O anime Ansatsu Kyoushitsu, ou Assassination Classroom, é uma adaptação da irreverente e cativante obra manga, do mesmo nome, da autoria de Yusei Matsui, produzida pelo estúdio Lerche (Danganronpa e Monster Musume).
Chegou na Temporada de Inverno de 2015 (janeiro) e estendeu-se à Temporada de Primavera, sendo composta por um total de 22 episódios. Não deixou ninguém indiferente e estamos a aguardar impacientemente a segunda temporada que chega já no dia 7 de janeiro deste ano.
Openings:
#1 – Seishun Satsubatsu-ron (青春サツバツ論) de 3-nen E-gumi Utatan
#2 – Jiriki Hongan Revolution (自力本願レボリューション) de 3-nen E-gumi Utatan
Ansatsu Kyoushitsu | Maturação supera Sobrevivência?
Inicio esta, muito adiada, análise com uma citação retirada das Primeiras Impressões que tive de Ansatsu Kyoushitsu:
Embora pareça evidente que Ansatsu Kyoushitsu é uma dark comedy, que pega no mais sério e trata-o de forma ridícula, inesperada e hilariante, parece-me a mim que há pequenos indícios (olhando apenas para o primeiro episódio) de algo mais profundo, mais pesado e de fato mais intenso no enredo e construção das personagens.
Escolhi esta citação pois esta revelou-se um detalhe muito importante de clarividência, naquilo que eu creio ser um dos pontos fortes da série.
Embora o anime comece com a temática do desafio megalómano que deve ser superado, surpresa surpresa, por estudantes do secundário (e mais ninguém pelos vistos), esta trata-se apenas do isco que apenas fica bem e soa bem numa sinopse bem emoldurada de um qualquer website informativo.
O cativante e excêntrico Korosensei (Nerufufufu~) é muito mais que o cefalópode malvado que destruiu 70% da Lua (ainda sem explicação) e que ameaça destruir a Terra no final do presente ano letivo.
O status quo estabelecido na entrada para a sala da 3-‘End’, de alvo e assassinos, cai por terra bem antes da interrupção do primeiro cour. Focando os alunos na arte de assassinar a estranha criatura com um ano de prazo, faz com que o desempenho escolar pareça desnecessário, e no entanto o foco de Korosensei, é “salvar” estes alunos, ajudando-os a ver o seu potencial e levando-os a querer ascender numa escola que os abandonou completamente.
As técnicas de “matar” e o estudar para os exames do final do semestre começam a diluir-se uma na outra de tal forma, que tanto nos rimos de boca aberta de tentativas falhadas de assassinar Korosensei, como quase partimos as unhas ao assistir a luta dos alunos contra os “monstros” da matemática e linguística.
E é assim que Yusei Matsui-sensei nos entrega e dá a conhecer uma obra brilhante. Começa com uma premissa simples e não a esgota e espreme até ao ponto em que já não importa se Korosensei morre ou não. O contexto elementar da história sofre constantes mutações e provoca belas alterações no nosso foco a cada instante – hoje o foco é o Korosensei, hoje é um novo professor, hoje são os alunos X e Y, hoje são os alunos todos, hoje é um novo letal aluno – e tudo é quase brilhantemente executado.
Ansatsu Kyoushitsu | No melhor pano cai a nódoa?
Mas nem tudo é um mar de rosas e o “quase” que referi acima, tem que ser abordado. O facto de o elenco de Ansatsu Kyoushitsu abranger 28 alunos, 3 professores e ainda personagens essenciais que aparecem em determinados momentos da história, implica que para que o ritmo seja fluído e aliciante, haja um exímio controlo da exposição de cada uma.
O problema surge exatamente aqui. No início, a gestão dos alunos foi muito acelerada, de tal forma que quando mais tarde estes começam a surgir, não sentimos nem a sua presença nem relevância. Com o avançar dos episódios o foco é otimizado e esta falha vai-se esfumando, mas torna um pouco complicado o visionamento dos primeiros episódios da obra.
Este foi o único erro gritante que senti que o anime cometeu, podem haver mais falhas se passarmos cada frame por uma peneira, mas sinceramente, a obra acerta-nos na face com tanta espectacularidade e originalidade, que falhas assim são completamente invisíveis aos nossos olhos.
Ansatsu Kyoushitsu | Episódios em Férias: Resulta?
A opinião sobre o enredo está mais que dada, e penso que não há margem para dúvidas sobre a minha análise, contudo, achei por bem tocar neste assunto que geralmente costuma ser a falha de muitos animes: usar as férias em praia como desculpa para por as protagonistas em bikini…
Sofre Ansatsu Kyoushitsu desta maleita? Errr… Não.
Sim, poderia dizer que a “Bitch-sensei” andar com o seu corpo esbelto de bikini, terá feito triplicar as vendas de almofadas corporais da franquia, mas, essencialmente, o arc férias é uma fera completamente diferente dessas que povoam as nossas queridas séries.
