Magi surge na temporada de outono de 2012, como adaptação da manga de mesmo nome, tendo a A-1 pictures, como casa de produção, que albergou a responsabilidade da adaptação desta obra. Numa temporada em que se assume como género isolado, e não muito explorado, terá sido uma boa ideia a sua produção precoce?
Antes de começar a análise, têm que ter em consideração que a minha análise recai apenas sobre o conhecimento que tenho do Anime. É importante referir isto, pois existem muitas opiniões que apontam a discrepância de qualidade entre a manga e o anime, considerando assim a adaptação como algo mau em relação à obra original, mais especificamente na construção na narrativa e na ausência de algumas explicações que poderão ser cruciais para o entendimento da mesma.
A História
Esta é a história sobre a corrente do destino, e a sua batalha constante para se manter no caminho considerado correto. Alladin, é um rapaz (aparentemente novo), que está para iniciar a sua viagem pelo mundo após estar confinado grande parte da sua vida. Viaja acompanhado pelo seu melhor amigo, Ugo, um ser mágico que vive dentro de uma flauta de ouro. Na sua primeira viagem conhece Alibaba, e após algumas peripécias, decidem embarcar juntos numa viagem pelas Dungeons. Estas, se completas com sucesso, garantem aos vencedores, poderes místicos e riquezas exuberantes.
Mais tarde, Alladin descobre que é um Magi. Este, é um ser mágico que não pertence ao mundo humano, e tem como principal objetivo escolher uma pessoa, guia-lo e protegê-lo para que este se torne eventualmente um Rei.
Enredo
Alladin? Alibaba? Mas isto não é a história ocidental, também conhecida como “Alibaba e os 40 ladrões” fundida com o filme da Disney “Aladdin”? Bem, começo a minha análise por estes lados, sendo que é um dos primeiros entraves que o público coloca ao ler a sinopse. Respondendo então a esta primeira questão imposta pelo público: não, Magi não é uma narrativa roubada nem baseada noutra obra qualquer. Teve sem dúvida muitas ideias inspiradas nestas duas histórias ocidentais, como nos nomes dos protagonistas e claramente o ambiente que os rodeia. Deixando isto claro, vamos então à analise propriamente dita.
Tendo em conta que estamos a falar de um Shounen, temos que ter sempre em mente que a sua estrutura narrativa, será construída sobre um desenvolvimento lento. Assim sendo, o desenrolar dos acontecimentos leva o seu tempo (às vezes um pouco mais que o desejado). A premissa em si não é original, ou seja, ver apenas um ou dois episódios, não será algo suficiente para podermos observar e prespetivar o verdadeiro potencial da narrativa de Magi, bem como o verdadeiro significado da premissa que nos foi apresentada no primeiro episódio. O desenvolvimento de passo lento, leva a que muitos espetadores se afastem precocemente desta obra, no entanto, para os que ficaram, isto revelou-se algo bom, mostrando ter sido escrita de forma muito bem calculada.
Apesar da história numa primeira instância não ser nada de novo, o primeiro episódio de um modo geral é bastante interessante de forma a cativar o público a ver o episódio seguinte. Os conceitos são inseridos num formato esporádico, o ambiente do universo, bem como os elementos que o constituem, são estabelecidos com muito pormenor criativo o que vai transformando tudo num enredo original. As personagens não nos são apresentadas todas ao mesmo tempo, como por vezes acontece nos Shounen, em contrapartida são nos inseridas uma a uma, definindo com clareza as personalidades, motivos e objetivos, não esquecendo a forma e as razões das relações que são estabelecidas entre cada personagem.
Magi: The Labyrinth of Magic, não é apenas uma história superficial, sobre algumas personagens que se conhecem e iniciam uma viagem porque sim. Por de trás daquilo que se assemelha a uma narrativa padrão, existem temáticas abordadas com muito cuidado e até uma certa complexidade. Nestes irão encontrar questões políticas, desde a sua influência de baixo nível às suas consequências num nível mais alto. Abordam de uma forma brilhante o sistema económico, bem como a génese da moeda e as suas implicações. E claro, estes dois sistemas e as suas consequências em todo o sistema social.
