Break Blade foi uma das mangas contempladas com adaptação televisiva no ano 2010. Nessa altura, e por intermédio da Production I.G. e XEBEC, deu-se início à produção de meia dúzia de filmes sobre a obra, com vista a tornar as aventuras de Rygart Arrow e companhia mais animadas. Terminado o projeto cinematográfico, as duas produtoras voltaram a reunir forças, na primavera passada, desta vez para compilar os acontecimentos dos vários filmes numa curta série de 12 episódios. Será que os resultados foram positivos?
Break Blade – A História de Rygart Arrow
Tudo se passa no continente de Cruzon, território onde se iniciou recentemente uma guerra entre a nação de Atenas e o Reino de Krisna. Os robôs (mechas) são as grandes armas de combate das duas regiões, independentemente de uns serem mais evoluídos do que outros. Qualquer piloto que queira assumir o comando de uma destas poderosas máquinas deve ser capaz de manipular quartzo a seu belo prazer.
Na verdade, esta característica, que parece ser extraordinária e até oriunda de feitiçaria, é incrivelmente comum entre os humanos, contando-se pelos dedos aqueles que não foram dotados desta capacidade. Rygart Arrow, o protagonista da história e grande amigo do Rei de Krisna (Hodr) é um deles. Porém, é precisamente esta ausência de poder que o vai levar aos comandos de um dos robôs de outrora, durante uma das suas raras visitas à capital do reino. Tudo indica que aquele antiquado – mas fabuloso! – Golem foi concebido especificamente para Rygart. Depois de tentar negar a si mesmo a possibilidade de controlar o Golem, o rapaz vai tomar consciência da responsabilidade que lhe caiu sobre os ombros e da importância que a sua intervenção pode ter na guerra de Cruzon. Será bem sucedido?
Da pouca expectativa ao interesse crescente pela história!
Em qualquer projeto, a premissa da história e a forma como ela é apresentada são fatores muito importantes. Mais ainda, quando em causa está uma produção de apenas 12 episódios. Neste aspeto, Break Blade esteve mal, e certamente que perdeu o tipo de espectadores que desistem de uma obra ao fim de 1 ou 2 episódios, caso não encontrem valor naquilo que viram.
O arranque foi deveras passivo, com o protagonista a demorar algum tempo a assumir a sua verdadeira posição, e com a inclusão de algumas explicações que poderiam e assentariam melhor se tivessem surgido mais tarde na trama. As cenas do passado podiam ter sido adiadas, assim como o aparecimento de algumas personagens irrelevantes para a parte inicial.
A meu ver, Broken Blade (nome alternativo deste anime) só começou a ganhar entusiasmo quando Rygart se adaptou ao seu poderoso Golem e se interpôs entre os seus grandes amigos: Hodr e Zess, que se tornaram inimigos por representarem territórios diferentes.
Ao nível dos grandes protagonistas, o jovem sem poderes conseguiu, repentinamente, mudar o rumo dos acontecimentos nas batalhas onde surgiu. Ou pelo menos deixar a sua marca onde tentou interferir, elevando o nível de qualidade da série e levando o espectador a querer ver o que se ia passar a seguir em Break Blade, tanto ao nível de batalha como dos relacionamentos entre as várias personagens. Pena terem sido necessários 3 a 4 capítulos para tal acontecer, o que equivale a cerca de 30% da série. É demasiado tempo para quem ambiciona conquistar o público.
Um enredo demasiado grande para 12 episódios!
Depois de demorar a surgir a primeira parte interessante da história, pode dizer-se que Break Blade foi de vento em popa até ao seu final. Muitas foram as batalhas travadas pelos grandes protagonistas, e vários os momentos em que as personagens relevantes tomaram decisões inesperadas e atuaram de maneira surpreendente. Uma vez tomado o gosto ao anime, a conclusão repentina soube a pouco.
Se o Reino de Krisna foi mais ou menos bem explorado, com uma ou outra exceção que mencionarei mais à frente, o mesmo não se pode dizer de Atenas ou das suas regiões envolventes, constituídas por guerreiros extremamente talentosos ao comando dos seus robôs evoluídos. Quis-me parecer que várias personagens de papel importante ficaram por conhecer deste lado do território, já depois da produção lhes ter dedicado algum tempo de antena para uma apresentação ao público. Os homens do governo ateniano são alguns exemplos aplicáveis a esta situação.
