Baseado num jogo RPG lançado para a Nintendo DS em 2008, o anime “Sands of Destruction” tinha, aparentemente, como grande objectivo conquistar mais adeptos para esta obra, trabalhando assim em duas vertentes diferentes do mercado. Mas será que este projeto animado conseguiu realmente justificar a sua existência? Ou terá deixado algo a desejar? Vamos ver!
A História
Num mundo habitado por humanos e pelos “homens-besta” (criaturas com forma animal e inteligência humana), os humanos procuram refugiar-se nos raros locais em que estas duas espécies habitam em paz, ou então disfarçarem-se de “homens-besta” para sobreviverem, nas restantes regiões, ao poder destas criaturas que dominam o planeta.
Todavia, enquanto uns aceitam esta ideia de supremacia por parte dos “homens-besta”, outros tentam fazer algo para mudar o rumo dos acontecimentos. É o caso de Morte Asherah, humana que perdeu o irmão mais novo muito cedo e que agora, tendo em sua posse o “Código da Destruição”, planeia fazer reset ao Universo, isto é, reduzir tudo e todos a pó, para dar origem a um novo mundo. Para isso conta com a ajuda de Toppy Topran e Kyrie Illunis, personagens com quem se cruza durante a sua jornada.
Todos juntos, estes três acabam por ser apelidados de Comité Mundial da Destruição, o que por seu lado vai dar origem ao Comité Mundial da Salvação, equipa responsável por perseguir Morte e companhia, de forma a evitar que as premissas que governam o mundo atual sejam alteradas.
Ambiente e Enredo
Como Seres Humanos que somos, estamos, por via do que o nosso consciente e subconsciente nos diz, habituados a ser a espécie que controla e reina o nosso planeta. Por esta mesma caraterística da história, normalmente as obras tornam-se desde logo interessantes. O caso mais explícito e mais recente de todos é a famosa “Shingeki no Kiyojin”, onde aliás referi isto mesmo.
Todavia, infelizmente para nós, a produção não conseguiu dar continuidade a esta premissa pré-estabelecida de sucesso. Após estarmos situados no plano de ação e de ligação entre as personagens, algo que acontece nos primeiros dois episódios, só na recta final da série é que os desenvolvimentos em torno do “Código da Destruição” ocorrem. Durante os restantes capítulos, deparamo-nos com outras aventuras que pouco ou nada estão relacionadas umas com as outras. Aqui nem tudo é mau, uma vez que parte dessas aventuras até dão para entreter minimamente o espectador, mas outras não valem mesmo a pena.
A qualidade gráfica do anime também deixa bastante a desejar. Enquanto os humanos não podem fugir à sua forma original, a conceção dos “homens-besta” pode ser feita de várias formas. Em alguns casos a coisa dá bom resultado, mas noutros não. Como se já não bastasse, a transição para o ecrã piora um pouco a situação. De positivo, destaque para os ambientes e as paisagens que envolvem as personagens, aí sim, o responsável por isso esteve ao seu melhor nível.
Em relação às batalhas, pode-se dizer que é um ponto francamente positivo, dos melhores deste projeto, particularmente graças a Morte Asherah, que com a sua espada nos faz apreciar por alguns minutos “Sands of Destruction”.
Sobre a banda sonora, este anime enquadra-se no vasto lote em que pouco ou nada há a dizer. A música passa um pouco ao lado, tanto por razões de qualidade como por falta de momentos épicos que requerem melodias e badaladas gritantes capazes de nos colarem ainda mais ao ecrã.
As Personagens
O número de personagens é, a par do número de episódios, bastante reduzido. Porém, parece-me adequado mencionar de forma algo mais detalhada os três grandes protagonistas deste enredo.
Morte Asherah é a única rapariga do trio principal e talvez aquela que tem um papel mais preponderante nas várias viagens realizadas pelo Comité Mundial da Destruição. A sua personalidade forte justifica o espírito guerreiro e capacidade de combate que apresenta, assim como a convicção inerente às decisões que toma. Tem plena consciência que o objectivo que traçou é deveras complicado, mas isso não é, para ela, justificação para desistir, independentemente das circunstâncias. O seu temperamento não é por vezes o melhor, ficando facilmente irritada, atitude que dá origem a alguns momentos cómicos.
Já Kyrie Illunis não se identifica nada com a sua amiga de viagem, excepção feita ao facto de também ser Humano. Sem saber explicar muito bem como foi parar a esta aventura pelo planeta, Kyrie é de longe o membro mais pacífico de todo o grupo. Extremamente calmo, tranquilo e pronto a ajudar toda a gente é, definitivamente, muito estranho associá-lo a qualquer grupo de destruição do que quer que seja.
A fechar o grupo, e identificado como o único “homem-besta” do trio, temos Toppy Topran. O seu tamanho diminuto diz muito pouco da força que possui. Na verdade, se houvesse um provérbio que dissesse “as criaturas não se medem aos palmos” iria-lhe assentar que nem uma luva, visto que Toppy tem uma grande personalidade, idealizada naqueles que eticamente são considerados os grandes valores morais.
Juízo Final
Com um ponto de partida bastante atractivo, esta série tinha pernas para conseguir atingir aquele que devia ser o seu grande objectivo e que nesta análise já tive o cuidado de mencionar, isto é: dar maior visibilidade ao jogo lançado para a Nintendo DS que ocorreu quase em simultâneo com o aparecimento desta produção. Só isso o justifica, pois se o videojogo tivesse atingido um patamar de sucesso, o anime só surgiria tempos mais tarde.
Infelizmente, como foi visto em cima, alguns pontos deixam mesmo a desejar, não sendo “Sands of Destruction” um projecto que se possa recomendar com grande alegria e entusiasmo. Tem algumas partes interessantes, mas não as suficientes para se classificar como uma série de qualidade.
Para quem nunca jogou o videojogo, como é o meu caso, imaginar algumas das aventuras que aqui vi num panorama de gaming até me desperta um pouco o interesse e a vontade de dar uma oportunidade ao jogo. Mas no que toca ao anime, a adaptação não foi mesmo feita da melhor maneira, deixando muito a desejar em várias alturas.
Fica um pequeno trailer para os interessados.
Sands of Destruction – Trailer
Análises
Sands of Destruction
Uma produção lançada em simultâneo com o videojogo com o mesmo nome para a Nintendo 3DS, mas que se revelou incapaz de alavancar o que quer que fosse: nem a si própria, nem ao título gaming.
Os Pros
- Nada de particular a registar.
Os Contras
- O design de algumas personagens (embora irrelevantes na sua maioria) destoa bastante de outras.
- O ritmo lento com que avança a história principal.
- A animação, em alguns momentos, deixa a desejar.