O ano de 2006 foi rico em grandes obras, Ouran Koukou Host Club ou Ouran High School Host Club, foi um dos shoujos mais bem recebidos pela audiência, tornando-se num dos romances mais emblemáticos e procurados.
Produzido pelos grandes estúdios Bones, as expetativas são irremediavelmente elevadas para os fãs incondicionais, quer do género em causa, quer da qualidade visual provida pelos estúdios em questão.
Ouran Koukou Host Club | A História
Fujioka Haruhi acaba de concretizar um dos seus objetivos: ser aceite na prestigiada escola privada, Colégio Ouran. O sonho de fazer os três anos de ensino secundário de forma calma e pacata é, no entanto, destruído ao entrar na sala de música número 3. A deslumbrante sala servia de abrigo a um clube muito particular e que acabaria por mudar irremediavelmente, a vida da nossa protagonista: o Clube de Acompanhantes.
Obrigada a trabalhar para pagar uma dívida milionária ao clube, Haruhi é introduzida num mundo cheio de brilho e excentricidade, um mundo no qual não tem qualquer interesse em pertencer. Conseguirá a sua paciência resistir a todo o exagero e loucura dos maravilhosos acompanhantes do clube?
Uma Obra que nos conquista
Embrenhados pela celebre música Sakura Kiss que compõe o opening da franquia, iniciamos o nosso serão de uma das mais emblemáticas, divertidas e marcantes obras de shoujo da última década.
Poucos são os reportórios de anime preenchidos por obras do género, onde não consta o nome Ouran Koukou Host Club. Com um traço simples e singelo, repleto de frames interativos e inner’s que nos fazem rir às gargalhadas, somos conquistados pela simplicidade e simultaneamente envolvência da obra.
O enredo é muito simples: 6 jovens formam um clube escolar de “host”, ou seja, um clube onde alegadamente as jovens podem “alugar” tempo e atenção aos seus ídolos, os mais populares e concorridos estudantes do Colégio Ouran.
Haruhi, uma estudante de honra, a única da espécie a estudar no grande colégio particular Ouran, acidentalmente derruba um vaso na sala de música número 3, o que despoleta uma série de acontecimentos que culminam na sua entrada para o Clube.
Os Melhores Acompanhantes de Sempre!
A estrutura narrativa retratada nos primeiros momentos da obra é aparentemente linear, seguindo a linha de trabalhos do clube em questão: recepção das donzelas, a interação entre as “acompanhadas” e “acompanhantes”. Contudo, por entre pequenos dramas e uma ou outra personagem mais significativa que surge a cada novo episódio, tal condição é desde logo desmitificada. O que seria um simples clube onde jovens pagam para serem cortejadas, torna-se num abrigo, numa verdadeira escola de vida, onde os professores são quem menos se espera.
Várias são as situações que o clube enfrenta e resolve, nos primeiros episódios. Podemos dizer que se trata de um verdadeiro aquecimento, mascarado de introdução, quer à atividade do clube, quer aos carismáticos protagonistas.
Como bons “host” que são, todos eles assumem um papel ligado a um estereotipo idolatrado pela população feminina. Uma ligeira crítica enfatizada por todo o brilho e glamour das cenas, sem perder toda a perspicácia e sarcasmo, sobretudo sobre o olhar da pobre Haruhi.
A segunda parte da história atinge-nos como um tsunami de surpresas. Igualmente mascarada por situações caricatas, sempre com o apoio de uma animação repleta de sinais, luzes e frames ilustrativos, a narrativa principal adquire, por vezes, a forma de história contada em segundo plano.
Uma animação repleta de glamour
O ambiente luxuoso e brilhante retrata com clareza a narrativa em questão. Tratando-se de uma obra sobre a classe elitista, todo o requinte é explorado nas mais diversas formas. Desde a constituição da escola: todos os salões, ordenamentos e candeeiros, tudo divinamente desenhado, passando pelas pequenas referencias a louça, chá, obras de arte e mesmo música clássica. Um enquadramento perfeito para uma história repleta de exageros e extravagancias, bem caraterísticas da classe em questão.
Haruhi serve como elo de ligação entre os dois mundos, apresentando, por outro lado, o mundo mais simples e pacato, onde o design e caraterização de qualidade não foram menosprezados.
A animação apresenta-se fluída, contudo fortemente influenciada por todos os elementos representativos que intensificam e/ou ajudam a passar a informação ao espetador. As mudanças de design entre estilo shoujo e mais “moe”, são uma constante, o mesmo se pode dizer dos frames ilustrativos. Tais elementos surgem em exagero, um exagero francamente propositado, com o objetivo de conquistar um determinado nicho face ao seu brilho, beleza ou mesmo doçura presentes neles.
O ponto mais negativo da obra é igualmente um dos pontos fortes, servindo de pináculo figurativo e elemento de apego visual fulcral entre espetador – obra. Em suma, o design e elementos decorativos cénicos caprichados, obrigam o espetador a assistir à obra do ponto de vista dos próprios personagens, quer das meninas que frequentam o “Host Club”, quer do ponto de vista dos protagonistas. As cenas polidas são assim uma raridade, e as expressões adulteradas por figuras mais moe, ou inner’s mais cómicos, assumem o papel principal.
Banda sonora que marca gerações
Muitos de vós conhecem a banda sonora da obra, sem sequer terem conhecimento de que esta lhe pertence. A música usada no opening é um desses exemplos. Original da obra, marca pelo som forte e ritmado, contudo quando transmitida em piano, para a abertura de cada episódio, relaxa o que outrora estava em êxtase . As orquestras são uma presença incessante em toda a obra. Com uma narrativa rica e altamente expressiva, não podia faltar os sons clássicos representativos, e muitos originais em piano, ou não seria esse o instrumento predileto do príncipe da Ouran.
Uma obra a constar no reportório!
Francamente expressiva, divertida e leve, conquista-nos pela simplicidade com que nos é apresentada. O feeling positivo e relaxado, embarca-nos numa viagem onde o divertimento e a extravagancia são mesclados com uma primazia que só grandes estúdios são capazes de transmitir. É sem dúvida um romance para nos deixar bem dispostos! Apesar da maior intensidade narrativa presente no segundo cour da obra, esta continua num limiar saudável para os corações mais frágeis. Sendo que, não sugiro a obra aos ávidos por grandes dramas ou intensidades narrativas exacerbadas.
O romance apesar de ser o foco da obra é simultâneamente passado para segundo plano, quer pela ignorância ou infantilidade dos intervenientes, quer pelas cenas mais cómicas, que acabam por surgir em primeiro plano. Assim sendo, aconselho a todos, sendo, sem dúvida alguma, um “must see” da animação japonesa, em especial, sugiro aos mais românticos ansiosos por algo leve mas sem perder a qualidade e conteúdo narrativo.
Análises
Ouran Koukou Host Club
Uma obra a não perder, onde a construção narrativa e os jogos visuais e auditivos caminham lado a lado produzindo algo sublime e intemporal.
Os Pros
- Enredo;
- Comédia;
- Banda Sonora (aquele opening!);
- Personagens.
Os Contras
- Não ter um final conclusivo.