O título refere o termo classroom (sala de aula) e por isso, é estranho poder pensar que a ação possa desenrolar-se noutros locais que não a escola. Mas, este arc, este segundo cour, é um diamante belo que, embora não ofusque a brilhante narrativa da primeira parte, de certeza que a embacia.
É uma lufada de ar fresco a presença de Korosensei e dos alunos da turma 3-E na ilha. A história foi assente em dois momentos que são o ganha pão da obra: momento de comédia, veraneante e de descontração, e momentos de drama e tensão, de assassinatos e outras tentativas, de maturação das personagens e de ação.
Ansatsu Kyoushitsu | Ambiente: Irrepreensível!
Nas Primeiras Impressões de Ansatsu, falei com alguma excitação contida sobre a produção visual e sonora do anime, mas agora posso soltar as amarras.
A animação começa em 100 e passa rapidamente a 110. Não me recordo de uma falha gritante de animação e penso que muito disso se deve ao jogo de luz que a equipa técnica de animação aplicou nos cenários de Ansatsu Kyoushitsu. As cores são muito brilhantes, sobretudo ao nível dos olhos, dando muita força à frase “os olhos são o espelho da alma”, e muito da “conversa” entre as personagens se passa a este nível, e ao nível da expressão facial no geral.
Este destaque ao nível da face ajuda a vincar a qualidade dos designs das personagens, pois embora uma ou outra pareçam mais insípidas (maioritariamente, devido à forma de ser da personagem), a generalidade dos intervenientes fulcrais do anime, detém um conjunto único e intransmissível de detalhes faciais e corporais que os ilumina no meio de tantas outras personagens, quando a narrativa o requer.
Passando de belos screenshots para animação em movimento, quero reforçar o quão fluída a animação é e o quanto melhora ao longo dos episódios. Esta é uma obra que começa num patamar elevado em termos de produção e se tentarmos apanhar erros na sua execução, só nos vamos aperceber o quão boa de facto é.
O som e banda sonora, além de imersivos são bons, realmente bons de forma a possuírem, no final da primeira temporada, uma distinta assinatura auditiva que nos vai dizer para o resto dos dias que aquele som, aquele segmento de música veio de Ansatsu Kyoushitsu.
Por tudo isto e muito mais… Obrigado Lerche, Seiji Kishi-sensei e toda a equipa técnica!
Ansatsu Kyoushitsu | Juízo Final: Volta depressa!
Não sinto a necessidade de me alongar na atribuição do veredito final sobre a primeira temporada de Ansatasu Kyoushitsu, dado todas as provas, ternurentas e fundamentadas, que sei sobre o meu sentimento ao longo de cada episódio.
A série merece sem dúvida saltar para os lugares cimeiros da vossa “lista da vergonha” (admitam, todos a temos).
A quem se destina Ansatsu? Gostaria de dizer: a toda a gente. E em grande parte, posso fazê-lo, mas torna-se necessário fazer algumas ressalvas.
Embora se trate de uma obra shounen é preciso ter em conta que aborda temas essenciais para o amadurecimento pessoal, mascarados de vivências juvenis.
Não está repleto de batalhas fantásticas e as que tem, apesar de espetaculares, focam muitas vezes o aspeto mental de um confronto ou encontram resolução por intermédio da capacidade inteletual dos intervenientes, por exemplo, os “gladiadores” dos exames de fim de semestre.
E por fim, por quebrar algumas convenções pelo bem da originalidade, como falar do ato de assassinar com tal jovialidade.
Se tudo o que foi destacado acima, e mais, te empolga, já sabes o percurso a seguir.
Quero ainda deixar uma nota especial a todos vós: se puderem apoiem em primeira mão o trabalho incrível de Yusei Matsui, o criador desta bela obra. Sem ele nada disto seria possível.
A mim, resta despedir-me de Ansatsu Kyoushitsu e do Korosensei e dizer-lhes “Até já, vemo-nos daqui a uns dias. Por favor não se atrasem!”
Análises
Ansatsu Kyoushitsu S1
Embora se trate de uma obra shounen é preciso ter em conta que aborda temas essenciais para o amadurecimento pessoal, mascarados de vivências juvenis. Não está repleto de batalhas fantásticas e as que tem, apesar de espetaculares, focam muitas vezes o aspeto mental de um confronto ou encontram resolução por intermédio da capacidade inteletual dos intervenientes, por exemplo, os “gladiadores” dos exames de fim de semestre.
Os Pros
- Premissa incrível e excelente execução. Korosensei é um achado e traz acima o melhor de cada personagem que o rodeia.
Os Contras
- Começo apressado e ansioso por mostrar os seus alunos, quase deitou por terra o 'pace do anime.