Hitsugi no Chaika ou Chaika – The Coffin Princess, como também é conhecida, trata-se de uma light novel escrita por Ichiro Sakaki e ilustrada por Namaniku ATK.
Relativamente recente, este projeto de sucesso atingiu sucessivas metas de popularidade que o levaram a esta repentina adaptação. É de realçar que após o término da primeira temporada foi confirmada a continuação desta animação a fim de concluir a obra de apenas nove volumes.
A História
Toru Acura desesperado por comida e um trabalho digno que sustente a si e à sua irmã, sai de casa em busca de algo. Extremamente preguiçoso e aparentemente incapaz de fazer o que quer que seja, acaba por encontrar uma jovem de cabelo branco com um caixão às costas. De nome Chaika Trabant, a pequena e infantil jovem encontra-se fugitiva de algo. O destino de Toru sofre uma reviravolta quando salva a pequena Chaika, acabando por ser contratado pela mesma.
Após algumas aventuras e peripécias, a realidade atinge o ex-sabotador, a ingénua Chaika é, nada mais, nada menos, que a filha do maior feiticeiro e mais implacável imperador de todos os tempos: o Imperador Imortal Gaz.
Toru, Chaika e Akari partem numa aventura sem destino definido, guiados por uma jovem frágil de catorze anos com reduzida capacidade de comunicação, inexperiente e com amnésia. Um cenário muito pouco favorável para os dois irmãos demonstra ser tudo o que estes almejavam: guerra, desafios constantes e luta pela sobrevivência. Com vinte anos e muitos anos de guerra e morte pelas mãos entranham-se numa aventura sem fim à vista contra os maiores guerreiros de todos os tempo, movimentando mundos e fundos para concretizar o objetivo de Chaika: realizar o funeral do pai.
Análise
A premissa desenvolve-se em torno de um objetivo: reunir os restos mortais do Imperador Gaz, pai de Chaika e o maior feiticeiro que há memória. Os restos mortais, espalhados por todo o continente, encontram-se sob tutela dos Oito Heróis Imperiais responsáveis pela morte e desmembramento do pai de Chaika. Com encontros inesperados, inimigos sem causa aparente e algumas amizades pelo meio, o desenvolvimento lento da narrativa, pobre em pormenores e vagaroso para um culminar final em apenas doze episódios, lança a dúvida de quais os objetivos reais desta produção.
O ambiente extremamente bem caraterizado embriaga-nos num universo feudal governado por reis e regido por altos cargos do exército espalhados por um país ainda em construção. A história desenvolve-se sob um cenário monárquico que mistura realidade bélico-estratégica com magia.
Contudo, o cenário pós-guerra é pouco absorvido. Numa primeira apreciação sobre a obra é-nos apresentado Toru, um jovem passivo e preguiçoso de 20 anos, ex-combatente da fatídica guerra entre o Concílio das Seis Nações e o Império Gaz. O protagonista representa o primeiro contacto com o que deveria ser um dos focos da narrativa: a guerra de 200 anos contra um poderoso império, que resultou em milhares de mortos e a completa destruição de um país.
Quanto ao protagonista masculino, inadaptado à sociedade, sobrevive no limiar da mediocridade humana. Sem esperanças ou qualquer expetativa de vida, aceita de bom grado ajudar a problemática rapariga. Fascinado pelos possíveis perigos que a jornada lhe irá proporcionar, a vida de fugitivo e de constante guerra como sempre viveu é fracamente comparada a um paraíso.
Em contraste com o assassino, a protagonista é uma simples criança que nada sabe sobre a vida e sua subsistência. Extremamente limitada e com dificuldades de dicção, os seus diálogos residem em palavras soltas e verbos sem conjugação. “Chaika feliz”, “ Perigo. Inimigo. Toru ajudar.”, são algumas das frases que servem como base de comunicação da pequena maga.
Quanto às restantes personagens, temos Akari Acura e Fredrika, que completam a equipa de fãs de Toru. A primeira, irmã adoptiva de Toru, é completamente apaixonada pelo mesmo. Estabelecendo-se uma estranha relação entre amor fraternal e expetativas românticas ou simplesmente assassinas por falta de retribuição do tão desejado amor. Fredrika é um último elemento do grupo. Sendo um dragão, pode mudar de forma ao seu belo prazer, desde uma jovem esbelta na casa dos vinte, a uma pequena lolita muito similar a Chaika. O seu poder é uma bem valia para a demanda, no entanto é teimosa e pouco recetiva a pedidos, afirmando que apenas os segue para defrontar e matar Toru.
Muito do cliché advém, claro está, das suas personagens tipo. Sem grandes variações em termos do tão esperado romance, o desenvolvimento progressivo sugere poucas surpresas e evoluções. O choque evolutivo ocorre nos últimos dois episódios, com uma verdadeira mudança de padrão: vemos o que seria mais uma jornada na procura dos restos mortais transformar-se numa sucessão consecutiva e ininterrupta de acontecimentos que levarão a descobertas aterradoras, macabros mistérios e assassinatos em série. O bombardeamento de novas personagens de extremo relevo, um reforço da componente bélico-estratégica do ambiente em questão, bem como a intensificação das cenas criam um contraste exagerado e demasiado forçado com os restantes episódios.
Em termos de aspetos técnicos, não encontramos nada de novo ou surpreendente para o género em questão. Um design extremamente agradável, com fortes contrastes de cores e personagens bem caraterizadas, não deixa de tornar algo apetecível de ver e explorar no universo de animação, sem contudo trazer nada de novo a este. No entanto, é de realçar que poucos ou nenhuns são os defeitos encontrados na construção dos cenários e caraterização do ambiente, conseguindo de forma muito singular e ao mesmo tempo simples, transpor a época em questão e ainda associá-la à magia e seres imaginários providos deste universo.
O detalhe e originalidade quer das batalhas como das armas mágicas é uma das qualidades técnicas a realçar nesta produção, a harmonia entre detalhe, funcionalidade e magia consolidada com tecnologia militar tornam a obra numa possível obra prima bélica.
Juízo Final
Em suma, sem trazer algo de novo para o mar de produções nipónicas, temos uma agradável série com um final que aguça a curiosidade de qualquer um. Com todos os elementos para se transformar numa série de sucesso, Hitsugi no Chaika é uma obra a usufruir sem grandes expetativas.
O final repentino, inesperado e com uma enormidade de pontas soltas garante uma entrada triunfal de uma segunda temporada, tendo como consequência esperada um final arrebatador e simultaneamente desconcertante, com demasiada informação a processar e sem os elementos necessários para a construção da mesma.
Análises
Hitsugi no Chaika - Análise
Reis, príncipes e princesas, forças militares, guerras centenárias e magia. Uma produção com tudo para ser marcante, será que o é?
Os Pros
- Ação
- Design de personagens
Os Contras
- Personagens genéricas
- Muitas pontas soltas
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