Pergunta: Quantos dos que estão a ler esta análise (sim todos os 5) vêem filmes com gente a sério?
Poucos? Vou apostar que sim.
Por isso, podem não estar cientes de que a série de hoje, Black Lagoon, é uma homenagem a um tipo muito específico de filmes americanos. Especificamente filmes americanos de ação péssimos dos anos 90 que normalmente envolviam ou o Van Damme ou o Steven Seagal. Já viram o Double Team? É espectacular.
Black Lagoon Primeira Temporada – Análise
Ou o Hard to Kill? É estúpido. É espetacular.
Mas, Black Lagoon não é uma imitação direta deste tipo de filmes. Principalmente, porque é bom (e porque não tem o Steven Seagal).
Sim, Black Lagoon é bem melhor do que, em princípio, deveria ser. Porquê? Vamos ver.
Black Lagoon | História
O Rokuro Okajima é um homem de negócios japonês com um trabalho aborrecido, uma rotina cinzenta e uma vida incrivelmente medíocre. Isto muda quando, durante um trabalho que envolve passar pelos mares da Ásia Sudeste, ele é raptado pela companhia Lagoon, um grupo de piratas/mercenários da cidade Taiwanesa, Roanapur, que exige um resgate à companhia onde ele trabalha. Depois de umas desventuras, o Rokuro (agora apelidado de Rock) junta-se à Lagoon e começa uma nova vida cheia de armas, prostituição, drogas e morte.
Black Lagoon funciona por arcs, formatadas segundo os trabalhos que a companhia Lagoon tem que fazer. Estas histórias são basicamente um pretexto para os colocar em situações fixes com muita ação, como aquela vez em que eles lutam contra nazis. Não estou a falar de Neo Nazis. Estes são Nazis clássicos, com a farda e tudo.
A forma como eu costumo analisar anime (ou o que quer que seja) baseia-se em duas perguntas: “Quais são os seus objetivos?” e “Concretiza ditos objetivos bem?”. Black Lagoon procura ser divertido/fixe e atinge esse objetivo com muita facilidade. No entanto, a série tem um tema, que é mais trabalhado na segunda temporada, mas já começa a mostrar-se e a tocar em certos tópicos que serão explorados mais tarde (eu falarei mais disto quando eventualmente analisar a segunda temporada).
Mas, tirando isso, o que temos aqui é uma série de ação forte, com momentos de, por falta de outras palavras, “porrada da boa” e ideias fixes para histórias. Black Lagoon é a perspetiva japonesa sobre o que um filme de ação americano é, e é ainda mais fixe do que filmes de ação americanos.
Black Lagoon | Personagens
A série é quase totalmente focada nas personagens. Por isso é um bocado depressivo que, da equipa principal, só dois é que são desenvolvidos.
O Rock é reservado, calado e não gosta de confrontos. Ele é a personagem que nós acompanhamos e é através dele que conhecemos Roanapur, o pessoal da Companhia Lagoon e as outras personagens que habitam o mundo maluco desta série. Já vi algumas pessoas que não gostam dele por ele ser um cobarde, mas tentem vocês acordar um dia como um pirata depois de uma vida totalmente normal. Vejam como é que lidam com isso. Eu gosto do Rock, é o que eu quero dizer. Ele é o típico “protagonista normal arrastado para uma situação extraordinária” mas com ele há lá mais qualquer coisa. Uma espécie de loucura, a borbulhar debaixo da superfície, a tentar escapar. Não vou dizer mais que isto. Vejam vocês a série.
A seguir temos a Revy, a razão para ver esta série. Ela é agressiva, violenta, barulhenta, sensual (?) e totalmente doida. Ela adora violência, ela adora sangue, ela não tem moralidade nenhuma mas tem um passado complicado que a tornou como ela é. A Revy devia ser o padrão que Hollywood segue para fazer mulheres em filmes de ação: Fixes mas com emoções e motivação. E doidas. Não esqueçamos que têm que ser doidas.
