Depois de várias mudanças de estilo e de jogabilidade, a PlayStation Portable iria receber um jogo de nicho no Japão, apresentando Danganronpa: Academy of Hope and High School Students of Despair.
Danganronpa foi lançado no dia 25 de novembro de 2010 para a PSP, mas somente no Japão. É uma visual novel com elementos de murder-mystery e com um enredo como nenhum outro no seu tempo. O jogo recebeu rapidamente uma boa comunidade de fãs, devido ao seu estilo único, comédia negra e personagens que até hoje são lembradas.
Quando perguntado sobre o assunto, o criador do jogo e o seu escritor, Kazutaka Kodaka, respondeu ter sido principalmente influenciado por jogos como Gyakuten Saiban (Ace Attorney) e 999. Kodaka queria uma história tão cativante e mortal quanto a de 999, mas ter o elemento de “crime solving” de Ace Attorney. E foi exatamente nisso que ele se focou.
Mas antes de continuarmos, queria agradecer à Spike Chunsoft por nos ter disponibilizado o jogo na sua Anniversary Edition para a Nintendo Switch. Esta versão inclui uma galeria onde se pode ver diálogos, vozes e sprites das personagens.
E agora… Let’s give it everything we’ve got! It’s… PUNISHMENT TIME!
Danganronpa: Trigger Happy Havoc – Análise (Nintendo Switch)
Desenvolvimento
Antes de entrar a fundo com a análise, queria fazer um pequeno aparte para falar um pouco do seu desenvolvimento. Entre outubro de 2007 e outubro de 2009, a Spike Chunsoft (na altura, Spike) esteve a lançar só sequelas ou novas adaptações de jogos e franquias que eles já tinham. Isto criou uma grande necessidade da parte deles, de criar um novo jogo original.
Kazutaka Kodaka então, sugeriu uma proposta ao produtor Yoshinori Terasawa, com o conceito principal a ser “o tempo mortal de 15 adolescentes ou a nossa guerra de sobrevivência de 7 dias”.
O jogo então era uma visual novel pura onde as decisões do jogador iriam aumentar ou diminuir a confiança que as outras personagens tinham no mesmo e esses mesmos níveis de confiança iriam mudar a história e até mesmo o final. O jogo também continha sangue vermelho e execuções num estilo mais gruesome.
Visto que a PlayStation Portable já se tornara uma consola de nicho e o próprio género do jogo mais nicho era, decidiram que o jogo iria ser muito difícil de se vender. Com isto, o estilo negro e sério do então chamado DISTRUST mudou para o que iria ser apelidado de “Psychopop Highschool Detective Mystery Game” que é o Danganronpa.
Curiosidade para todos os leitores, a decisão do sangue ser rosa não foi por questões de censura, mas sim de estilo. Kodaka queria tanto que a palete do seu jogo se enquadrasse no termo “Psychopop”, que pediu ao artista do jogo, Rui Komatsuzaki, para fazer tal alteração.
Jogabilidade
A jogabilidade de Danganronpa divide-se em duas grandes partes: Daily Life e Deadly Life.
Na primeira secção, o jogo é uma simples visual novel onde o jogador avança na história via textos e poucas decisões, visto que o jogo é bastante lineal com uma exceção à regra. O jogador também se depara com Free Times, onde pode passar tempo com uma personagem à escolha e receber habilidades com a mesma. Habilidades? Já lá chegamos.
A segunda secção começa quando um corpo é encontrado e pode-se dividir em duas partes: Investigação e a jóia da série, Class Trial. As investigações são bastante diretas. O jogador navega entre os quartos e salas da escola à procura de pistas para resolver o crime até o tempo limite acabar (limite este que é só algo que existe na história, não no próprio jogo). O jogo muda completamente nas suas Class Trials.
Nestas, o jogador terá de usar todas as pistas do caso para refutar, solidificar ou até mesmo adicionar ideias que o levem à resolução do crime. Isto tudo é feito via minijogos onde as habilidades previamente mencionadas são usadas. Elas podem conter efeitos como “mais tempo de minijogo”, “mais velocidade de cursor”, entre outros.
Todos os minijogos são diferentes, mas a série é mais conhecida pelos seus “Non-Stop Debates”, onde as personagens falam, com texto reminiscente dos comentários do site NicoNicoDouga, em que o jogador terá de encontrar a mentira ou a contradição nos argumentos usando as pistas, que são apelidadas como Truth Bullets.
Isto cria uma fluidez de jogo excelente. Conhecer as personagens e os eventos em leitura, faz com que o jogador seja obrigado a prestar atenção e as Class Trials… são TÃO boas que é simplesmente ridículo não gostar delas! Eu simplesmente não mudaria nada na jogabilidade de Danganronpa.
História
A premissa de Danganronpa é bastante simples: 15 estudantes do secundário ficam presos numa escola onde são obrigados a matarem-se, se quiserem escapar. Como é que isto acontecesse? Simples.
A Escola Secundária Pico da Esperança (Hope’s Peak Academy ou Kibougamine Gakuen) é uma escola fundada pelo governo japonês que visa a estudar o conceito de talentos, para isso, eles procuram alunos que são os melhores da sua área para estudarem nesta escola (Ex: Ultimate Baseball Player ou Ultimate Pop Sensation).
Mas existe algo que a escola também procura estudar, isto é o conceito de “sorte”, portanto todos os anos um aluno japonês “normal” é escolhido pela escola, via lotaria, e neste ano, o sortudo é o nosso protagonista, Makoto Naegi, recebendo o título de Ultimate Lucky Student.
Depois de entrar na escola, desmaiar e acordar, Naegi dirige-se à entrada da escola que se encontra selada e onde conhece os restantes 14 colegas. Depois disto, uma voz macabra sai dos altifalantes aconselhando os alunos a dirigirem-se ao ginásio para a cerimónia de abertura. Esta voz macabra pertence ao nosso antagonista e mascote, Monokuma, um robô urso metade branco e metade preto.
Ele então explica aos alunos que os mesmos viverão na escola para sempre, isolados do mundo, a não ser que alguém mate alguém, sem ser descoberto na Class Trial. Se forem descobertos, serão executados. Se não, todos os alunos morrem, menos o assassino que é libertado da escola. Acaba assim o prólogo da história e daqui não digo mais nada para evitar spoilers.
O jogo tem uma história excelente, cheia de momentos fortes, personagens interessantes e reviravoltas de enredo inesperadas. É uma das minhas visuais novels favoritas por alguma razão. Para os mais preguiçosos, o jogo recebeu uma adaptação anime pelo estúdio Lerche, em 2013.
Juízo Final | Danganronpa: Trigger Happy Havoc – Análise (Nintendo Switch)
Danganronpa não é um jogo para todos, mas que todos deveriam dar uma chance. O trabalho de Kazutaka Kodaka (criador e escritor), Rui Komatsuzaki (artista) e de Yuichiro Saito (produtor) foi elevado a um estado de qualidade extrema pela banda sonora de Masafumi Takada.
É muito difícil odiar o final do jogo, por mais que certas personagens que gostemos morram a meio. A história é linda e envelheceu bastante bem.
Mas, spoiler alert, não vou puder dar um 10 ao jogo devido a outro da franquia.
Análises
Danganronpa: Trigger Happy Havoc
Um jogo como nenhum outro com mistérios originais e provocantes para se resolver. Um culto clássico!
Os Pros
- Poucos controlos
- Bastante acessível
- Banda sonora icónica
Os Contras
- Por mais que volte a jogar o jogo, não posso salvar as minhas personagens favoritas… sim, é isso