Numa tentativa de equilibrar as análises a séries neste espaço, o ptAnime tem intercalado obras relativamente recentes com algumas mais antigas. Desta vez, o meu olhar passou por “Coppelion”, obra transmitida durante o outono de 2013, que a partir de agora vai ser analisada em pormenor neste artigo. Vamos a isso!
A História
No ano 2016, o derretimento de uma central nuclear em Tóquio origina uma grande catástrofe. Vinte anos mais tarde, a cidade torna-se num lugar fantasma devido aos elevados níveis de radiação, ainda que de vez em quando sejam emitidos a partir de lá sinais de vida.
Com vista a esclarecer todas as dúvidas sobre a existência de vida naquele lugar, as Self Defense Forces enviam para lá unidade especial, de nome Coppelion, para inspecionarem o local. Constituída por três raparigas pré-adultas, que nem sequer usam proteção contra a elevada radiação que lá se faz sentir, esta equipa demonstra desde logo possuir algumas particularidades que não estão ao alcance de qualquer unidade.
Mas será este ponto de partida preventivo o suficiente para resolverem os mistérios que envolvem a cidade fantasma?
Ambiente e Enredo
Ainda que a premissa inicial da história nos possa colocar algumas reticências sobre a qualidade do enredo, uma vez que é no mínimo estranho ver três raparigas com uniforme de estudante (!?) entrarem numa cidade em degradação e praticamente deserta, “Coppelion” facilmente convence o espectador a ver pelo menos os primeiros episódios graças à sua excelente qualidade gráfica. Os efeitos estão muito bem desenvolvidos e a qualidade do desenho é excelente (mas pouco usual), pelo que este é o ponto mais positivo de toda a obra.
Relativamente ao enredo, classificá-lo de “irregular” talvez seja o termo mais adequado. O dito cujo apresenta algumas aventuras interessantes, nas quais há ação, drama e mistério sobre o que se vai passando na cidade fantasma. O problema são os episódios em que pouco ou nada se passa. Onde pura e simplesmente é relatado um problema com desfecho bastante previsível e em que não há qualquer tipo de desenvolvimento nas investigações relacionadas com a abandonada cidade de Tóquio. Infelizmente isto tira grande valor à série.
De notar também a concepção das “Coppelion”. O trio feminino desta equipa não usa qualquer tipo de proteção contra a radiação, porque na verdade não são Seres Humanos, mas sim projetos de laboratório que foram desenvolvidos para aquela missão específica em Tóquio. Todavia, todas elas pensam, atuam e reagem como se fossem humanas. Compará-las com robôs é um erro. As “Coppelion” são capazes de fazer juízos de valor, algo interessante a partir do momento em que começam a ser questionadas do porquê de protegerem os humanos em vez de os tentarem controlar, quando o mais certo é serem eliminadas por eles depois de resolvida a questão na capital japonesa. Um tema que traz uma carga elevada de emoções à série e que torna a obra mais atrativa em termos de diálogo entre as personagens.
Na música, mais que as baladas de fundo, quero aqui destacar o opening e o ending, ambos protagonizados pela cantora Angela, que realmente são muito bons de se ouvir. Normalmente em séries pequenas apenas desfruto das aberturas e encerramentos uma ou duas vezes, mas “Coppelion” é um daqueles casos em que os vi e ouvi quase nos episódios todos. Dá gosto!
As Personagens
Este tópico vai servir para vos dar a conhecer melhor o trio que inicialmente dá vida ao nome “Coppelion” e que é protagonista durante grande parte do tempo de transmissão deste anime.
Ibara Naruse é a grande líder deste grupo, algo que se confirma pela sua personalidade e pelo modo como reage às adversidades. Normalmente é ela quem toma as decisões da equipa, como também assume os riscos das aventuras perigosas em que o trio se vê envolvido. De longe, é a mais dotada para o combate das três, quer estejam armas envolvidas ou artes marciais.
Aoi Fukasaku é a mais medricas da equipa. Para além de nunca estar confortável durante as batalhas em que a equipa se envolve, a rapariga tem claramente uma visão pessimista de si e dos acontecimentos. Para Aoi, ela mesma não passa de alguém que só causa problemas à sua equipa e que só dá trabalho extra a toda a gente. Felizmente para todos, isto não é inteiramente verdade, como se confirma com o decorrer da história.
Taeko Nomura é das três a menos explorada nesta produção ao nível da sua personalidade. No entanto, dá para perceber já perto do fim que quando se decide a fazer alguma coisa, Taeko consegue, mostrando assim grande determinação. Ainda que de forma ténue, fica a ideia de ser também uma personagem bastante querida.
Juízo Final
A meu ver, “Coppelion” é um anime que, apesar de falhar em algumas situações relevantes, merece uma oportunidade da parte do espectador. Para uma série com 13 episódios, a existência de três ou quatro completamente desnecessários e sem qualidade tem um impacto significativo na obra. E esperava-se uma maior importância por parte de algumas personagens, o que nunca chega a acontecer, como é o caso de Taeko, o que também desvaloriza um pouco a produção.
Contudo, dá para apreciar algumas batalhas entre as Coppelion e outras personagens que surgem em Tóquio, e algumas situações mais sentimentais conseguem mexer connosco. Em relação às cenas de fundo, estão perfeitamente adequadas à situação do que se vive no principal local da série, isto é, a cidade fantasma.
Baseada na manga com o mesmo nome e que ainda se encontra em serialização, “Coppelion” pode regressar em breve ao mundo do Anime. Resta saber se os pontos fracos desta estreia vão ser corrigidos, pois tal é possível, para a obra original de Tomonori Inoue ser um pouco mais valorizada e para que os fãs possam passar um bom bocado a desfrutar das aventuras de Naruse e companhia. Segue-se o trailer.
Coppelion – Trailer
Análises
Coppelion
Uma série com bons resultados nas componentes mais técnicas da produção, mas cuja história fica aquém dos patamares de qualidade mais elevados.
Os Pros
- Arte visual.
- Opening e Ending.
Os Contras
- Alguns episódios não acrescentam nada à produção.
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