A nostalgia que nos assombra quando revemos ou simplesmente ouvimos falar de produções que literalmente fizeram a nossa infância é grande. A dificuldade de descrever o que a famosa geração de 90 sente quando nomes como Digimon padecem soltos na tela de qualquer dispositivo de informação é imensurável. Contra mim falo, como derradeira criança da década de 90 sou automaticamente embrenhada no saudosismo tão caraterístico da minha geração.
Digimon foi uma das maiores obras criadas daquela época. Direcionada para um público mais infantil que, teoricamente, a par de outras séries do mesmo tempo, como Dragon Ball ou Samurai X, fez as delícias de jovens e crianças durante anos. Controversa, tocante, apaixonante e sobretudo envolvente, trazia a todas as manhãs de domingo um pouquinho de magia. Era um verdadeiro impulsionador para mentes criativas de uma faixa etária que demonstrou ser bem mais alargada que o esperado.
O imaginário que habitou por anos nas nossas vidas não morreu com o final da transmissão, ou mesmo com crescimento dos expetadores. Nomes como Sora, Izzy, Mimi, Joe, Matt, T.K. e Tai são quase que cantados dentro das nossas mentes sobre a música de fundo do tão famoso opening.
Nunca sabemos tudo sobre uma série, sobretudo as mais antigas. Poucos de nós tiveram a possibilidade de explorar devidamente este universo no momento em que grande parte do nosso imaginário residia nos pequenos seres digitais e nos seus amigos. Demasiado jovens, e com a tecnologia e a Internet a marcar os primeiros passos, só anos mais tarde pudemos realmente explorar o mundo que tanto nos conquistou. Numa pequena compilação, apresento-vos 13 curiosidades do Universo Digimon.
1 – A origem
Digimon foi baseado nos pequenos jogos portáteis: Tamagotchi. As semelhanças entre os pequenos dispositivos e os dispositivos digitais do anime são irrevogáveis.
2 – O criador
O mistério ao redor do criador de Digimon foi, desde sempre, uma das maiores fontes de especulação e curiosidade por parte dos fãs. A polémica instala-se quando o suposto criador: Akiyoshi Hongo não existe.
A verdade é que o criador é, na realidade, uma criadora: Aika Maita, uma das fundadoras do Tamagotchi. Amante de animais, Aika desenvolveu um jogo portátil em que consistia no cuidar de pequenos bichinhos ao longo do dia. O jogo que fez furor nos anos 90, acabou por inspirar a mesma na criação de um anime. E assim surgiu Digimon.
A razão pela qual ela não foi autorizada a associar o seu nome ao anime foi porque já o tinha associado ao popular jogo. Impedida de assumir a patente de ambas as criações, decidiu, juntamente com Takeichi Hongo (um dos directores da Bandai) e o guionista Hiroshi Izawa, criar o famoso nome fictício: “Aki” Maita + “Yoshi” de Hiroshi Izawa + Takeichi “Hongo” = Akiyoshi Hongo.
3 – O público alvo
Apesar do leque alargado da franquia, Digimon foi criado a pensar nas crianças do sexo masculino. O que deveria ser uma produção linear sobre da amizade entre humanos e animais digitais tornou-se algo mais complexo, com batalhas entre os vários digimons. Segundo a autora, visto que todos os rapazes gostam de lutas, os “bichinhos” teriam que lutar entre eles, e assim surgiu o conceito final da saga.
4 – Manga
Em contraste com a extensa produção de animação, a versão em “banda desenhada” é composta apenas por alguns títulos, sendo alguns deles produzidos noutros países que não o país de origem da franquia: C’mon Digimon, Digimon Adventure V-Tamer 01, Digimon Next, Digimon Chronicle, Digimon D-Cyber, Digimon Xros Wars. A popularidade da série levou ao desenvolvimento de outras versões da história baseada na série televisiva e em alguns dos momentos mais marcantes da história original. Existe também uma terceira versão publicada por uma editora americana, a Dark Horse.
5 – O porquê do “mon” final
No manga original os nomes dos digimons não terminam com o característico “mon”. O peculiar sufixo foi implementado por motivos de marketing, de forma a melhor diferenciar o anime da franquia Pokémon, a decorrer aquando o lançamento da série no pequeno ecrã.
