O ano 2013 deixou um pouco a desejar em quase todas as temporadas de anime que dele fizeram parte. “Inu to Hasami wa Tsukaiyou” foi um dos animes que o preencheu, nomeadamente na estação mais quente do ano. Será que contribui para o fracasso do ano em geral, ou terá sido uma excepção à regra?
A História
Kazuhito Harumi era um jovem rapaz cuja maior obsessão sempre foi a leitura de livros. Ler todos os livros existentes sempre foi um objectivo um pouco aquém do potencial deste rapaz, quando comparado com a sua maneira de viver centrada nos livros.
Certo dia, Harumi acaba por ser assassinado durante um assalto a um estabelecimento onde se encontrava. Como é demonstrado, a sua paixão pelos livros era tão grande que o rapaz conseguiu travar uma dura batalha com a morte, já que antes de morrer ainda tinha muitos mais livros para ler.
E não é que conseguiu? Devido a esta loucura pela leitura, Harumi vê-se reencarnado no corpo de um cão, que mais tarde é adotado por Kirihime Natsuno. Esta escritora jovem e sádica vai ao encontro de Kazuhito, visto que consegue ouvir tudo o que Harumi pensa.
A partir do momento em que se encontram, Harumi passa a viver com Kirihime, mas nem tudo é bom! A agressividade da escritora com aquela que é a sua arma mais perigosa, uma tesoura, irá trazer muito sofrimento à nova vida do ex-rapaz, mas também várias peripécias cómicas.
Ambiente e Enredo
Os poucos episódios que dão vida a esta série serão certamente curtos para se construir um bom fio de história. Ora, essa também nunca deve ter sido uma grande preocupação para os responsáveis de “Inu to Hasami wa Tsukaiyou“. Cedo se percebe que o objectivo principal passa por apresentar aventuras diferentes em cada capítulo, ainda que os seus protagonistas sejam quase sempre os mesmos. Uma estratégia que até poderia ter tido um resultado positivo, se grande parte das peripécias relatadas não fossem aborrecidas. Quando assim é, torna-se complicado entreter o espectador.
Aliás, a própria premissa inicial é um pouco estúpida. Um rapaz que morre e reencarna no corpo de um cão? Este é um factor de elevado risco de abandono para os que dão uma oportunidade a “Dog & Scissors”. Está fora do contexto que é o mundo real, e a parte ficcional, imaginativa e criativa é aproveitada da pior maneira.
Na verdade, para uma série cujas personagens principais são viciadas em livros é realmente estranho não se aprender nada em termos de cultura literária ou curiosidades sobre o mundo dos livros. Logo no início, Kazuhito e Kirihime assumem mais um papel de detectives do que de escritores, profissão interpretada até ao final da série, mas apenas com algum interesse. Num caso ou outro as coisas até se tornam atractivas e ficamos na dúvida sobre todo o mistério envolto na situação. O problema é que na maioria delas é tudo muito previsível.
Já a vertente cómica deste anime surge essencialmente nos diálogos acessos entre Harumi e Natsuno e, aqui sim, há um trabalho bem feito pela produção, visto que dá para se soltarem algumas boas gargalhadas.
Apesar de algumas personagens serem irreais, como é o caso de Harumi, em todas as outras vertentes a série assume um papel minimamente realista. Os ambientes em que tudo se passa não são excepção. Vários lugares citadinos são exibidos sem nada de anormal digno de referência.
Por fim, de referir a qualidade gráfica/desenho desta obra que é talvez o ponto mais positivo de toda ela, ao contrário da vertente musical que é verdadeiramente irrelevante. Há, sem dúvida, algum talento na elaboração das personagens e dos cenários visíveis.
As Personagens
Numa série que é tão curta em episódios como em personagens de relevo, segue-se uma descrição mais detalhada daqueles que são os grandes protagonistas de “Dog & Scissors”, Kazuhito e Kirihime.
Kirihime Natsuno é, como já disse, uma escritora de grande talento e com muito potencial tendo em conta a idade que tem. Seria difícil acreditar que uma rapariga da sua idade escrevera os livros que Natsuno escreveu, pelo que a jovem até assina as suas obras com o pseudónimo: Akiyama Shinobu.
Por outro lado, a escritora possui também uma parte sádica que está constantemente a vir à baila quando entra em diálogo/conflito com Harumi.
Como é normal em qualquer leitor, Kazuhito também tem as suas obras preferidas, sendo que a coleção existente de Shinobu é uma das suas prediletas. Talvez este fator tenha tido grande influência para que os dois se encontrassem após a transformação do rapaz.
Convém ainda realçar sobre esta personagem o gosto particular em fazer troça de Shinobu, neste caso pelos seios da jovem serem bastante pequenos. Por isso mesmo, também é um facto que Harumi se põe muitas vezes “a jeito” ao sadismo de Kirihime. Para nós tem piada, para ele é que já nem tanto.
Juízo Final
Num mundo como o do Anime, o aparecimento de séries com premissas inimagináveis, quer isto signifique a sua elevação aos céus ou a ridicularização de uma obra, é habitual. Infelizmente para os responsáveis de “Dog & Scissors”, esta produção ficou-se pela parte pior.
Ainda que nos consiga arrancar algumas gargalhadas e que o grafismo seja bastante aceitável, a história tem um nível de estupidez demasiado elevado para ser valorizada. Para além disso, não há fio de história e os confrontos resultantes das investigações feitas por Harumi e Kazuhito são também eles ridículos. Basta ver que a grande arma de Kirihime é uma tesoura, enquanto as suas rivais e adversárias surgem com vassouras que incluem lâminas escondidas e serras elétricas capazes de assumirem outras formas.
Logo que comecei a ver a série achei-a bastante aborrecida e a verdade é que o sentimento pouco mudou para melhor ao longo da visualização completa de “Inu to Hasami wa Tsukaiyou”. Conter apenas 12 episódios foi, sinceramente, uma alegria para mim.
Fica o trailer para aqueles que, apesar de tudo isto, equacionem um dia dar-lhe uma oportunidade.
Trailer Inu to Hasami wa Tsukaiyou
Análises
Inu to Hasami wa Tsukaiyou
Mesmo para uma série de comédia, esta produção deixa bastante a desejar. A sua história excessivamente estúpida contribui bastante para isso, além de não tirar nenhum aproveitamento nas outras vertentes da trama.
Os Pros
- Arte visual.
Os Contras
- Premissa e narrativa.