
Análises
The Promised Neverland 2ª Temporada
Uma temporada que deturpou tudo aquilo que recebemos com a primeira. Declínio de qualidade em termos narrativos e de animação. Não vale a pena ver.
Os Pros
- OST
- Animação em algumas partes
- Cumpriu o seu papel e criou vontade de ler o manga
Os Contras
- História
- Animação - tivemos muitos maus frames e nenhum uso de técnicas para elevar o momento
- Ritmo dos episódios