SPOILERS!!! Talvez seja mais um problema da história em si do que da própria produção, mas o caso do desaparecimento do irmão de Rygart, que aparece do nada no episódio final, é algo caricato. Particularmente depois de tanto ter sido procurado pelo irmão. Sem nunca ser apresentado em cena, com excepção do primeiro capítulo, a sua presença no local onde qualquer civil dificilmente surgiria é, no mínimo, ridícula.
O regresso das grandes batalhas mecha de antigamente
Hoje em dia, o recurso à tecnologia CGI é uma constante nas séries deste tipo. Veja-se o caso de Aldnoah Zero, por exemplo. Contra isso? Nada! Nada mesmo! Até porque os resultados que estão à vista são francamente positivos. Todavia, Break Blade optou pela vertente do desenho e os resultados foram muito bons! A par do desenho dos robôs, as grandes investidas destas máquinas tecnológicas, as suas armas, a sua destruição, tudo foi minuciosamente concebido “à antiga”, e ainda bem que assim foi.
Por falar em desenho, aproveito também este ponto para abordar os ambientes responsáveis por tornarem todas as cenas de Break Blade mais apelativas. Os desfiladeiros e os percursos montanhosos são presença assídua nas lutas. Do outro lado das muralhas, ou seja, dentro da própria Krisna, um forte elogio aos desenhistas, cujo talento pode ser apreciado nas várias vezes em que o reino surge num plano elevado, de onde é possível observar muitos dos detalhes que “iluminam” aquele local. Num ambiente mais mecânico, como é o dos armazéns de recolha e reparação dos vários robôs de combate, também não há rigorosamente nada a apontar, ainda que a parte artística não se sobressaia tanto.
A parte musical de Break Blade cumpriu com o seu dever!
É isso mesmo, cumpriu! Esta é, a meu ver, a melhor palavra para caracterizar a vertente musical de Broken Blade. As melodias e exaltações sinfónicas que acompanham os momentos mais calmos e de grande ação, respetivamente, são mais do que satisfatórias e, portanto, também nesta vertente o espectador dificilmente terá alguma coisa a apontar.
No que diz respeito aos openings e endings, diria que todos eles adoptam um estilo muito tradicional, onde todas as personagens de relevo recebem um pouco de atenção, à medida que vão tocando as músicas interpretadas por Sayaka Sasaki e Aira Yuuki.
Um futuro promissor para a uma amostra demasiado curta!
Em jeito de conclusão, cabe-me dizer que é realmente uma pena esta série ser tão curta e explorar de forma muito precoce algumas das suas personagens mais importantes. Girge é o exemplo mais claro, tendo aparecido e desaparecido muito depressa. Depois da importância demonstrada na reta final da história era, sem dúvida, um dos casos dignos de mais atenção. Compreende-se não a ter tido, visto que a única alternativa para corrigir o problema era o alargamento do número de episódios e da história.
Basicamente, para quem quer desfrutar de uma boa dose de ação do tipo mecha, aventura, e de uma pequena dose de conteúdo ecchi – que a produção não quis deixar de incluir – tem aqui uma boa recomendação. Ainda que possa demorar um pouco até se tornar interessante, desde o primeiro momento em que se sintam cativados em ver o que se vai passar a seguir, não mais vão querer deixar para trás Broken Blade.
Fica o trailer e a esperança de que uma nova produção relacionada com esta criação possa surgir em breve, pois há conteúdo e qualidade no enredo para se fazer algo ainda melhor, apesar dos resultados apresentados já serem francamente positivos.
Trailer Break Blade
Análises
Break Blade
A nova conjugação de forças da XEBEC e Production I.G. trouxe para o ecrã uma adaptação bastante agradável de Break Blade, embora demasiado curta para o potencial demonstrado.
Os Pros
- A técnica desenhista aplicada nas batalhas mecha.
- A história consegue despertar um interesse consistente e sustentado no espectador após os primeiros episódios.
Os Contras
- Número de episódios insuficiente para o potencial da obra.
- Risco de perder potenciais fãs por demorar algum tempo a tornar-se interessante.