Há menos de uma semana atrás, apresentei aqui a minha análise ao anime “Rurouni Kenshin”, que por cá é muito mais conhecido pelo nome “Samurai X”. Nesse mesmo artigo, ficou a promessa de uma análise para a breve ao Live Action recentemente produzido que teve como base a mesma obra. Pois bem, caros leitores, chegou a hora de se cumprir com o prometido. Vamos a isso!
Live Action Rurouni Kenshin | A História
O fim da Guerra Bakumatsu e a consequente restauração da Era Meiji no Japão levou um dos maiores protagonistas da batalha, Kenshin Himura, a trocar a sua espada por uma outra de gume invertido. Uma mudança que tinha dois grandes objetivos: evitar que mais sangue fosse derramado pelas suas próprias mãos, e que o apelido que recebera (Battousai, Lendário Assassino de Homens) fosse esquecido com o passar dos tempos.
Agora, no ano de 1868, Kenshin surge em Tóquio como um mero viajante que anda de terra em terra, para continuar a desfrutar desta fase mais pacífica da sua vida e cumprir com a sua promessa. No entanto, esta sua passagem por uma das zonas mais conceituadas da “Terra do Sol Nascente” vai ser tudo menos calma. Ao que parece, alguém anda a assassinar os polícias da cidade usando o nome de Battousai. Em paralelo com isso, Kanryu Takeda anda a fazer uso do seu poder e riqueza para preparar um “assalto” que lhe proporcione o controlo total do Japão.
Ao entrar em contacto com todos estes problemas, especialmente por intermédio de Kaoru Kamiya e Megumi Takani, Kenshin vai ser incapaz de ficar parado à espera que o caos se propague. O Samurai não vai resistir a fazer uso das suas capacidades extraordinárias para tentar devolver a Tóquio a paz e a tranquilidade de outros tempos. Para isso, o herói irá contar com a ajuda de velhos e novos conhecidos guerreiros.
Live Action Rurouni Kenshin | Ambiente e Enredo
Ao tratar-se de um Live Action japonês e não americano, desde logo o espectador pode desfrutar de paisagens e comportamentos por parte das personagens genuínos, o que dificilmente aconteceria se as circunstâncias fossem diferentes. Só por isso, esta longa-metragem é por si só uma bela oportunidade para aprofundarmos o nosso conhecimento sobre a cultura japonesa. A forma como os japoneses se comportam, o guarda-roupa e o estilo de luta exibido pelos Samurais logo nos primeiros minutos de filme são ótimos exemplos disso mesmo.
Tendo em conta que em avaliação está uma obra com pouco mais de duas horas de duração, é preciso compreender que não há tempo para se conhecerem a fundo as personagens. Apesar disso, a produção decidiu dedicar alguns minutos ao passado de Kenshin, o que assentou muito bem, visto que ele é a personagem fulcral da obra.
Já a banda sonora passa muito despercebida. A mesma só acaba por chamar à atenção dos nossos ouvidos durante algumas cenas de combate e quando aparece um dos maiores vilões da história, Kanryu. Neste último caso, nem é pela qualidade, mas sim porque a música é tão repetida que rapidamente a nossa mente a associa à dita personagem.
Live Action Rurouni Kenshin | As Personagens
O elenco é todo ele extremamente bem adaptado da criação de Nobuhiro Watsuki. Como tal, estar aqui a descrever as personagens para quem já viu “Rurouni Kenshin” é totalmente desnecessário. Contudo, como há sempre aqueles que partem para a visualização deste filme a conhecerem muito pouco, aqui fica uma breve descrição de algumas delas.
Kenshin é a típica personagem com um passado negro que atravessa agora uma fase de grande mudança. Ao deixar para trás a frieza e a crueldade dos tempos de guerra, o herói dedica-se agora a proteger aqueles que lhe são próximos. Todavia, sempre sem qualquer intenção de derramar uma gota de sangue que seja, ainda que alguns inimigos o mereçam.
Quanto a Kaoru Kamiya, o destaque vai para a sua personalidade solidária e de ajuda àqueles que lhe são próximos. Um aspeto que combina perfeitamente com o Kamiya Kasshin. Este é um estilo espadachim, passado de geração em geração na sua família, que tem como ideal o uso da espada para defesa e proteção daqueles que precisam e não para ferir ou matar quem quer que seja.
