Mais do que as séries de anime, os filmes conseguem cativar pessoas das mais variadas faixas etárias. Paprika não foge à regra e, como tal, cá estou eu para tornar esta longa-metragem, que decorre maioritariamente dentro dos próprios sonhos do ser humano, um bocadinho mais popular.
Paprika – A História
Paprika tem Chiba Atsuko como grande protagonista. Chiba é uma talentosa cientista e psiquiatra que é responsável pela equipa de desenvolvimento de um aparelho chamado “DC Mini”. Este fantástico dispositivo permite aos seus utilizadores invadir os sonhos das pessoas, e assim explorá-los e manipulá-los a seu belo prazer.
Acontece que esta invenção, que teve como grande criador Kosaku Tokita, ainda se encontra incompleta e sem licença para ser comercializada. Desvalorizando a situação, e ao mesmo tempo com o objetivo de ir testando aquele instrumento tecnológico, Chiba vai assumir uma outra forma e identidade à qual vai dar o nome do filme: Paprika. Em segredo, a psiquiatra vai então fazer uso desta sua nova personalidade para ajudar muita gente a resolver os seus problemas mentais.
Contudo, se com Atsuko as poucas restrições impostas no DC Mini até aquela altura não eram um problema, visto que a cientista fazia uso do aparelho para praticar o bem, o mesmo não vai acontecer com a pessoa que vai conseguir deitar as mãos a este novo equipamento tecnológico. Aproveitando-se da falta de limitações da invenção em questão, a personagem que roubou o DC Mini vai pôr em prática as suas ideias mais egoístas e insensatas sem qualquer tipo de impedimento.
Conscientes do perigo que o planeta corre por DC Minis inacabados se encontrarem em mãos alheias, Chiba, Tokita e Shima (indivíduo a conhecer mais à frente) vão fazer os possíveis e os impossíveis para recuperar os objetos perdidos. Será que este trio vai concluir com sucesso aquela que será a missão mais importante das suas vidas?
Paprika – Ambiente e Enredo
À semelhança da maioria dos filmes japoneses elaborados em formato anime, também este se destaca pela sua exagerada dose de criatividade.
Ao ter como pano de fundo o mundo dos sonhos, ou seja, uma parte do nosso subconsciente que continua a ser objeto de estudo e de grande curiosidade por parte do ser humano, Paprika consegue “colar” desde muito cedo o espectador ao ecrã. Aliás, ainda bem que assim é! A psiquiatria é uma área bastante complexa e um minuto de distração pode ser suficiente para perdermos o “fio à meada” no que toca ao desenrolar desta produção.
Quanto ao elenco, este é muito reduzido, o que sinceramente só joga em favor desta obra. Dado que o tema que dá origem à história não é propriamente fácil de se entender, caso houvesse um vasto número de personagens isso poderia ser um grave problema. Felizmente para todos, a realização decidiu bem neste grande pormenor.
Falando agora um pouco do ambiente em si que se apresenta nesta produção, não há como evitar dizê-lo: a tela de fundo é absolutamente fantástica! Sempre para além daquilo que consideramos ser normal, Satoshi Kon demonstra aqui a facilidade que tinha em dar forma às ideias que circulavam na sua mente criativa. Ironicamente, esta é uma das maiores dificuldades de muitos realizadores.
Um quarto e último ponto que eu não podia deixar passar em claro tem a ver com a banda sonora excecional. Depois de verem o filme não se admirem se inesperadamente derem por vocês a ouvirem as composições musicais presentes em Paprika. Até já as inclui uma num artigo da rubrica “Músicas Fantásticas”. Aconselho vivamente!
Paprika – As Personagens
Como referi anteriormente, o número de personagens de relevo que participam neste filme é reduzido. Chiba Atsuko, ou Paprika se antes quiserem, é aquela em torno da qual esta longa-metragem roda. A prova disso é a capacidade de Chiba em intervir nas várias cenas, seja qual for o problema lá presente. Conclusão? Estamos perante uma personagem muito versátil e multifacetada.
Porque num grupo todos devem ser tratados de forma igual, independentemente do cargo que ocupam, Kosaku Tokita e Torataro Shima também têm o direito de serem aqui mencionados. O primeiro é o autor do DC Mini, e, apesar de ser adulto, comporta-se tal e qual como uma criança. Um aspeto notório logo desde as suas primeiras intervenções no filme.
No que diz respeito a Torataro, ao ser o responsável pelo departamento do qual faz parte a equipa de Chiba, o psiquiatra vai sentir o peso da responsabilidade da sua posição, de maneira que se vai juntar a Paprika e a Kosaku, para juntos tentarem resolver o problema. Ao aliar-se a esta missão, obviamente que Shima também se vai sujeitar aos perigos que esta engloba.
No topo da hierarquia da instituição onde nasceu o DC Mini está Seijiro Inui. Ao contrário do que podemos pensar à partida, Seijiro vai nos primeiros minutos do filme deixar claro de que não é a favor do desenvolvimento deste novo aparelho tecnológico.
A finalizar estas breves descrições aos elementos do elenco, e com isto já falei quase de toda a gente, está Toshimi Konakawa. Não pensem que é por surgir aqui em último que tem menos relevância que os anteriores. Na verdade, este detetive de profissão irá aparecer frequentemente, uma vez que será o paciente número um da adorável Paprika.
Paprika – Juízo Final
Não há duvida de que Satoshi Kon nos deixou uma grande obra, capaz de nos impressionar e maravilhar em todos os aspetos. Mais uma vez, e já lhes perdi a conta, volto a reforçar a ideia de que o Anime também é para adultos. Este é mais um argumento que comprova essa afirmação. Propício para crianças é que Paprika não é! Ou melhor, é, se as quisermos deixar extasiadas com os ambientes exibidos e com o mundo dos sonhos. Todavia, quando falamos de complexidade psicológica é óbvio que nos viramos logo para as pessoas mais velhas.
Sem mais nada a declarar, termino esta análise a recomendar-vos, leitores do ptAnime, novamente este filme. São cerca de 90 minutos da vossa vida que, definitivamente, vão ser bem aproveitados. Antes disso, não se esqueçam de ver os trailers que se encontram imediatamente a seguir. Valem a pena!
Análises
Análise de Paprika
Uma grande obra de Satoshi Kon, capaz de nos impressionar e maravilhar em todo e qualquer aspeto.
Os Pros
- O nível de criatividade extraordinário do enredo e dos ambientes que compõem as cenas do filme.
- O elenco reduzido foi a melhor escolha para o filme em questão.
- A banda sonora.
Os Contras
- Nada a apontar.