Esta temporada não me cabe a mim fazer análise de Darling in the Franxx, mas ainda assim depois de ter terminado o anime senti que tinha muita coisa a dizer – e a partilhar. Neste artigo vou contar-vos a minha experiência com a obra e como diz o título, justificar o porquê de não se ter tornado um dos meus animes favoritos. Escusado será dizer que este texto está recheado de spoilers e que se não viram Darling, e ainda o pretenderem fazer, podem sempre voltar aqui mais tarde.
Darling in the Franxx – Porquê que eu não Amei o Anime
Darling é um anime original, ou seja, a história não é baseada num manga ou light novel. Quinhentos animes depois, já tenho noção do que funciona ou não para mim, e noventa por cento das narrativas originais a que assisti foram más – algumas até horríveis. Já deixei de ver animes que tinham uma premissa apelativa porque o guião era original. E Darling ainda tinha a “agravante” de se tratar de um mecha – um género que não me consegue cativar.
No entanto, Darling com a sua protagonista Zero Two adquiriu proporções nas redes sociais que eu nunca tinha testemunhado. A última vez que vi um anime destacar-se tanto foi Re:Zero em 2016 e até mesmo esse levou algum tempo a conquistar os fãs.
Sempre que um anime fica popular torna-se mais duro criticar a obra porque as pessoas dispostas a ouvir o teu ponto de vista são muito poucas e outras só vão ler a parte do “não adorei o anime” não se importando com as tuas justificações.
Pois bem, seria hipócrita da minha parte dizer que nos primeiros episódios o anime não me convenceu. A narrativa que estavam a criar era sim apelativa, todo o universo era misterioso e as personagens conseguiam chamar a minha atenção. Mas mesmo neste fascinante começo, houve sempre algo que me fez comichão. A história que pareciam estar a tentar criar era demasiado densa para 24 episódios. Quando temos um guião complexo e pouco tempo para explorar a temática a distribuição do conteúdo pelos episódios tem de ser homogénea. É uma regra básica que qualquer um consegue perceber.
Mas o quê que o diretor decidiu fazer? Episódios iniciais mais calmos para tentar desenvolver as personagens e a relação entre os mesmos. Isto tinha sido muito bom se mais à frente a falta de tempo não tivesse condicionado as batalhas e o desfecho da história.
Darling tem uma direção competente o bastante para te deixar ansioso pelo próximo episódio na mesma proporção que tem um guião cheio de buracos e com decisões questionáveis. Durante mais de metade do anime eu estava convencida que o Esquadrão 13 se ia revoltar contra aqueles que governavam o planeta. Sinceramente eu julguei que o ponto fulcral da narrativa passaria por aí. Mas não, os superiores faziam borrada atrás de borrada às crianças e elas começavam-se a questionar, mas nunca se revoltavam.
A Zero Two era uma personagem fantástica de muitas maneiras e em muitos momentos era o ponto mais forte do anime, mas o constante adiamento de respostas e a passividade dos protagonistas aborreceram-me diversas vezes.
E eu não estou a dizer que as respostas não chegaram. Pelo contrário a maioria fez sentido e eles conseguiram entregá-las de uma maneira dinâmica – sem parar o anime para contar uma história.
A relação dos protagonistas é bonita e Darling de entre todos os géneros onde se pode encaixar é principalmente um romance. O melhor episódio do anime – para mim – foi o treze. O passado da Zero Two e do Hiro foi contado de uma maneira linda e intensa. Parece que tudo se reuniu naquele episódio: a animação, a banda sonora e um guião impecável.
O diretor do anime é bom com drama e tal fica claro em muitas cenas. Ainda assim o poder do amor não resolve tudo e a Zero Two e o Hiro em muitos momentos fizeram o impossível apenas com os seus sentimentos. Eu sinto que o empoderamento do amor em Darling serve para tapar a falta de talento do diretor para cenas de ação.
Deram-lhe um estúdio bom com orçamento suficiente para uma animação consistente ao longo de 24 episódios e mesmo assim as cenas de batalhas eram quase sempre rápidas, sem um grande clímax e não duravam mais do que um episódio. “Em vez de fazermos uma batalha intensa vamos colocar aqui um diálogo emocionante e a Strelizia vai dar cabo dos inimigos com um golpe”.
Se durante a obra quase toda estes problemas me deixaram de pé atrás, os últimos episódios fizeram-me questionar a sanidade do diretor. Existem ali muitas coisas que de outra maneira faziam mais sentido.
Vou já dizer que a questão dos extraterrestres nunca me convenceu a 100% e quando começou a batalha com os mesmos mais à nora eu fiquei. A batalha em si não teve nada de especial – tirando os diálogos e o poder do amor – e a transformação da Zero Two num mecha gigante foi muito, muito esquisito.
Agora sim podemos falar do final. Sei que muitos de vocês estão de coração partido, no entanto o final foi feliz demais. Numa obra violenta e fria – ou tentativa de ser – não ter morrido ninguém do Esquadrão no processo das batalhas é cobarde. O diretor não precisava de reencarnar Akame ga Kill em Darling, mas matar um ou outro tinha dado uma sensação de perigo maior à obra.
E por mais que o Hiro e a Zero Two tenham morrido, eles reencarnam. A cena é bonitinha, mas soa demasiado forçada. É como se o diretor tivesse medo da reação dos fãs se eles tivessem simplesmente desaparecido. Ainda assim gostei do desfecho que deram à Terra e do desenvolvimento que os personagens tiveram no fim.
Concluindo, eu não odiei Darling. Referi alguns pontos positivos ao longo do que escrevi, porém, este artigo serve para fundamentar o porquê de não me ter surpreendido tanto. É um anime que tem pontos positivos – principalmente as personagens, porém ao mesmo tempo é uma obra de ação (supostamente) que não consegue cumprir tão bem o seu papel. É uma narrativa com um guião fragmentado que não acompanha a complexidade da história proposta.
Darling in the Franxx é mais uma obra que se encaixa naquela prateleira do “tinha potencial para ser algo maravilhoso”.
Para finalizar, gostava apenas de dizer que começou a ser escrito um manga da obra onde têm explorado melhor algumas questões que deixaram a desejar no anime. Pode ser que o final também seja mais bem construído.
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