Quatro anos! Foi este o tempo necessário para Attack on Titan regressar ao ecrã, após a estreia da adaptação anime em 2013. E a verdade é que tão depressa chegou como se foi. Foram 12 episódios que num instante nos fizeram felizes e logo no outro nos deixaram no desespero de querer saber mais. Agora só em 2018!
Contudo, antes disso, é importante perceber o verdadeiro valor de Attack on Titan 2, e até que ponto este novo trabalho do Wit Studio cumpriu com as elevadas expectativas criadas pelos fãs aquando da sua primeira aparição televisiva.
A Muralha que esconde a Verdade irá cair!
Attack on Titan 2 manteve o foco na Guerra entre Humanos e Titãs. Assim como no tema diretamente associado a este evento que, com toda a certeza, será peça chave no desfecho da obra. Refiro-me à Verdade escondida sobre as origens da Humanidade e dos Titãs.
No entanto, os acontecimentos que mantiveram estes temas em evidência não corresponderam aos que estavam em perspectiva antes do começo desta sequela. Veja-se a questão da cave da casa de Eren. O local que Grisha Yeager disse conter informações importantes sobre as origens das espécies e que tanto se falou na primeira série. Alguém se lembra de referências à cave de Shiganshina District em Shingeki no Kyojin 2? Eu não.
Um outro assunto que foi levantado no final da primeira adaptação anime e logo no primeiro episódio da segunda foi a questão dos Titãs dentro das Muralhas. Cheguei mesmo a dar destaque a isto no artigo introdutório que fiz sobre Attack on Titan 2. Todavia, com os Survey Corps a não conseguirem extrair nada de relevante do padre Nick, também este tópico caiu no esquecimento.
Em vez disto, o andamento dado a estes temas foi feito através da revelação de novos Titãs escondidos entre os Humanos. Reiner, Bertolt e Ymir! Sem dúvida que estes podem ser considerados os grandes protagonistas desta segunda temporada. Arrisco-me a dizer mais. Este trio pode considerar-se o principal responsável por muitos fãs continuarem ligados a Attack on Titan e desejarem ver a terceira temporada. As explicações surgem já de seguida.
O Castelo Utgard
O epicentro dos acontecimentos da primeira parte de Attack on Titan 2. Apesar disso, foi uma parte da produção cujo drama e suspense criados ficaram um pouco aquém das suas possibilidades. Porquê? Pela falta de ligação daqueles personagens com o espectador. Atualmente, a questão das personagens será o ponto mais crítico do anime, mas sobre isso falarei mais à frente.
Continuando, o mistério do ataque dos Titãs durante a noite e a presença do Beast Titan foi o que nos foi entretendo até Ymir revelar as suas capacidades escondidas e começar a afirmar-se enquanto peça chave para a revelação da Verdade tão procurada. A transformação de Ymir pode ser mesmo considerada a rampa de lançamento para o que se passou a seguir na história.
Dali em diante, poucas foram as oportunidades para o espectador respirar. Creio que só mesmo na altura em que ficamos a conhecer parte do passado de Ymir e da sua relação com Krista Lenz, pois nenhuma destas situações atingiu o seu ponto crítico.
Reiner e Bertolt revelam-se!
Mas se por esta altura ainda existiam dúvidas sobre a capacidade de Attack on Titan 2 garantir a qualidade da sua antecessora, Reiner e Bertolt fizeram questão de as deitar por terra. Depois de tudo o que se passara com a Female Titan, uma das grandes dúvidas que ficara da primeira temporada fora precisamente esta. Isto é, a possibilidade de outros humanos (conhecidos) estarem por trás do Colossus e do Armored Titan. O momento em que Reiner e Bertolt confirmaram as suspeitas de alguns espectadores e surpreenderam outros foi, acima de qualquer condição, fascinante! Quiçá, o melhor da série! Por vários motivos!
Primeiro, como já referi, porque deve ter deixado de queixo caído quem tinha um palpite errado ou não sabia de quem suspeitar. Depois pela maneira como esta cena foi construída a nível do enredo. Reiner foi quem tomou a iniciativa e decidiu fazer a revelação a Eren. Um diálogo extremamente bem elaborado e cujo ator de voz de Reiner Braun (Yoshimasa Hosoya) assegurou mais um desempenho brilhante.