No que diz respeito aos antagonistas, realce para Jinei Udoh e Kanryu Takeda. O primeiro é no fundo uma réplica do Kenshin de outrora. Jinei adora fazer uso dos seus poderes e da espada para matar aqueles que lhe aparecem à frente. Derramar sangue tornou-se de tal forma um hábito, que o Hitokiri vive agora dependente do mesmo. O seu talento como Samurai é inegável.
Relativamente a Kanryu, este não é nada mais nada menos que um ganancioso que julga que consegue tudo o que deseja à custa do dinheiro e que quando é preciso sujar as mãos arranja alguém que o faça por si. Satisfeito pela mudança de Era, Takeda acredita que os Samurais há muito que perderam a sua utilidade na sociedade, tentando aproveitar os tempos difíceis que estes atravessam para fazer deles seus escravos.
Relação Manga/Anime/Live-Action
Comparar este Live Action com o manga ou a parte do anime que a segue fielmente leva-nos a encontrar várias diferenças. Desigualdades essas que não são propriamente más, muito pelo contrário.
Como facilmente se percebe, o realizador tentou pegar na matéria da obra original que era possível adaptar para o formato real e transformá-la apenas o necessário para que a longa-metragem não perdesse qualidade com as alterações. Isto resultou num Jinei como principal inimigo e num Kanryu a receber mais destaque que o merecido.
Todavia, é preciso ter em conta que esta foi uma primeira adaptação, o que é sempre mais complicada de produzir do que uma segunda, possibilidade essa que a equipa de produção deixou em aberto ao pegar no primeiro quarto da história. Quem sabe daqui a uns tempos não chegue por aí uma sequela onde poderá surgir o mítico Makoto Shishio ou o famoso grupo Oniwaban. Tudo indica que sim como se vai perceber mais à frente neste artigo.
O elenco também já foi aqui elogiado tendo em conta a semelhança com o da obra original, pelo que não vale a pena falar muito mais disso. De criticar, só mesmo Hajime Saitou que merecia um papel com mais destaque. Começou muito bem, mas depois foi perdendo importância com o desenrolar da longa metragem, quando era provavelmente aquele que despertava mais curiosidade em ver em ação a seguir a Himura.
As batalhas em si são também elas muito boas, algumas com inimigos nunca vistos. Só foi pena as técnicas e ataques originais terem sido aproveitados menos do que era esperado. Aqui Saitou volta a ser referência por demonstrar o seu épico Gatotsu mas de uma forma um pouco rudimentar. Também é preciso ter em conta a dificuldade de execução destes movimentos na realidade, mesmo com recurso aos efeitos especiais.
Live Action Rurouni Kenshin | Juízo Final
Com tudo aquilo que já foi dito nesta análise, onde muitos são os elogios e algumas as críticas a este Live Action de Rurouni Kenshin, resta-me então reforçar a sua qualidade e incentivar aqueles que ainda não o viram a fazê-lo. Independentemente de já terem visto Samurai X anteriormente. Para os fanáticos de artes marciais então é que ele é mesmo obrigatório. As batalhas (embora diferentes das originais), à semelhança do manga e do anime são mesmo o seu ponto mais forte.
O filme não é uma verdadeira obra prima, mas é extremamente agradável de se ver. Assim sendo, aqueles que vão já influenciados pela negativa devido a adaptações para Live Actions de outras histórias que saíram completamente furadas devem esquecer isso e entregarem-se ao filme sem qualquer tipo de juízo pré-concebido. Dessa maneira, certamente que irão apreciar muito mais as lutas, a cultura oriental exibida, os adereços e guarda-roupa peculiarmente adaptados do anime, a performance dos atores e, consequentemente, desfrutar de uma boa sessão de cinema.
A terminar, embora ainda não esteja totalmente confirmado, parece que vai haver mesmo uma sequela. Um resultado dos lucros avultados que este filme teve, segundo indica a distribuidora espanhola Mediatres Studio. Será no entanto melhor aguardar pela confirmação disto mesmo por parte de outras fontes.
Sem mais nada a acrescentar, deixo-vos com o trailer do filme que aqui analisei tão minuciosamente.
Já viram este Live Action? O que têm a dizer sobre ele?
Live Action Rurouni Kenshin | Trailer
Análises
Live Action Rurouni Kenshin
Boa adaptação, dentro daquilo que um primeiro projeto deste género permite e tendo em conta que a história original ainda estava longe do seu ponto alto por esta altura.
Os Pros
- Os momentos de ação;
- A forte presença da cultura japonesa que advém da obra original;
Os Contras
- Adaptação das técnicas e ataques originais de algumas personagens;