Os filmes compilados de séries de 12 ou 25 episódios são produções que há muito se tornaram habituais neste tipo de entretenimento. “Attack on Titan Crimson Bow and Arrow“, primeiro filme da obra Attack on Titan (Shingeki no Kyojin), é mais um exemplo disso mesmo, ou não seria ele um resumo daquilo que se passa nos treze episódios iniciais da trama.
Uma vez que se trata de uma compressão de treze capítulos para duas horas de filme, achei por bem incluir aqui a premissa inicial da história para situar aqueles que possam ver o filme sem ler o manga ou ver a série. Sim, porque só existem dois tipos de público para quem esta produção está orientada: os que já viram o anime e querem rever os momentos mais importantes de uma forma rápida e intensa; e aqueles que querem descobrir se esta história de Hajime Isayama faz o seu género ou não, optando por esta longa-metragem para ter essa resposta.
Attack on Titan Crimson Bow and Arrow | Sinopse
Há mais de uma centena de anos atrás, a humanidade correu o risco de ser extinta do planeta devido aos ataques dos titãs. Estas criaturas, que de certa forma fazem lembrar o Ser Humano mas em tamanho gigante, não são dotadas de grande inteligência, mas o seu instinto leva-os a perseguir os humanos, a capturá-los e a devorá-los por mero prazer.
Incapazes de fazerem frente a esta força maior que habita o planeta, o Ser Humano só não desapareceu porque se conseguiu refugiar numa cidade composta por três paredes em forma de círculo (maiores que os próprios titãs) que impedem o avanço das criaturas. Ainda que o criador daquelas paredes gigantes permaneça um mistério, a verdade é que graças a elas a humanidade conseguiu reestabelecer-se e viver sossegada durante alguns anos, ainda que numa espécie de “cativeiro”.
No entanto, a paz é algo que infelizmente não é duradouro e, 100 anos depois do contacto “estabelecido” com o último titã, estes voltam a incomodar o Homem quando ele já confiava demasiadamente no poder das paredes que o rodeiam.
Naquele que seria mais um dia de má memória para a humanidade, tudo começou com o aparecimento de um titã colossal que fez uma brecha na parede mais exterior daquela fortaleza humana, permitindo às outras criaturas gigantes invadirem o território humano.
Uma das muitas vítimas daquela invasão foi a mãe de Eren Yeager, protagonista da história, e que levou o rapaz a jurar vingança contra todos os titãs. Dada a abismal diferença de força e tamanho entre estes dois tipos de criaturas que habitam a Terra, conseguirá Eren e o que resta da população fazer frente aos titãs?
Attack on Titan Crimson Bow and Arrow | Análise
Tendo em conta o tipo de filme, obviamente que a minha análise também não pode fugir muito àquilo que será uma comparação entre “Attack on Titan Crimson Bow and Arrow” e a primeira parte da série.
De um ponto de vista geral, a síntese foi bem feita, embora sejam notórias algumas falhas, que a meu ver eram inevitáveis mediante o foco dos seus responsáveis. Casos como o desenvolvimento de algumas personagens, assim como as origens e motivos de alguns acontecimentos da história.
A produção preocupou-se mais com os momentos de ação do que com alguns detalhes de concepção de Attack on Titan. A verdade é que uma escolha deste tipo tinha que ser feita! Não havia grande espaço de manobra, tendo em conta a longevidade dos momentos fulcrais de ação.
Assim sendo, o filme não demonstra o real valor do enredo aos espectadores que gostam de apreciar uma história pela forma como o seu autor interliga os vários pontos base, como ata os vários nós do enredo, ao mesmo tempo que cria uma onda enorme de suspense. Em alguns momentos do filme, a não ser que já se conheça a história, não se percebe porque aconteceu aquilo ou o porquê de determinada personagem estar a reagir assim. O “novo espectador” fica, com toda a certeza, baralhado.
SPOILERS! Veja-se o momento em que Eren se transforma parcialmente em Titã para proteger Mikasa e Armin. Não existe qualquer tipo de diálogo entre os três antes da transformação, não se percebe como foram ali parar, nem como Eren se lembrou de reagir daquela forma.
Aproveitando para fazer a ponte com as personagens presentes no filme, Armin Arlert foi o único cuja produção deu o foco necessário para se compreender os seus traços de personalidade mais importantes. Nem Eren Yeager, nem Mikasa Ackerman tiveram este protagonismo individual, o que não deixa de ser uma oportunidade perdida para se aumentar a qualidade do filme. No caso particular de Mikasa surgiram alguns flashs pouco elucidativos sobre o seu passado, factor que pode induzir em erro os “novos” seguidores da obra.
Desde a transmissão da série que não me canso de elogiar a parte da animação de Attack on Titan. Ora tendo em conta que a tecnologia utilizada é exatamente a mesma, mantenho a minha opinião e a minha admiração por esta vertente do anime. As lutas e a forma como os humanos se mexem em torno dos titãs com o 3D Maneuver Gear é absolutamente FANTÁSTICA. Incrível!!!
Como parte integrante da animação, temos o desenho das personagens e dos ambientes que não deixa também ele de ser de alta qualidade. Um desenho muito limpo, com elevado detalhe em todo e qualquer aspeto. Em suma, estes dois aspetos, que se complementam, apenas tiveram que transitar da série para cá, pois a fasquia de qualidade já estava num patamar de excelência.
Sobre a banda sonora de Attack on Titan Crimson Bow and Arrow, ela peca por não incluir em nenhum momento a música de abertura da primeira metade da série. Nem que fosse nos créditos finais. A banda sonora é consistente e tem boas badaladas é certo, mas depois de habituado àquele opening é difícil não esperar por ele, até mesmo num grande momento de ação. Afinal de contas, também ele foi um dos pontos marcantes dos primeiros episódios.
Attack on Titan Crimson Bow and Arrow | Juízo Final
Em suma, tendo em conta a estruturação de “Attack on Titan Crimson Bow and Arrow”, fica a ideia que a produção deu preferência a quem já conhecia a obra em vez de tentar conquistar mais fãs para Shingeki no Kyojin. Digo isto porque houve um maior foco sobre as cenas de ação (aquelas que nunca cansam rever) em vez de se aprofundar as bases da história e a concepção de algumas personagens de forma a tudo fazer mais sentido no final do filme.
Em contrapartida, também não discordo com a linha de pensamento que me diz que esta opção não fará grande diferença para os novos admiradores da obra. Shingeki no Kyojin é por si uma obra tão magnífica que tem mais do que capacidade para conquistar quem quer que seja pela ação ou pelo enredo. Visto este primeiro filme ou o primeiro episódio, certamente que a curiosidade e vontade de ver mais irá manifestar-se em qualquer adepto.
Se por alguma razão ainda não viram nem filme nem série e estão dispostos a começar, então recomendo a série ou, num plano diferente, o manga. O filme é mais uma questão de nostalgia e recap do que por outro motivo qualquer.
Attack on Titan Crimson Bow and Arrow | Trailer
Análises
Attack on Titan Crimson Bow and Arrow
Um filme compilativo dos primeiros 13 episódios de Shingeki no Kyojin que não deixa de agradar a gregos e a troianos, apesar de ter dado mais prioridade aos momentos de ação do que ao enredo da história.
Os Pros
- A permanência da componente visual e da animação oriundos dos episódios originais.
- Preferência pelos momentos de ação em relação ao enredo (na perspetiva dos fãs da obra).
Os Contras
- Ausência da música do opening do anime transmitida durante esta parte da história.
- Preferência pelos momentos de ação em relação ao enredo (na perspetiva dos desconhecedores da obra).