Na tentativa de fazer um maior aproveitamento da grande obra de Akira Toriyama, a Toei Animation, no ano de 1996, decidiu lançar para o ecrã “Dragon Ball GT”. Esta sequela, se assim se pode chamar, tinha como grande objetivo dar continuidade às aventuras de Son Goku e seus amigos, ainda que a intervenção de Toriyama nos trabalhos desenvolvidos fosse quase nula.
Forçar a continuidade de uma obra que já é de sucesso pode custar muito caro!
Por norma, ficamos muito tristes quando uma história que acompanhamos durante vários anos, seja em livro, filme, série, ou noutro tipo de entretenimento, termina. Porém, este é por vezes o melhor remédio, mesmo que na altura não pensemos deste modo. Para mal dos nossos pecados, esta conclusão só chega quando nos apresentam a dita sequela, que pouco depois nos causa uma sensação enorme de desilusão e ameaça a paixão e admiração que tínhamos pela obra em causa.
Acontece que Dragon Ball GT é um pouco isso. Uma tentativa rebuscada dos seus responsáveis em criar uma história com um bom número de episódios que permita a manutenção da fama e o aumento da receita monetária, tirando proveito da loucura dos fãs, que naquela altura muito se fazia sentir, particularmente no Japão. Certamente que o cachê aumentou e de que maneira, pois quem é fã vai sempre dar uma espreitadela a tudo o que esteja relacionado com a obra original. Em termos de sucesso e protagonismo, tudo se passou no sentido inverso devido à pouca qualidade da história.
Um regresso às origens nada convincente
Dragon Ball GT (Great Touring – Grande Viagem) arranca com a transformação de Son Goku em criança por intermédio das Bolas de Cristal. Posto isto, a separação das Dragon Balls coloca em causa a destruição da Terra, caso não sejam novamente reunidas no espaço de um ano. A diferenta é que desta vez elas estão espalhadas pela galáxia e não apenas pela Terra.
Agora pergunto-me: mas isto faz algum sentido? A começar pela cena protagonizada pelo velho Pilaf, que transforma Goku em criança e que não é nada convincente, até esta alteração no herói levanta dúvidas. Goku regressa a criança e continua igual em termos de força e de transformações em Super Guerreiro? Quer dizer que só vale para a altura e para a cara do rapaz? Nem parece um desejo do mítico dragão.
Segue-se então a separação das Dragon Balls por toda a galáxia. Se as Bolas de Cristal pertencem à Terra como é que se justifica este acontecimento? E se fossem parar a Namek? Ficavam lá dois conjuntos de Bolas de Cristal? Não é preciso desenvolver mais este raciocínio pois não? Completamente sem nexo!
Por fim, a parte da viagem poderia ter sido interessante, mas quando vemos as peripécias básicas com que Goku, Trunks e Pan se deparam nos planetas por onde passam, aí a coisa muda de figura. SPOILERS! Cortar bigodes a criaturas, fugir de soldados com umas “pistolitas”, procurar as Bolas de Cristal em planetas desertos, sinceramente, não havia mais nada de interessante para apresentar? Atenção que estou a falar concretamente da viagem pela galáxia que ocupa os primeiros 20 episódios. Com o aparecimento de Baby e dos Dragões o nível de qualidade sobe, mas diria que pontos percentuais insignificantes quando comparados com aquilo a que o verdadeiro Dragon Ball nos habituou.
Esqueçam Dragon Ball GT!
Tendo em conta a data desta produção, a minha análise, e consequente mensagem que aqui estou a passar, poderá chegar tarde demais. Contudo, não é por isso que vou deixar de a transmitir. Caríssimos, se nunca viram nada relacionado com Dragon Ball, vejam até ao final de Dragon Ball Z e terminem aí a vossa jornada. Por outro lado, se viram até ao final do Z, então acreditem que ficaram mesmo no sítio certo. Não desperdicem o vosso tempo a ver Dragon Ball GT.