Porém, antes disso, já os Survey Corps tinham feito investigações a fundo que os levaram a tais conclusões sobre estes Titãs especiais. Um estudo bem explicado ao espectador e que contribuiu bastante para o enriquecimento deste momento. Terceiro, e não de menor valor, até porque não é possível desfrutar disso no manga, a parte da animação e desenrolar da cena em slow motion, com acompanhamento musical de luxo.
Por último, pela Mikasa. Aquela reação fria e sem escrúpulos por parte da irmã de Eren vale a pena ver e rever, sem necessidade de qualquer adjetivo em particular. Porque no meio daquele cortar de respiração até a revelação tomar forma, só faltava mesmo um pouco de ação. Mikasa trouxe esse momento perfeito, que serviu como gatilho para o grande confronto.
O Rapto de Eren Yeager
A longa batalha que ocorreu fora das Muralhas, e que meteu um vasto conjunto de Titãs e de Humano frente a frente, trouxe uma novidade para a história. Quero dizer, a sobrevivência da Humanidade jogou-se fora das Muralhas e não dentro, como sempre aconteceu.
As personagens mais relevantes perceberam a importância de Eren para a Humanidade e a obrigatoriedade do seu resgate das garras do Armored Titan ter mesmo que acontecer. Este acabou por ser o salvador dele próprio e de todos os outros com a apresentação do que parece ser um novo poder. Chamam-lhe a Coordinate (Coordenada). Sinceramente não gostei deste momento. Achei-o demasiado forçado e até um pouco ridículo. Eren nem se quer fez nada de relevante para aquilo acontecer. Fica a ideia de que caiu mesmo do céu…
De volta ao rapto de Eren, também o considero importante por estar na origem de vários diálogos que envolveram Reiner, Bertolt, Eren e Ymir, todos eles referentes às origens dos Titãs e dos Humanos. Também não tenho dúvidas que alguns destas conversas só vieram levantar ainda mais dúvidas sobre a existência da Humanidade do que propriamente trazer até nós respostas esclarecedoras. Porém, sendo esta uma das principais razões pela qual vários espectadores seguem Attack on Titan, o anime não poderia passar sem isto.
A ausência dos Survey Corps até final
Como disse numa das minhas análises ao manga de Shingeki no Kyojin, não faço de Eren, Mikasa e Armin os principais protagonistas da obra. Ou melhor, ao nível de personagens, aquelas que mais me cativam são, sem dúvida alguma, os principais elementos dos Survey Corps. Erwin Smith, Hange Zoe e Levi.
Como tal, e aqui posso estar a ser bem parcial, penso que esta segunda série perdeu muito com a ausência deste trio. Levi foi quase uma nulidade. Hange Zoe teve uma ou outra intervenção razoável. Erwin Smith apareceu no final para mostrar o que é ser um verdadeiro líder, capaz de colocar as necessidades da Humanidade à frente do que quer que seja. Como facilmente se percebe, isto é muito pouco conteúdo para o valor e potencial desta gente que brilhou e me conquistou durante a primeira temporada do anime.
O fraco desenvolvimento das personagens
Eis o ponto mais negativo deste segundo capítulo do anime de Attack on Titan. Sem grande rodeios, porque só os humanos que escondiam poderes dos Titãs dentro de si é que tiveram andamento. E mesmo esses, com muito suspense à mistura, não atingiram os desenvolvimentos desejados. Caso para dizer que ficaram a meio do caminho.
Veja-se o tempo de antena considerável que foi dedicado a Ymir, Krista Lenz (que pelos vistos se chama Historia) e à relação entre as duas. Certo é que se chega ao fim da segunda temporada e pouca coisa importante se retirou da história deste duo.
Já a parte do cruzamento de Ymir, no passado, com Reiner e Bertolt trouxe alguma coisa. Não foi revelado para quem estes trabalham, mas deixou a ideia que existem outros humanos fora das Muralhas. Ainda no que diz respeito a Ymir, a sua história lançou também para o ar a teoria que os Titãs não têm consciência, mas que a ganham quando comem humanos. Será mesmo assim que funciona?
