Apesar de ser uma análise que chega um pouco fora de tempo, qualquer grande fã de One Piece está sempre pronto a antecipar os próximos acontecimentos e a debater os já passados. Por esta razão, ainda me parece útil desabafar sobre Dressrosa, a última saga completa do anime One Piece, que muito durou.
One Piece Saga Dressrosa – Recorde de Longevidade
Quem acompanha One Piece, desde o início até ao tempo presente, facilmente tem consciência que Dressrosa foi o arco mais longo de todos. Ainda assim, sugiro que olhem para os números e fiquem com uma maior precisão. Dressrosa teve início a 19 de janeiro de 2014, tendo terminado mais de dois anos de pois, precisamente a 19 de junho de 2016. Foram mais de 100 episódios, 118 para ser concreto, dedicados às aventuras de Luffy, Law e Doflamingo.
Sem dúvida que a estratégia do “engonha”, utilizada pela Toei Animation devido à proximidade do manga com o anime tem interferência nestes dados. Ainda assim, não deixa de ser um pouco “assustador”. Se One Piece por si só já muito promete durar, então a este ritmo nunca mais chega a bom porto. Muitos fãs certamente que não se importam, mas a verdade é que isto também tira entusiasmo a alguns momentos e fá-los perder o grande impacto que de outra forma poderiam ter. Passa tudo tão devagarinho …
Dressrosa – A Ilha do Amor, da Paixão e dos Brinquedos
Porque qualquer que seja o sítio por onde passam os nossos heróis, para além dos seus problemas diretos, existem sempre outros que afetam a população da região ou algo do género.
Em Dressrosa, não só o vilão foi de grande escala, como também todos os problemas da região. A opressão que na ilha se fazia sentir, oculta no interior de todos os cidadãos, a história de um Rei amargurado que perdeu o trono e se tornou criminoso, e a escravidão aplicada a uma parte do povo Tontatta, são alguns casos de dilemas criados por Oda que contribuíram para a longevidade deste arco. Uns foram capazes de a enriquecer a saga, outros diria que nem tanto.
Seja como for, manteve-se assim a abordagem a temas de grande importância para o nosso mundo real, como tem vindo a ser uma constante em todas as sagas de One Piece.
One Piece Saga Dressrosa – Corrida Colosseum
Quando logo na parte inicial foi apresentada a parte do Coliseu de Dressrosa e o concurso do Mera Mera no Mi que por lá decorria, imediatamente criei grandes expectativas. Infelizmente, estas vieram a ser defraudadas. Creio que Oda aqui podia ter feito muito mais, não tendo potenciado a excelente ideia a que deu forma. Com um Devil Fruit tão apetecível em jogo, num mundo de piratas sempre atentos a tudo o que se passa em seu redor, esperava ver por ali adversários de outro calibre e, consequentemente, batalhas de outro nível. Jesus Burgess foi a exceção à regra. É certo que Bartolomeo foi uma excelente surpresa desde ali até ao fim da saga, e outros surgiram em destaque que até à data eram meros desconhecidos. Porém, nenhum com o arcaboiço e reputação de outros nomes que a história já nos deu a conhecer. Pedia-se mais deste evento.
One Piece Saga Dressrosa – Donquixote Doflamingo
Dressrosa fica ainda marcada por apresentar um dos melhores vilões que Oda foi capaz de criar até à data. Houve uma grande onda de “marketing” em torno desta personagem, muito antes da entrada na saga. Contudo, todo esse hype foi justificado com o passado, as palavras, e os actos de Doflamingo. Como disse na minha análise ao volume 79 do manga, esta personagem revelou-se cruel, desumana e impiedosa até ao último momento.
Sem dúvida que o seu poder também é fantástico e fica claramente a ideia de que Mingo fez uso de todo o potencial deste. No entanto, Doffy torna-se uma personagem marcante da história acima de tudo pelo que referi no parágrafo anterior. Ou seja, não foi propriamente à custa do seu Devil Fruit que conquistou esse estatuto. Mais acrescento, a grande batalha entre Mingo e Luffy não foi tão excecional quanto se perspetivava. De alto nível, mas sem ser brilhante!
Dressrosa – Os Combates entre Personagens
Há muito que One Piece (Toei Animation) adotou a estratégia de estar constantemente a saltar de batalha para batalha quando existem várias em simultâneo. Porém, ou foi impressão minha, ou creio que em Dressrosa este aspeto atingiu um outro nível de saturação. Mais que desagradável, esta é uma situação que faz “perder o fio à meada”. Por vezes, uma batalha era capaz de estar mais de um episódio ausente e só mais tarde regressava. É irritante e um outro tipo de controlo devia ser feito pelo estúdio nesta vertente.
No que aos combates em si diz respeito, depois da reunião dos Straw Hats em Sabaody Archipelago, finalmente tivemos oportunidade de os ver verdadeiramente em ação (Fishman Island e Punk Hazard serviram apenas para aquecimento). Ou melhor, parte dos protagonistas! Em alguns casos creio que os seus adversários não estavam ao seu nível.