E depois temos o Dutch e o Benny. Eles são os dois outros membros da Companhia e… estão lá. O Dutch é basicamente o Denzel Washington e, de certa forma, o líder da companhia que organiza os trabalhos e tem os contactos todos. O Benny é o cromo. Ele usa camisas havaianas. Eles são pouco desenvolvidos e eu gostava de ver mais deles. Esse é o grande problema com Black Lagoon relativamente à equipa principal: dois são explorados e desenvolvidos e dois têm os seus momentos ocasionalmente. É frustrante porque metade das personagens principais são quase personagens secundárias.
Falando em personagens secundárias, há umas quantas constantes mas, no geral, mudam de história para história. Temos nazis, freiras armadas, mercenários, uma maid assassina, uma outra assassina chinesa e um condutor australiano que está, como disseram os fun., “higher than the Empire State”.
No geral, admiro a série pela variedade de personagens ao longo da história, mas continuo desapontado pela falta de foco no Dutch e no Benny. Sim, eles têm momentos mas eu gostava de saber mais sobre eles tipo backstories ou a perspetiva deles sobre o mundo ou sobre aquilo que fazem. Mesmo assim, Black Lagoon safa-se porque as personagens são tão memoráveis, que mesmo quando só aparecem durante uma história deixam um impacto com o espetador, mesmo que esse impacto seja “Esta personagem é super fixe”. Isso deve contar para alguma coisa.
Black Lagoon | Animação
É boa. Não é exatamente fantástica mas é muito boa. A ação flui bem, mantém-se tudo bastante bem composto, nunca nada sai dos modelos.
Não sei que mais dizer. A animação é sólida, eles claramente nunca se esticam muito para além do standard do estúdio, mas o estúdio é a Madhouse por isso o standard é alto. Boa animação.
Black Lagoon | Som
Em termos de língua, eu recomendo a dobragem em inglês. A atuação não é exatamente perfeita mas o diálogo leva mais referências da cultura popular e asneiras. Montes de asneiras.
E, mesmo sem isso, eu acho que as vozes em inglês têm uma certa rijeza característica do inglês. Na minha opinião, funciona muito bem.
A banda sonora é 90% rock, o que é de esperar. Funciona bem e o tema que eles costumam usar nas cenas de ação é fixe. O problema é que como esta série tem mesmo esse feel de ser um filme de ação americano, eu acabo a ficar à espera que comece a dar AC/DC, Guns N Roses ou Black Sabbath, e em vez disso fico com uma versão que não é má, mas que não é exatamente o que eu quero. É uma esquisitice minha, mas achei que valia a pena apontar.
A música de abertura é espetacularmente Rock N Roll e gostava que fosse usada para uma ou duas das lutas na série. Nem sempre temos o que queremos, infelizmente.
Black Lagoon Primeira Temporada – Análise | Opening
A música final é surpreendentemente boa e pesada, lembrando-nos que as coisas que estamos a ver podem parecer divertidas, mas são na verdade muito negras quando pensamos bem nisso. É muito efetivo e acho que nunca vi uma anime a usar assim a música final.
Black Lagoon | Pensamentos Finais
Querem uma série de ação com todas as armas, sangue e gajas fixes que alguma vez podiam querer e que é bem melhor do que, em teoria, deveria ser? Então, Black Lagoon é a série ideal para vocês.
Na minha opinião, é a série padrão para comparar outras séries “divertidas”. Muitos fãs tentam usar isso como uma desculpa para uma série má e Black Lagoon é a resposta a essas pessoas. É divertido mas não é estúpido. As personagens fazem coisas fixes, mas têm personalidades e motivações únicas. É uma anime bem feita, bem escrita e aconselho vivamente a verem, um dia que estejam sem nada para fazer. Também aconselho a porem o Shoot to Thrill a dar no fundo, para dar mais ambiente.
Análises
Black Lagoon
Black Lagoon é divertido e inteligente, com ação e personagens bem formadas.
Os Pros
- Personagens Principais
- Animação
Os Contras
- Falta de desenvolvimento em algumas personagens com potencial para serem mais