Por fim, nem tudo é positivo, e muitas das coisas a cima referidas possuem o seu lado negativo. O desenvolvimento lento torna-se por vezes cansativo, o que quebra inevitavelmente o bom rumo que muitas vezes o enredo levava. Muitos dos gatilhos que dão origem a maravilhosos momentos narrativos, acabam por ser descaradamente convenientes.
Ambiente
Quanto maior for a fantasia inserida no universo narrativo da obra, melhor será a execução visual da A1-pictures. Este argumento já nos foi várias vezes provado através das mais diversas e até antagónicas obras, como por exemplo: Kuroshitsuji, Ao no Exorcist, Sword Art Online.
Penso que terá sido a primeira vez que esta produtora envergou pelos caminhos mais mediáveis da História, e fê-lo muito melhor que as expetativas que nos foram criando. Dito isto, o ambiente, mais especificamente nos desertos, nas cidades, assim como os edifícios, encontram-se recriados com muito pormenor e realismo, dando-nos a atmosfera arábica, absorvendo a atenção dos nossos olhos, e colocando igualmente a nossa mente naquele mundo. A coloração usa uma enorme palete de cores vibrantes, tornado o mundo e tudo que nele habita, mais vivo e bonito de visualizar. O design das personagens é bastante original, pormenorizado e cuidado, acabando por se tornar bastante único quando comparado com as imensas obras existente. Tendo em conta a quantidade vasta de personagens existente no mundo de Magi, cada personagem é destacada e desenhada de forma bastante coesa, conseguindo facilmente distinguir as personagens visualmente.
A animação começa bastante fraquinha, sendo apenas notável uma qualidade soberba nos primeiros segundos, segue-se então uma quebra de qualidade para os lados negativos ao longo da introdução e parte do desenvolvimento do anime, e mais ou menos a 3/4 do anime, a qualidade volta a subir e começa a manter uma maior estabilidade.
A banda sonora, é um misto de música do médio oriente e de música contemporânea, com grande incidência na essência arábica e egípcia. Tendo sempre sonoridades mais leves e que poderão fugir um pouco mais a estas temáticas, nas cenas com mais conteúdo humorístico. Esta última, aliada à maravilhosa arte criada especificamente para as cenas de comédia, proporciona-nos bastantes gargalhadas genuínas.
Juízo Final
Para fãs de fantasia, este é o universo ideal para mergulharem o vosso consciente. Tudo nele é agradável, desde o ambiente realista e surrealista até às personagens carismáticas, e muitas delas com personalidades bem fortes. Os elementos mágicos são usados num conceito bem inovador, bem como as lutas que os utilizam. No entanto, por vezes, os combates nos quais depositamos mais expetativas, tornam-se um pouco anti-climáticos. A história tem grande premissa e roça problemáticas bastante interessantes, o que poderá levar a uma temporada ainda melhor, considerando que esta se trata apenas de uma grande introdução para eventos ainda maiores.
Em suma, Magi, apesar de todas as quebras narrativas, um cliché ou outro, consegue surpreender em vários aspetos, deixa-nos a prometer uma segunda temporada ainda mais forte que a sua antecedente, e conclui-se num todo como uma indubitável lufada de ar fresco no género Shounen.
Como já referi, esta obra recomenda-se a fãs de Shounen e a fãs de fantasia que preferem a construção narrativa com caraterísticas utópicas e épicas. Em contrapartida, se nem apreciam shounen, então nem vale a pena tentarem começar a ver Magi: The Labyrinth of Magic.
Análises
Magi: The Labyrinth of Magic
Magi, apesar de todas as quebras narrativas, um cliché ou outro, consegue surpreender em vários aspetos, deixa-nos a prometer uma segunda temporada ainda mais forte que a sua antecedente, e conclui-se num todo como uma indubitável lufada de ar fresco no género Shounen.
Os Pros
- Universo incrível para fãs de fantasia
Os Contras
- Nada de relevante a apontar