Honestamente sempre tive a esperança que, eventualmente, o filme de Kimetsu no Yaiba estreasse em Portugal. É um best seller claro, mesmo em tempo de pandemia, tendo arrecadado primeiros lugares sucessivos na bilheteira japonesa, encontrando-se como terceiro filme de animação mais visto de SEMPRE, no Japão. Tipo, gente, filme mais visto de animação no Japão significa que ultrapassou obras do estúdio Ghibli e de realizadores como Mamoru Hosoda. And that’s something!!!!!
Se o hype era merecido… era xD A minha opinião é suspeita, admito. Sou fã da franquia e trata-se do meu arc favorito, só por aí já é uma opinião enviezada. Contudo, num ano de pandemia, onde o mundo parou perante um inimigo invisível e onde o pior e melhor do ser humano é notícia todos os dias, assistir a um filme cujo protagonista é uma alma pura, empática e com um coração de ouro, acrescenta a este filme um brilho especial.
(Esta análise não contém qualquer spoiler. Se puderem, tentem fugir até do trailer, recomendo. Quanto menos souberem do filme melhor, excepto os acontecimentos da primeira temporada.)
Demon Slayer Mugen Train: O Filme | Análise sem spoilers
Voltando agora à análise propriamente dita, a narrativa do filme Kimetsu no Yaiba Movie: Mugen Ressha-hen é canon. Ou seja, os acontecimentos deste filme seguem a linha narrativa da manga, sendo a continuação direta do anime.
No final da primeira temporada da série Kimetsu no Yaiba vemos Muzan a matar todos os Lower Moon excepto um, Enmu, o Lower Moon 1. Não acredito que a escolha de Muzan tenha recaido em Enmu por este ser o mais poderoso especificamente mas, sim, por ser o mais sanguinário e completamente louco. Como prémio da falta de escrúpulos e alegria perante o desespero alheio, recebe como presente o famoso sangue de Muzan. Esta dádiva potencia os poderes do mesmo.
Tanjiro e companhia recebem uma missão: acompanhar o Hashira/Pilar do Fogo numa investigação sobre o comboio do Infinito. Vários desaparecimentos suspeitos estavam a decorrer, contabilizando as perdas em cerca de 40 pessoas num curto período de tempo. Pior, todos os Demon Slayer convocádos para a investigação foram igualmente dados como desaparecidos. O motivo? Ninguém sabe mas claro que a suspeita dos demónios estarem envolvidos é clara.
Kyoujurou Rengoku – A estrela do filme!
Num universo onde os Demon Slayers trabalham à margem da sociedade, Tanjirou, Zenitsu e Inosuke entram à socapa no afamado comboio para uma viagem noite dentro. Até aqui tudo bem… O problema começa logo após se reunirem com o carismático Kyoujurou Rengoku, Pilar do Fogo.
Rengoku poderia ser facilmente um qualquer protagonista shounen. Ele é barulhento – aquela entrada dele foi só linda! -, não ouve ninguém – excepto quando o assunto é sério -, vive para proteger os mais fracos, é forte AF!!!!! Ele é tão likeable que fica difícil não nos apaixonarmos por aquela personagem tão calorosa.
Com um voice acting incrível, conseguimos sentir o quão amistoso é Rengoku. Acredito que não é por acaso que ele é o pilar do fogo, a personalidade dele encaixa na perfeição com o seu “elemento”.
O filme é curto e longe de ser suficiente para conseguirmos absorver tudo o que esta personagem é e simboliza. Na manga, este arc acaba por “render” e absorvemos a personagem de forma mais lenta. No filme, consegui-mo-nos apaixonar igualmente – como não?! – só que com um efeito mais ameno quando comparado à obra original.
Noobs versus o The Boss
Ao longo do filme é-nos mostrado e recalcado o quão noobs Tanjirou e companhia são. Apesar de virem de um arc de treino, e bem mais fortes que no início, os pilares são todo um outro nível seja em poder, como em estratégia ou em postura. O filme foi muito competente a mostrar o quão distantes estão os nossos protagonistas do topo da hierarquia Hashira. É um arc que fecha um círculo. Um virar da página para todos: um verdadeiro banho de noção.
O Pilar do Fogo foi impecável em tudo o que fez: a tomar decisões em velocidade relâmpago, na avaliação estratégica impecável e ainda numa eficiência sem igual. Fica difícil competir com alguém assim, parece que nem daqui a anos vão chegar aquele nível. Ver Tanjirou e Inosuke a se aperceberem disso foi dos momentos mais lindos de toda a franquia e que guardarei na memória como dos melhores momentos de anime/manga que já vi/li.
