Então não é que Blue Period nos pregou uma ganda peta? Eu já estava pronta para uns bons 25 episódios, já mentalizada para fazer muitos mais comentários… mas acabámos abruptamente 🙁
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Blue Period Episódio 12 – Opinião
O último episódio de Blue Period parece um episódio normal, tal como todos os outros. Apesar de ter gostado de, mais uma vez, acompanhar o processo de realização do quadro de Yatora, sinto que faltou um pouco de charme na realização do último episódio. Parece que ficámos assim pendurados, meio dentro meio fora do resto da história que há-de vir, espero eu. Sobre a forma de uma season 2, espero eu.
Contudo, deixo apreciações mais gerais para o final do comentário. Por agora vamos ver o que aconteceu neste episódio e o que mais gostei no último dia do exame de artes de Yatora e do resto da malta.
Ansiedadezinhas oleosas
O Yatora derramou uma lata inteira de óleo no caderno e a malta olhou para ele como se ele fosse chanfrado do juízo. Afinal de contas é uma estratégia bem incovencional. Contudo, o que mais me impressionou neste episódio foi aquela parte mesmo relatable do Yatora admitir que o seu excesso de planeamento dos seus projetos artísticos advém de uma falta de confiança face às suas capacidades. Quase como se ele necessitasse de acrescentar algo à arte dele para a tornar especial, já que na sua essência não é (segundo ele, né). Uma ansiedadezinha e falta de autoestima mesmo gostosas, eu diria.
Mas, vá lá, o Tsundere Yotasuke lá deu umas palavrinhas de consolo ao Yatora que o deixaram literalmente em lágrimas. Neste caso, também os sentimentos de Yatora são muito relatable. Quando alguém nota e aprecia o teu trabalho árduo, nasce aquela gratidão no peitinho que aquece o coração e a alma, não é? E a autoestima lá subiu um pouco! (hupi)
Livro de autoajuda do Yatora?
Na verdade, gostava de pegar nesta ideia de “autoestima” que falei anteriormente e que considero ser o tema chave de todo o episódio. Se estivéssemos num programa da tarde da TVI todo lamechas, provavelmente iriamos ter alguém (talvez a Cristina quem sabe) a passar-nos as mãos pelas costas dizendo, “tens que te amar a ti mesmo” e cenas dessas. Nunca questionei a importância do amor próprio na minha vida, mas irrita-me esta positividade bem tóxica que obriga-nos a gostar de nós mesmos, e é aí que está (supostamente) a chave para o sucesso na vida.
Blue Period é exatamente a abordagem face ao tema de autoestima que eu precisava. Gostas de ti? Ok, não muito. Sabes que tens uns bons defeitos… sabes que tens muito em que trabalhar mas… está tudo bem! É esta a visão renovada que Yatora nos apresenta. Não conseguimos ser confiantes? Tudo bem! Desde que cuidemos de nós mesmos e tenhamos paixão e fé naquilo que fazemos (mais que ninguém) podemos continuar em frente.
Amei a forma como Yatora admite esta sua falta de confiança e argumenta que sim, coloca uma fachada que o faz parecer mais confiante nos olhos das outras pessoas, mas é nas inseguranças que está o seu “eu”. Quando Yatora fica sozinho perante si mesmo apenas lhe resta, como a todos nós, admitir estas inseguranças e entender que nelas vivem partes únicas e fenomenais da nossa personalidade que não nos torna, necessariamente, mais fracos, mas sim, mais fortes e especiais.
Mas como ninguém vos paga para lerem as minhas reflexões de vida profundas, passemos então a uma avaliação mais global deste anime.
Comichões no nariz
Considero Blue Period um anime muito bom. É claro que, tendo em conta o material de base, o estúdio de animação tinha todas as condições para fazer algo fenomenal. Blue Period tocou-me e fez-me refletir em questões muito pertinentes, através de uma abordagem refrescante a temáticas intrigantes e originais. A qualidade narrativa desta série é, para mim, o seu ponto mais forte, para além da psicologia complexa de Yatora e Yuka.
Contudo, arrisco-me a dizer que Blue Period tinha potencial para ser um anime ainda melhor. Em muitas frames a animação tem falhas que não passam despercebidas. O problema é que, tratando-se exatamente de um anime sobre arte, uma animação menos cuidada adquire proporções ainda mais gravosas do que em outros animes. Mas sinceramente, não me queixo muito, porque vocês já olharam para o cabelo do Yatora? Aquilo é o pesadelo de qualquer animador, meu deus. O outro aspeto que me fez comichão no nariz foi o pacing, extremamente acelerado. Parece que estive sempre um pouco perdida em termos temporais durante a série inteira. Mas pronto, foi assim só uma comichão do nariz e a alergia já me passou.
Blue Period Episódio 12 – Para concluir…
No final do dia Blue Period, tem os seus defeitos, mas as suas qualidades ultrapassam, em muito, os lapsos desta adaptação. Blue Period é um anime que não se iguala a nenhum outro, é um género em si mesmo. É uma obra que toca na ferida, que nos faz pensar, que nos oferece perspetivas de vida não convencionais sem esconder o lado mais “feio” do mundo artístico: o stress, a competição desenfreada e os preconceitos sociais à volta dos artistas e da arte em si.
Na figura de Yatora, Blue Period reinscreve a arte nas dinâmicas da vida, enquanto ferramenta essencial para entender o nosso mundo exterior e interior, ou pelo menos, tentar. É exatamente por estas razões que Blue Period não é um anime apenas sobre arte. Blue Period é um anime sobre a vida de Yatora que se revela aos poucos, através da arte. No entanto, esta arte não revela as verdades primeiras. Ela apenas abre caminhos para o nosso protagonista, e para todos nós, podermos chegar (pelo menos) um bocadinho mais perto daquilo que consideramos ser a “nossa verdade”.
E vocês? O que acharam Blue Period episódio 12? Comentem em baixo!
Encontramo-nos em breve para mais análises!