Por exemplo, adorei o combate do Zoro pelos golpes que este apresentou na parte final. Contudo, a verdade é que Pica nunca esteve à sua altura. Um duelo que foi mais o jogo do rato e do gato do que outra coisa. Por seu lado, Diamante tinha um poder com potencial que não foi devidamente aproveitado. Se houve acontecimento que me fez confusão foi Kyros, só com uma perna, derrotar este Oficial. Trebol também acabou por ser derrotado de forma estúpida, ficando claro que os membros mais reputados da família Donquixote estavam a léguas do poder de Doffy. Quer dizer, talvez falta de cérebro seja o termo mais adequado.
A fechar, uma palavra para Usopp que surpreendeu pela forma como derrotou Sugar. Uma agradável surpresa nos dois duelos, sendo que a brincar a brincar, foram gestos cruciais para os desenvolvimentos em favor dos Straw Hats.
Dressrosa – Produção Visual & Banda Sonora
Li, há algumas semanas atrás, um artigo sobre Dressrosa no The Daily Fandom, ainda nem tinha terminado de ver a saga. Curiosamente, chamou-me à atenção a abordagem feita pela autora do artigo à animação atual de One Piece. Pessoalmente, tinha a sensação de que a animação não estava tão boa quanto antes. Bem, parece que afinal não fui o único a reparar, apesar deste ponto nem sempre ser evidente.
Com os fãs mais que assegurados, pois trata-se de um anime long run, os responsáveis por esta parte do anime acabam por relaxar e não dar o seu melhor onde não têm pressão. Ou então, é uma consequência de terem de priorizar séries mais curtas, onde nem sempre conseguem cumprir com os prazos estimados de entrega. Também pensam o mesmo sobre esta situação, que não será única neste universo?
Por seu lado, a banda sonora, exceção feita a uma ou outra música exclusiva da saga, mantém-se igual a si mesma, o que neste caso é ótimo.
One Piece Saga Dressrosa – Juízo Final
Dressrosa é, de longe, a melhor saga do Novo Mundo de One Piece até à data! Esta justifica assim todas as credenciais que vinha a construir desde trás, graças às várias histórias e acontecimentos de elevada intensidade que conseguiu apresentar. Situações verdadeiramente excecionais, essas ficaram por existir. Não posso, por exemplo, dar tanto valor ao Gear Fourth de Luffy ou à maneira como este derrotou Doflamingo, comparativamente à altura em que foi apresentado o Gear Second ou quando Robin recuperou a vontade de viver.
Ao nível das personagens, dei destaque a Doflamingo em cima porque considero este um trabalho exímio de Eiichiro Oda. Todavia, Dressrosa fica também marcada pelo vasto leque de personagens importantes que conseguiu reunir numa ilha tão pequena ilha, juntamente com os passados sólidos e bem construídos que foram sendo revelados com o desenrolar da saga.
A inevitável aventura de Law e Corazon é, sem dúvida alguma, a mais emocional de todas. Mas depois surgiram outras também de alto nível. Por exemplo, a história de vida de Senor Pink e o sofrimento de Kyros que perdurou durante tantos anos. Já em modo acelerado, pois a análise vai longa e se fosse a falar de tudo o que Dressrosa apresentou teria que fazer deste artigo uma Bíblia, não posso terminar sem deixar aqui rápidas palavras a Sabo e Issho.
O aparecimento de Sabo não foi propriamente uma surpresa. Ainda bem que vamos poder contar com esta personagem daqui em diante, agora com os seus poderes reforçados. Porém, não será certamente pela sua intervenção em Dressrosa que deixará a sua marca na obra. O mesmo já não posso dizer de Issho. Não sei o que este vai conseguir no futuro, mas a postura que Issho apresentou em Dressrosa é, no mínimo, de louvar!
Pessoalmente, admirei os seus comportamentos e tomadas de decisão (a meu ver, altamente acertadas), com base nas situações em causa e na sua posição dentro da Marinha. Issho é a representação plena da palavra “Justiça” listada na capa que enverga. Assim deviam ser todos os membros desta organização. Agora, também é preciso ver que se assim fosse não teríamos história, portanto menos mal.
Por fim, parece-me inevitável a continuidade de One Piece a este pacing lento e enfadonho. Confesso que também detesto fillers. No entanto, parece-me mais do que óbvio que a adaptação está a perder muito com isto. Os acontecimentos não têm o mesmo tipo de impacto que teriam com outros ritmos, especialmente para os fãs que acompanham One Piece semanalmente. Enfim, é o que temos.
Com a promissora saga de Zou já a decorrer, despeço-me de Dressrosa com o excelente AMV que se segue.
One Piece Dressrosa – War of Survival
The Review
One Piece Saga Dressrosa
Talvez por ser de grande escala, ou não estaria em causa a saga mais longa de One Piece até à data, Dressrosa podia ter sido melhor em alguns aspetos da história. Ainda assim, e apesar de manter o ritmo lento de outros tempos, Dressrosa não deixou de ser a melhor saga do Novo Mundo até ao momento.
PROS
- Donquixote Doflamingo
- Issho aka Fujitora
- Os temas abordados durante a saga, implícitos na região de Dressrosa, que ainda hoje assolam a sociedade mundia
- Banda sonora
CONS
- Desenvolvimento lento e entediante da história
- As expectativas criadas pelo Corrida Colosseum não foram cumpridas
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