Barakamon surge na temporada de verão com um objetivo nada simples em mãos: envolver-nos numa viagem pacífica e emocional, para nos afastar do vendaval de ação, suspense e terror, que nos foi entregue ao longo de toda a temporada.
Adaptado de uma manga original com o mesmo nome, Barakamon é uma lufada de ar fresco no sentido correto daquilo que um Slice of Life é suposto ser. Tendo em conta que este é um género recente, e que cada vez mais tem uma grande tendência em se transformar em algo estereotipado, através de cenários escolares, designs moe, entre outras linhas cliché que saturam e nos cansam por completo de algo que ainda nos tem muito para oferecer.
Barakamon | A História
Como punição por socar um dos mais prestigiados Calígrafos, Handa Seishu foi “obrigado” pelo pai a exilar-se por uns tempos. Para quem está habituado a viver na grandiosa cidade de Tóquio, Handa sofre um choque a todos os níveis, tendo agora que se adaptar ao mundo rural.
Vê-se obrigado a lidar com visitas inesperadas, crianças persistentes, choques culturais e visões peculiares sobre tudo o que o rodeia. Quando se deslocou para este meio, tudo que pretendia era paz e sossego, de modo a treinar e melhorar a sua técnica como Calígrafo. Conseguirá ele sobreviver a todo este choque?
Mas será a arte da caligrafia japonesa, uma boa premissa para um anime?
Não existem razões para preocupação relativamente a este elemento da obra. A caligrafia não é, e está longe de ser, a temática principal de Barakamon, sendo apenas um meio de transporte narrativo. O enredo é sobre a arte em geral, sobre os artistas, sobre as relações sociais neste meio, sobre o contraste de perspetivas que existe entre uma pessoa do mundo urbano relativamente a uma pessoa do mundo rural, entre muitos outros temas cativantes.
Arrisca-se também a tentar definir o que é realmente o talento, será considerado apenas talento uma habilidade especial nata para determinada coisa, ou talento será também a grande aptidão que um artista tem para o trabalho árduo sem esperar recompensa?
Vagueia de lado para lado, enquanto nos mostra um pouco de todas estas temáticas, faz-nos pensar o quanto um artista tem que batalhar contra tudo que o rodeia, mas principalmente contra o seu “próprio eu”. Saber aceitar a derrota, saber aceitar que existirá sempre alguém melhor, tomar conhecimento que tudo isto não chega, oportunidades fazem parte do jogo, e não é por perdermos uma dúzia delas, que não conseguiremos ganhar uma décima terceira. Fala-nos da experiência de vida, e as raízes diárias que poderão fornecer inspiração a um artista.
Uma história com elementos tão naturais, reais, e ainda assim, tão pouco abordados a nível contemporâneo, têm como requisito personagens fortes, bem desenvolvidas e adequadas às questões debatidas no núcleo narrativo. E é isso que acontece! As personagens criadas por Yoshino Satsuki, conduzem todos os eventos de forma genuína, que faz com que nos liguemos a estas sem nos apercebermos, vamo-nos identificando gradualmente e de forma emocional, com os problemas que vão aparecendo, e quando atingimos o término de um episódio sentimos logo a necessidade de ver o seguinte.
Barakamon | O ambiente e o seu cheirinho a Ghibli!
É difícil não visualizar o paralelismo técnico que “Barakamon” possuí com algumas das obras dos amados estúdios Ghibli. Muitos são os pormenores que nos fazem lembrar e relembrar aquelas produções de grande nível: seja nas colorações vivas, nos traços realistas ou até nos contrastes relaxantes. Os cenários são limpos, nítidos e muito bem trabalhados. Toda a animação é fluída, alternando o seu realismo com cenas por vezes mais cartoonizadas para cultivar da melhor forma os momentos mais humorísticos.
A banda sonora é suave, imersiva e adequada. Acompanha lindamente os bonitos cenários, as diferentes colorações de todo ambiente, os momentos mais emocionais e também a fluída animação 2D. Quem realizou o casting para os Seiyuu é merecedor de uma grande salva de palmas, assim como os Seiyuu em questão. Do mais novo ao mais velho, as vozes foram extremamente bem escolhidas e as interpretações são fantásticas.
Barakamon | Será que vale a pena?
Bem, o juízo final pertence-vos. Eu recomendo esta obra a qualquer fã de anime/manga, a todos os amantes de arte, e por último (mas não menos importante): a todos os artistas! Se virem os 13 episódios e não gostarem do Anime, voltem aqui e partilhem a vossa opinião. (Se gostaram partilhem na mesma!)
A colaboração da narrativa de Yoshino com os estúdios Kinema Citrus, cozinhou uma narrativa com as medidas certas. Colocou arte, gargalhadas, questões pertinentes e filosóficas, arrepios nostálgicos e uma forte ligação com determinadas personagens, envolveu tudo e após 13 maravilhosos relaxantes episódios, nasceu este maravilhoso alimento denominado por Barakamon.
Análises
Barakamon
A colaboração da narrativa de Yoshino com os estúdios Kinema Citrus, cozinhou uma narrativa com as medidas certas. Colocou arte, gargalhadas, questões pertinentes e filosóficas, arrepios nostálgicos e uma forte ligação com determinadas personagens, envolveu tudo e após 13 maravilhosos relaxantes episódios, nasceu este maravilhoso alimento denominado por Barakamon.
Os Pros
- Premissa
- Desenvolvimento
- Personagens
- Produção Visual
Os Contras
- Precisa urgentemente de uma Segunda Temporada