6 – Manga vs Anime
Como habitual nas adaptações, também a tocante saga sofreu uma “suavização” aquando da sua adaptação para série televisiva. Sendo a faixa etária alvo dos 6 aos 11 anos, as cenas obscuras, profundas e, claro está, as mais violentas sofreram um ajuste. Desde pequenas alterações a total censura, a série foi suavizada para uma melhor recepção pelo público infantil.
7 – Uso de apelidos
Uma interessante curiosidade advém do sucessivo recurso a apelidos carinhosos por partes das crianças aos seus digimons. Com inspiração no universo Pokémon, no manga também as crianças apelidam os seus companheiros com abreviações dos nomes originais, com especial destaque nas “digivoluções”. Exemplos disso são o Wargreymon e o Metalgarurumon, apelidados de Warg e Melga.
8 – Digimon mais forte
A saga com início da década de 90 continua durante largos anos a preencher o quotidiano de milhares de crianças. Apesar de ter sido cancelada durante um período em Portugal, a franquia continuou a produzir. Ainda assim, tivemos o prazer de contemplar no pequeno ecrã a criação de magníficos digimons. Entre os mais poderosos temos o sublime: OmegaMon, fusão do Wargreymon com o MetalGarurumon.
9 – Dorumon
O digimon Dorumon que surge no filme Digital Monster X-Evolution, trata-se de um Digimon Experimental, que surge igualmente no jogo Digimon World 4, lançado na mesma altura. O seu nome significa literalmente: Digital OR Unknow MONster.
10 – Censura
Infelizmente cenas censuradas é algo comum no universo anime. É com frequência que são encontradas diferenças significativas entre as versões japonesas e as transmitidas no nosso país. Digimon não fugiu à típica censura, muitas vezes injustificável. Uma das cenas censuradas na maioria dos países foi a divertida cena em que o Matt pede boleia e uma mulher, de indumentária e carro exuberantes, pára o carro.
11 – Campeão de audiências
Segundo o sistema de medição de audiência Nielsen Ratings, Digimon atingiu o pódio aquando o seu lançamento, sobrepondo-se a emblemáticos animes como Pokémon.
12 – Verdadeiros nomes das personagens
Em Digimon 01, os nomes das personagens foram modificados aquando da sua dobragem. Uma vez que se tratava de uma produção dedicada ao público infantil, foi decidido tornar os nomes mais fáceis de ser proferidos e memorizados. Por todo o mundo ocidental, nomes como Matt, Tai, T.K., eram recitados vezes sem conta por milhões de fãs.
Versão Portuguesa – Versão Japonesa
Tai Yagami – Kamiya Taichi
Matt Ishida – Ishida Yamato
Sora Takenouchi – Takenouchi Sora
Koushirou “Izzy” Izumi – Izumi Kōshirō
Mimi Tachikawa – Tachikawa Mimi
Joe Kido – Kido Jō
T.K. Takaishi – Takaishi Takeru
Kari Kamiya – Yagami Hikari
13 – Géneros Digimon
Na sua maioria diferentes entre si, pouco se sabe relativamente ao verdadeiro género dos seres digitais. Apesar de várias questões apontadas há existência ou não de um género, várias são as discussões e teorias lideradas pelos fãs internautas. Sendo que a aposta recai, na sua maioria, para o sexo masculino. As ditas versões femininas no mundo Digimon não estão confirmadas pelas fontes, contudo, deixo-vos alguns dos exemplos apontados pelos fãs como possíveis versões femininas:
Patamon/Salamon
Devimon/Ladydevimon
Angemon/Angewomon
Jijimon/Babamon
Wizardmon/Sorcerimon
Com o aniversário dos 15 anos Digimon no passado dia 1 de agosto, uma verdadeira onda de nostalgia contaminou milhares de jovens, muitos deles esquecidos de um dos mais marcantes “desenhos animados” da sua infância. Pequenas cenas, nomes, personagens remontaram-nos a um passado distante, mas ainda assim demasiado próximo e familiar.
Uma das coisas que certamente ninguém esquece é o poderoso ending da primeira edição da saga. Considerado por mim como um dos melhores ending’s de sempre em formato dobrado, deixo-vos com mais uma dose de nostalgia e saudosismo, que a esta hora já deve ter atingido valores indetermináveis.