Transmitida durante a primavera passada, esta produção da J. C. Staff revelou-se uma verdadeira caixinha de surpresas. A grande questão a ser aqui esclarecida é se as surpresas foram agradáveis … ou não.
A História
No final da Era Edo, o Japão viveu uma crise sem precedentes, originária dos barcos negros (kurofune) que “estacionavam” em território nipónico vindos de outros países.
Todavia, a presença destes barcos e, consequentemente, de cidadãos estrangeiros no Japão foi curta devido à intervenção de robôs gigantes cuja existência é datada para lá dos tempos antigos.
A este tipo de criaturas foi atribuído o nome “Onigami” e, curiosamente, tais máquinas só podem ser controladas por humanos do sexo masculino que ainda sejam virgens. É aqui que entra em cena Tokugawa Keichiro, que desde muito cedo foi criado com o intuito de um dia controlar o Onigami “Susanoo” e salvar o Japão dos perigos que o assolam.
Estará Keichiro preparado e com vontade para assumir este papel de herói, independentemente das adversidades que possam surgir?
Ambiente e Enredo
A leitura da premissa inicial deixa desde logo a dúvida de que esta pode ser uma série de caráter Ecchi e Harem, tendo em conta a parte da virgindade daquele que se afirma ser a personagem principal do anime, Keichiro Tokugawa.
De facto, não são precisos muitos episódios para se constatar isto mesmo. Os atributos das personagens femininas que se envolvem com Keichiro e as cenas de comédia sexual, que são uma constante, levam de imediato a essa conclusão. Ora isto deita por terra o interesse dos espectadores que nesta produção procuravam algo mais relacionado com o mecha e com uma vertente alternativa do contexto histórico japonês. Em contrapartida, consegue atrair outro tipo de adeptos que se enquadram nos estilos mais “adultos!?” que anteriormente referi. Sinceramente, se forem contabilizadas as diferenças, “Fuuun Ishin Dragon” parece sair a perder com tudo isto.
Mas continuando com a parte que ao enredo diz respeito, a história poderia ter sido construída dentro destes parâmetros e ao mesmo tempo ter progressão, algo que não acontece. Um caso claro disso é High School DxD New, que sobrecarrega os episódios com cenas Ecchi, só que em paralelo desenvolve uma história que até se confirma minimamente interessante. Já no que diz respeito a Keichiro e às suas aventuras, após visualização dos 13 episódios transmitidos até agora, a sensação que tenho é que andei em círculos e que voltei ao ponto de partida da obra. Abriu-se uma janela para uma segunda temporada, só que coloca-se a questão de quem a quererá ver a não ser pelos seus conteúdos mais eróticos.
Os próprios Onigamis, que são a razão da mudança relativamente aos factos histórico-reais nipónicos, ainda que sejam convocados para a batalha com alguma regularidade não trazem grande intensidade, emoção ou suspense em relação ao que se passa naquele determinado momento.
Relativamente aos ambientes, é caso para dizer que não deixam a desejar, nem nos satisfazem. Simplesmente passam um pouco despercebidos por não serem capazes de nos surpreender pela positiva, o que também acontece com a parte musical. Visto que a parte do enredo é de fraca qualidade, aqui a J. C. Staff podia conquistar pontos a seu favor e valorizar um pouco o anime, o que não se verifica.
Por exemplo, a maneira como os Onigamis saltam para a cena é completamente sem nexo. Veja-se o Susanoo que quando está parado se encontra alojado na parte subterrânea de um edifício e que na altura do seu “chamamento” aparece à superfície sem se perceber muito bem como. Isto é, por onde é que ele saí para o exterior tão repentinamente? Destrói o que está por cima? É o que dá a entender ainda que no capítulo a seguir já tudo esteja como dantes. Esta e outras confusões deixam qualquer um perplexo.
As Personagens
Visto que o leque de personagens é bastante restrito, e uma vez que o número de episódios é limitado, os protagonistas desta série são pouco explorados, com exceção de Keichiro e Kiriko que são descritos de forma detalhada já de seguida.
Keichiro Tokugawa é, como já disse, o escolhido do clã Tokugawa para salvar o Japão dos perigos capazes de colocarem a integridade do país em risco. No entanto, esse estatuto obriga-o inicialmente a manter a sua virgindade intacta, o que vai um pouco contra a vontade de Keichiro. As suas tentativas de quebrar este “estatuto” são constantes, ficando a ideia de que o rapaz quer é gozar a vida e nada quer saber sobre a salvação do país. Por força de alguns acontecimentos, a verdade é que o jovem vai ficar mais maduro e provar que tem atitudes dignas de um verdadeiro homem.
Kiriko Hattori é uma ninja que entra na vida de Keichiro já com a missão de o proteger, de garantir que este mantém a sua virgindade para pilotar o Susanoo e para o acompanhar nos comandos desta mesma criatura. A tarefa não será fácil inicialmente, mas com esforço e muita dedicação Kiriko conseguirá a pouco e pouco alcançar as suas metas, projetando-se mais tarde a ideia de que o relacionamento entre os dois poderá ir muito mais além do que o trabalho em conjunto nos comandos do Susanoo.
Juízo Final
Resumindo e concluindo, Fuuun Ishin Dai Shogun confirma-se desde muito cedo como uma obra unicamente preocupada em convencer os adeptos do Harem e do Ecchi de que tem valor, pois nos restantes aspetos está longe de deixar quem quer que seja satisfeito, mais ainda quando após o final desta primeira temporada fica a sensação de que a história pouco ou nada progrediu.
Não quero com isto desvalorizar aqueles que apreciam este tipo de obras. Relativizo sim esta obra no sentido em que, para além destas categorias, poderia ser muito melhor noutras caraterísticas que se admitiam ser mais importantes antes do início da sua transmissão, como é o caso das batalhas entre os Onigamis, os diálogos das personagens e a história em si que remonta a Era Edo japonesa.
Pela forma como terminou, fica a ideia de que a J. C. Staff terá em mãos uma sequela. A questão que se coloca é se vai refletir sobre os vários problemas da produção e tentar corrigir pelo menos alguns deles.
Para bem dos espectadores e de mim, crítico de animes, é bom que isso aconteça ou continuar a acompanhar as aventuras de Keichiro Tokugawa, Kiriko Hattori e restantes personagens será uma perda de tempo. Fiquem com o trailer.
Trailer
Análises
Fuuun Ishin Dai Shogun
Uma obra que tenta sobressair pelas suas componentes Harem e Ecchi, deixando bastante a desejar em todos os outros parâmetros da produção (sejam eles técnicos ou próprios do enredo).
Os Pros
- Nenhum digno de menção.
Os Contras
- A história.