As novidades e curiosidades expostas pela divertida equipa de responsável pela edição portuguesa da Comic Con, conseguiram surpreender inclusive os mais cépticos. Depois de uma primeira introdução à conferência de imprensa proporcionada pelos anfitriões do evento, eis que apresentamos o restante resumo do que foi discutido no passado dia 2 de dezembro, no Cineteatro Constantino Nery, em Matosinhos.
Repórter: Há um ano atrás, quais eram as perspetivas de encontrar atores dispostos a estarem presentes?
Paulo Cardoso: Ao longo deste ano a organização bateu a muitas portas. Somos questionados muitas vezes sobre porque é que vem o ator A em detrimento do ator B, porque vem um artista de BD de um lado e não do outro, etc. Isto depende não só da vontade da própria organização, mas também de muitos fatores e de muitas variáveis. Quer pela incompatibilidade de horários, por causa das gravações onde os mesmos estão inseridos, quer pela escolha específica dos atores, tendo de, por um lado estar em voga, e por outro disponíveis e com vontade de participar. O fato de ser a primeira edição, não ajudou na hora das negociações, mas felizmente o número aumentou para bem longe do esperado. Hoje temos um cartaz com que nunca sonhamos, para uma primeira edição.
R: Como foi a receptividade do público?
PC: Infelizmente tivemos de explicar o conceito a muita gente. O conceito é extremamente popular no estrangeiro, em especial na América, contudo em Portugal foi necessário explicar em que consistia. Acreditamos que depois da primeira edição será mais fácil, logo decidimos apostar na primeira experiência.
R: Foi fácil encontrar patrocinadores dispostos a financiar o projeto? Alguns público ou só privados?
PC: Fomos apoiados sobretudo por entidades privadas que nos acompanham desde o início.
R: Relativamente ao modelo americano, quais serão as diferenças?
PC: O modelo será similar. Como puderam comprovar teremos um cartaz repleto de celebridades, com atividades e focos de interesse iguais. A diferença irá residir no mercado Web, com especial destaque nesta edição; o figurino nacional, com a presença dos atores responsáveis por dar voz às animações televisivas, tudo isto numa nova secção: Comic Con Kids, exclusiva da Comic Con Portugal. Para além disso, ao contrário das edições internacionais, não há qualquer restrição nos painéis das celebridades, todos podem assistir.
R: Quanto ao apoio da banca, esse foi possível?
PC: Nós batemos a todas as portas, tentamos todos os meios de financiamento. Não houve qualquer exclusividade de indústria ou instituição. As recusas por desconhecimento do conceito existiram, a indústria decidiu não apostar nesta primeira edição por desconhecimento. Só à uns meses atrás é que os financiadores começaram a surgir em força.
Toda a organização de uma primeira edição será sempre mais complexa devido à falta de elementos de comparação. Um exemplo, é na dificuldade que tivemos a convencer os atores a dar a cara nesta primeira edição e a facilidade com que nos foram confirmados alguns nomes já para a segunda. Um dos nomes vibrantes com o qual tivemos o prazer de contatar foi o do pai da Banda Desenhada: Stan Lee. Foi um sonho quase tornado realidade, entrar em contato com uma personalidade desse calibre e surgir a hipótese de ele fazer parte do nosso cartaz é algo difícil de acreditar. Infelizmente após confirmações e desmarcações sucessivas, ao longo destes últimos meses, não pudemos contar com ele nesta primeira edição.
R: Há algum tipo de filiação com as restantes Comic Con?
PC: Em comum temos sempre algo. Somos representantes de um conceito que aborda, como temas principais, Banda Desenhada e Cultura Pop no geral, desde Cinema, Jogos, Manga Anime. No entanto, cada cidade tem o seu figurino, São Diego é a mais conhecida, claro, e a com que todos nos vão comparar, temos noção disso. Não estamos filiadas, simplesmente partilhamos o mesmo conceito.
Graças ao apoio dos nossos enviados especiais Joe Reitman e Melo, pudemos contar com um cartaz rico em personalidades de destaque mundial quer do cinema como da BD, como todas as outras Comic Con. Nomes sonantes que foram fruto de muito trabalho e negociações, estarão presentes este fim de semana.
R: Como lida com as expetativas do público pela comparação com as restantes Comic Con, como S. Diego e Los Angeles?
PC: Para cada ator são necessários seis meses de preparação. Entre viagens, agendamentos, organização desde o momento em que ele sai de lá, tudo é rigorosamente preparado. Para além disso, eles são do outro lado do Atlântico, ou seja a viagem é longa. Enquanto nas Comic Con de Nova York, por exemplo, basta ligarem no dia anterior a meia dúzia de amigos e eles aparecem logo lá, aqui tem que ser tudo muito bem planeado, espero que o público compreenda tal. Desilusões há sempre, mas pede-se um desconto por ser a primeira edição.
R: O cartaz está fechado?
PC: O cartaz só fecha no dia do evento! Estamos sempre a receber novas confirmações a toda a hora, ainda à 10 minutos recebemos uma mensagem a confirmar mais uma estreia de uma série! O que só demonstra que a indústria começa a apostar em nós como portal de informação. Para além disso, recentemente foi-nos confirmado a presença de atores da série Vikings e as vozes da Disney Channel Portugal.
R: Porquê esta data?
PC: É um evento de nichos e de massas. Se o evento ocorresse no verão, o que seria óptimo para os cosplayers, por exemplo, corríamos o risco da reduzida adesão das massas, que não iriam abdicar de ir a um festival para ir à primeira edição da Comic Con. Em segundo, o fato de ser um fim de semana com feriado providencia um dia de descanso para os participantes, o que torna mais apetecível a visita.
R: Há números quanto à adesão espanhola? Como receberão esta iniciativa?
Melo: Os espanhóis receberam com bastante incredulidade. Quando perceberam que era real interessaram-se mas o conceito ainda é novo. Esperamos sobretudo público ligado à BD, principalmente do norte da Galiza.
R: A Comic Con terá cariz solidário?
PC: É uma das nossas diferenças face às restantes Comic Con. O nosso objetivo foi tornar o evento menos comercial, dar o nosso contributo. “Um lugar para o Joãozinho” foi a instituição escolhida, com apoio do Hospital S. João. 75% das verbas do Pack Experience serão revertidas para a solidariedade.
R: Joe, quais as suas expetativas para o fim de semana?
Joe Reitman: Eu já conhecia o Miguel e ele sabia que tinha os meus contatos com atores e managers. Contactou-me e pediu-me para ser intermédio nas negociações. Basicamente tenho que falar e contactar toda a gente. É um bom trabalho e aprecio o conceito. A não ser que faça asneira no fim de semana, em princípio ficarei associado às restantes edições! Quanto a expetativas para o fim de semana, depois de dois meses a gravar e enviar vídeos consecutivos, a pedido do Miguel, acho que vou ser muito filmado por ele! Eu não tenho muita percepção do que se passa aqui, cheguei à pouco e como estou longe é difícil ter uma real percepção.
As novidades e informações relativas, quer para esta edição como para as próximas, adoçam as expetativas de quem ama a arte e o conceito explorado. A entrevista na integra estará disponível, em breve, no nosso canal oficial.