Há precisamente seis meses atrás, partilhei neste espaço as minhas primeiras impressões sobre Chihayafuru. Agora, com a série já terminada e com o conhecimento de tudo o que se passou ao longo dos 25 episódios, é altura de uma análise bem mais detalhada aqui no ptAnime.
A História de Chihayafuru
Chihaya Ayase é uma adolescente com uma personalidade muito peculiar e que não tem nenhum objetivo de vida em particular. Este último ponto leva-a a tornar-se de certa forma altruísta. Já que não tem metas pessoais, Chihaya ajuda a irmã, Chitose Ayase, a alcançar a sua, que passa por ser modelo.
No entanto, quando somos adolescentes sofremos repentinas mudanças de ideias quase de forma instantânea. No fundo é isso que vai acontecer com Chihaya. A rapariga vai conhecer melhor Arata Wataya, seu companheiro de turma, que, por seu lado, em jeito de retribuição por Ayase prestar-lhe atenção, vai dar-lhe a conhecer o Karuta. Um famoso jogo de cartas japonês.
Logo após Arata ensinar à rapariga como se joga e de os dois realizarem uma partida, a vida de Chihaya vai sofrer uma grande mudança. O Karuta vai tornar-se quase uma obsessão para Ayase, que vai começar a praticar regularmente. Não apenas por diversão, mas para se tornar numa grande jogadora deste desporto. Consigo, Chihaya vai arrastar o seu grande amigo, Taichi Mashima. Depois de umas peripécias e conflitos com Arata, também ele se vai sentir cativado pelo jogo e juntar-se ao grupo.
Formado o trio, a próxima etapa passa por melhorarem os seus desempenhos nos jogos, alargarem os seus horizontes no Karuta, com idas à Sociedade de Karuta da zona onde vivem, e, por fim, através da participação em torneios.
Contudo, como é sabido através do filme “The Girl Who Leapt Through Time”, o tempo não espera por ninguém. Portanto, a transição para o Ensino Secundário de Chihaya, Taichi e Arata significa uma outra coisa, separação! Wataya vai viver para outra zona do Japão, enquanto os outros dois se vão manter juntos.
Apesar da distância, Chihaya não vai deixar que os laços de amizade se quebrem. A rapariga vai fazer o impossível para reencontrar-se no futuro com Arata. Nem que seja apenas em torneios de Karuta. Porque mesmo com o “separar das águas”, o Karuta vai manter-se presente nas vidas das personagens.
Na verdade, na sua nova escola, Chihaya e Taichi vão tentar reunir elementos para formar um clube deste desporto. Não apenas para se manterem junto daquilo que gostam, mas também para fazerem novas amizades e participarem em torneios e eventos relacionados com este jogo de cartas.
Ambiente e Enredo
Ao ter no seu plano principal três adolescentes, é natural que Chihayafuru seja envolvida por um ambiente jovial e, em grande parte das cenas, escolar.
Porém, tal facto não invalida a ausência de personagens mais velhas. Prova disso são as cenas que surgem com a família Ayase; com Hidehiro Harada, que é o dono da Sociedade de Karuta da zona; e com a diretora da escola, muitas vezes a par daquilo que os seus alunos andam a fazer. Isto Para além do próprio Karuta, um desporto aplicável a qualquer idade.
Não sei se seguiram o link que meti em cima na palavra Karuta … A quem não o fez, chamo à atenção que este nome tem origem da palavra portuguesa “Carta”, segundo algumas fontes. Também não expliquei em cima como se joga para não interromper a sinopse da história. Vou fazê-lo já de seguida.
Como se joga o Karuta?
O Karuta consiste em que dois jogadores coloquem à sua frente um conjunto de cartas com poemas. A seguir, os dois têm um tempo para memorizar as cartas do adversário. Só depois é que o jogo começa verdadeiramente. Um orador vai recitando versos das cartas e os jogadores têm de lhes tocar assim que as identifiquem. Ganha aquele que conseguir mais cartas.