Inevitavelmente, este tópico acaba por ser mais um motivo que justifica a importância de Bertolt, Ymir e Reiner. Quase que se pode dizer que destes três ficou dependente todo o sucesso de Attack on Titan 2, pois relativamente aos (anteriores) protagonistas, nada com significado foi acrescentado.
Attack on Titan 2 – Visual e Animação
Dois parâmetros que já tinha destacado na análise à primeira temporada do anime. Desta vez, estou aqui para reforçar os elogios, mas com um ponto negativo. Um ponto que surgiu logo a seguir a um dos melhores momentos desta produção e que, pelo que me apercebi, foi crítica quase unânime entre o público de Shingeki no Kyojin.
Refiro-me à animação do Colossus Titan no momento em que este se transformou no topo de uma das Muralhas. Muito pobre e fraca quando comparada por exemplo com o aparecimento deste Titã logo na estreia do anime. Ainda para mais tratando-se de um momento crucial da história, a abordagem teria obrigatoriamente que ser feita de outra forma. Uma escolha que penaliza o restante trabalho soberbo nesta área que o estúdio desenvolveu até ao momento. Em paralelo decorreu a batalha entre Eren e Reiner, que já merece outro tipo de avaliação. À semelhança de tudo o resto, também este momento se apresentou em grande nível, tornando-o ainda mais cativante para qualquer espectador.
Acredito que, tal como no manga não será nada fácil para Hajime Isayama desenhar algumas das batalhas entre Titãs, também aqui o grau de exigência seria bastante elevado. Mas para isso é que se criam expectativas que depois não devem ser defraudadas.
Attack on Titan 2 – Banda Sonora
Rigorosamente nada a criticar. Perfeitamente sincronizada com cada cena apresentada. Também não esperava outra coisa do fabuloso Hiroyuki Sawano. Este saí-se com cada melodia que depois é o cabo dos trabalhos para os nossos ouvidos as esquecerem.
Sobre o opening e o ending mantenho exatamente tudo o que disse no artigo de primeiras impressões. A única correção é mesmo referente ao vídeo do ending que desvalorizei numa primeira fase. Já depois de conversar com o nosso leitor, Cesarini, e de avançar na leitura do manga, concordo que de facto poderá estar ali uma história implícita.
Attack on Titan 2 – Juízo Final
Attack on Titan 2 ficou condicionada logo desde a decisão de ter apenas 12 episódios. Na verdade, “limitada” será mesmo o termo mais correto a usar. Como referenciei ao longo desta análise, a dependência do sucesso desta sequela ficou completamente entregue a Reiner, Bertolt e Ymir, personagens que até à altura eram secundárias.
Atenção! Com isto não quero dizer que a produção foi um fracasso. Pelo contrário. Apesar de não ter tido o impacto que a primeira parte da história teve, o que é perfeitamente compreensível, e tendo em conta o curto tempo de antena, creio que no geral esta série manteve um bom rendimento e não vacilou assim tanto diante das expectativas criadas anteriormente.
Ainda que a evolução das personagens principais tenha sido nula ou medíocre na sua generalidade, e que os protagonistas tenham mudado, Shingeki no Kyojin conseguiu novamente misturar o drama, a ação, o suspense e o mistério da melhor maneira, mantendo-se assim altamente cativante para qualquer tipo de adepto.
Pessoalmente, por tudo o que aconteceu até ao momento, e por tudo o que esta primeira sequela deixou em perspectiva, eu continuo a sentir-me fortemente “agarrado” à obra, o que me leva a encerrar esta análise da seguinte forma. Terceira temporada, cá te espero!
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Trailer Attack on Titan 2
Análises
Attack on Titan 2
O regresso de Shingeki no Kyojin ao ecrã foi bom, mas longe de ser brilhante, tendo em conta as expectativas criadas pela sua antecessora. Esta segunda série serviu para por fim à longa espera dos seguidores da obra e, entre aspetos positivos e negativos, capaz de os deixar ansiosos pela terceira temporada.
Os Pros
- Arte
- Animação
- Banda Sonora
Os Contras
- Série muito curta
- Com a mudança de protagonistas sentiu-se a falta de intervenção dos principais membros dos Survey Corps, assim como o curto desenvolvimento de outras personagens principais da obra