Posso parecer demasiado crítico a esta série tendo em conta a pontuação dada. A explicação é muito simples. No geral a produção fica-se pelo razoável. Existem animes bem piores. Todavia, o que está em causa nesta análise é o sentimento provocado pela obra nos grandes apaixonados de Dragon Ball. Ver Dragon Ball GT significa, na minha humilde opinião, “manchar” o fascínio e a admiração que Toriyama conseguiu criar dentro de nós por intermédio de Son Goku, Bulma, Vegeta e companhia. O trabalho que este senhor desenvolveu foi fantástico e por nenhuma razão, muito menos monetária, ele deve ser manchado.
Os fillers são e sempre foram um dos maiores problemas no que diz respeito à conversão Manga-Anime dos grandes Shounens, se bem que isso é assunto para outra altura.
Músicas que jamais serão esquecidas
Quando um anime se encontra divido em várias séries, por norma a parte musical não sofre grandes alterações desde o início ao fim da sua transmissão. Quer isto dizer que se a banda sonora for de enorme qualidade, o sucesso desta vertente está garantido. O facto de em Dragon Ball GT continuarmos a ouvir as músicas fascinantes a que, desde muito cedo, Dragon Ball nos habituou é motivo de satisfação e de alegria no meio de tanto desapontamento.
Por seu lado, os ambientes que preenchem os espaços onde os protagonistas entram em ação estão longe de serem os melhores. Não que faça muita diferença nos grandes combates, visto que tudo acaba sempre destruído. Seja como for, também aqui se nota um pouco a falta de cuidado e de brio por parte dos artistas responsáveis.
A falta de originalidade evidente
Em suma, Dragon Ball GT revela-se um projeto elaborado de forma demasiado forçada, onde a ausência do Mestre Akira Toriyama está à vista de todos.
SPOILERS!!! Muitos dos acontecimentos apresentados são cópias de situações anteriores, o que denota uma enorme falta de criatividade. Falo das conhecidas transformações dos “Guerreiros do Espaço” em Macacos Gigantes: que nesta altura já não fazem grande sentido; da manutenção das mesmas técnicas de luta e ataques que apenas sofreram um aumento de potência aquando da evolução para uma nova forma de Super Guerreiro (Kamehameha x10?????); a “repescagem” de vilões anteriores para serem figuras de destaque em alguns capítulos; Por falar em evoluções, a forma como é feita a transição de Super Guerreiro 3 para Super Guerreiro 4 só pode ser uma piada. Então Son Goku assume sempre a forma de criança, menos nesta última transformação? Ridículo! Fim de Spoilers!
O que se pode dizer é que com este projeto os lucros dos seus responsáveis certamente que aumentaram pois, como já mencionei, quando um fã admira uma obra vai coscuvilhar tudo o que esteja relacionado com ela na esperança de ver algo tão ou melhor do que já viu. Todavia, a obra neste formato animado acaba por ficar manchada pela diminuição acentuada de qualidade de Dragon Ball GT, comparativamente a Dragon Ball e Dragon Ball Z.
Lembro-me de ver em miúdo esta série e de gostar de a ver, devido à falta de noção e capacidade de admirar todos estes pontos de um anime. Era Dragon Ball, e portanto não era preciso dizer ou pensar mais nada. Agora tudo é diferente, pelo que desta Grande Viagem (GT) de Son Goku, Trunks, Pan e Gil saio extremamente desapontado.
Sem mais nada a dizer, despeço-me com aquela que é a minha melhor recordação desta série, a sua Abertura/Opening em Português de Portugal.
Dragon Ball GT – Abertura Portuguesa
Análises
Dragon Ball GT
Uma tentativa falhada de manter a franquia Dragon Ball nas bocas do mundo e, tirando proveito da loucura dos fãs, aumentar a receita monetária.
Os Pros
- A abertura portuguesa.
- A banda sonora em geral.
Os Contras
- A história.
- O enredo.
- A arte.