Em paralelo com o jogo, temos a vertente Slice of Life, que é na verdade a que eleva e exalta Chihayafuru. As cenas cujo objetivo é emocionar os espectadores têm realmente capacidade para isso. A música, por seu lado, é soberba, o que ajuda bastante a tornar os momentos mais reais e intensos. Quem também não escapa a elogios são as personagens. Além dos seus traços característicos, tudo aquilo que as rodeia, desde a família aos amigos, está muito bem interligado e explicado. Ainda no que toca ao ambiente, parece-me importante mencionar algumas paisagens e monumentos que vamos observando com o avançar de Chihayafuru.
Voltando ao Karuta, quero ainda deixar claro o seguinte. Este jogo, inicialmente, parece desagradável. No entanto, ao fim de alguns episódios a nossa opinião muda completamente. Segundo me parece, por duas razões: primeiro por culpa da personalidade/essência bastante atrativa de algumas personagens; segundo porque Chihaya, Taichi, Arata e companhia vão melhorando a sua performance no Karuta, o que também ajuda a tornar este deporto mais interessante.
As Personagens de Chihayafuru
O elenco de Chihayafuru é algo extenso. Todavia, decidi-me a falar apenas de algumas personagens que são as essenciais para alguém que ainda não viu este anime.
Começando por Chihaya, a rapariga é daquelas pessoas que diz tudo o que lhe vem à cabeça. Inocência e honestidade acima de tudo. A jovem preza muito valores como a amizade e tem um talento para o Karuta escondido dentro de si.
Relativamente a Taichi, este é, sem dúvida alguma, o que mais muda em termos de personalidade quando a série sofre um avanço no tempo. Mais concretamente, na altura em que o trio se separa. Depois do avanço, Mashima surge muito mais maduro do que era antes.
Por seu lado, Arata é alguém que apenas vamos acompanhar regularmente numa fase inicial da série. Depois da transição, altura em que seria importante conhecermos a sua maneira de pensar e de agir, o jovem vai ser posto de lado devido à sua distância. Apesar disso, vai ser constantemente mencionado e procurado pelos amigos que deixou para trás.
Termino esta parte com uma palavra para Hidehiro Harada. O dono da Sociedade de Karuta da zona que vai aparecer muitas vezes nos episódios para transmitir palavras sábias e ensinamentos relevantes.
Faltam aqui várias personagens principais. Não porque eu me tenha esquecido, mas porque ao referi-las estaria aqui a contar a história quase toda e a espalhar spoilers. Não me parecem importantes para a análise, e vocês vão ter tempo de as conhecer quando virem Chihayafuru.
Juízo Final
Em jeito de conclusão, a meu ver, esta série baseada na obra de Yuki Suetsugu é de grande qualidade, como deixei patente ao longo deste texto. Das que vi até ao momento da temporada de Outono do ano passado, Chihayafuru foi a melhor, a par de Fate/Zero.
De forma resumida, a banda sonora é muito boa, os momentos emocionais estão muito bem elaborados, o dia-a-dia das personagens e suas relações estão muito bem construídos, e até cenas cómicas a série consegue ter.
Claro que depois existe a questão do Karuta, que pode ou não agradar. Já referi que numa primeira fase é normal não agradar. Se depois a opinião se mantiver, então aí as coisas mudam de figura. Se bem que, mesmo que tal se verifique, não sei se será razão para se deixar de ver a série.
Eu aconselho vivamente Chihayafuru! Caso ainda estejam indecisos em ver e não se importam com spoilers, lembro que estão disponíveis aqui no ptAnime as análises semanais a todos os episódios desta série.
Despeço-me com um trailer AMV e uma música da banda sonora de Chihayafuru. Esta última já foi aqui partilhada convosco, por intermédio da rubrica “Músicas Fantásticas”.
Vão considerar ver a série? Partilhem aqui a vossa opinião.
Análises
Análise de Chihayafuru
Esta adaptação do manga de Yuki Suetsugu revelou-se tão intensa em termos desportivos e de slice of life que mesmo na hipótese do Karuta não agradar ao espectador será difícil este descolar da produção.
Os Pros
- Os momentos mais emocionantes conseguem tocar com o espectador
- Personagens e suas relações muito bem construídas
- Produção Visual
- Banda sonora
Os Contras
- Nada a registar
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