Demon Slayer O Filme: Ufotable a brilhar
Vamos lá ser sinceros: mas havia alguma dúvida que neste departamento a nota é 10/10?! É que tipo, Ufotable não brincou na produção da série, claro que iria chegar ao filme e esmerar-se para todo um outro nível! E assim foi: todo um outro nível!
Gente… sabem o que pensei: OMG como é que a seguir vou ver anime? Ok, estou a exagerar, o anime possui uma animação magnífica, mas ainda assim a primeira sensação após filme é que acabamos de assistir à melhor animação de sempre! É que as cenas de batalha foram tão mas tão boas que não sei como eles as vão reproduzir em anime de novo. Cof cof cof poderiam fazer igual em certos e determinados personagens wink wink
Claro que a animação da série já é sublime per se. Batalhas como a do episódio 19 (contra o Rui) possuem uma animação digna de filme (onde caché e tempo são muitooo superiores aos das séries) pelo que, melhorar poderia nem estar nos planos da produção. Ainda assim, melhoraram.
Isto tudo sem vos spoilar, claro, mas irão assistir a batalhas atrás de batalhas com uma velocidade e fluidez de movimentos de cortar a respiração! Mais, tudo com o próprio ambiente em constante mutação, que beleza é esta?!
E sabem, o que mais me surpreendeu nem foi isso!
O CGI! Verdade, aquilo que menos gosto de ver em animação foi o que mais me surpreendeu pela positiva. Estava PERFEITO! Houve momentos que tive que perguntar em plena sala de cinema se era CGI o que estava a assistir porque estava genuinamente confusa. Como o João Simões disse: isto é CGI 2.5. E é mesmo.
A coloração e design de personagem manteve-se à série, não havendo mudanças/melhorias significativas nesse quesito. Afinal a qualidade já era tão boa, nem havia grande coisa a melhorar para formato filme quanto a esse ponto. Quanto às novas personagens, espero que mantenham a qualidade do character design e coloração.
Se receio havia quanto à banda sonora, podem estar descansados que encontraram temas interessantes e melodias memoráveis. Pessoalmente, continuo a gostar mais das da série, mas não me senti defraudada pela mudança.
Demon Slayer Mugen Train: O Filme | Análise sem spoilers
Juízo Final
Kimetsu no Yaiba é uma daquelas séries que todos os amantes de anime devem assistir. Já disse isso no meu artigo sobre o tema e volto a dizer aqui nesta análise. Não é uma obra perfeita, e não o é porque desperdiça todo o potencial para ser ainda melhor, só isso. Temos um filme que corresponde a um arc inteiro, arc este com e sobre o Pilar do Fogo. Não é suficiente para aprofundar a personagem incrível que é o Rengoku, muito menos para aprofundar a ligação dos três companheiros com este maioral.
Mas lá está, é um problema da obra no geral e não algo específico do filme pelo que acredito que passe ao lado da maioria. Honestamente, se não tivesse discutido este ponto com o meu colega antes, possivelmente nem referia aqui (obrigada Simões!). Verdade seja dita, acabamos por nos adaptar à obra que estamos a ler e a aceitar o que esta nos oferece. E a qualidade do pacote é o suficiente para recomendar a 100% a visualização deste filme.
Em 1h57 minutos vemos o que poderia ser facilmente uma temporada de anime. Sentimos o desespero das personagens, ficamos agarrados à cadeira por cada cliffhanger que surge antes de mudarem a personagem/cena. É um filme forte, é um filme para vos colar à cadeira e não conseguirem tirar os olhos do ecrã (ótimo para assistir numa fase em que não há intervalos nas sessões =P). E é um filme com as nossas adoráveis personagens a serem elas mesmas, porque não há melhores comic relief que Inosuke e Zenitsu.
É também ela uma história de pormenores.
Apesar de a autora ter sempre o cuidado de explicar tudo muito bem através de pensamentos ou conversas dos intervenientes, estejam atentos. Há cenas BRILHANTES que atingem maior impacto se estiverem atentos a tudo o que se está a passar. Questionem o que se está a passar, vivam o filme, vale tanto a pena…
Para mim que já li a manga, o conteúdo não foi novidade. Acredito que ainda haja muita gente que ora leu, ora foi spoilada com os acontecimentos deste e de outros arcs. Não usem isso como desculpa para não verem o filme no cinema. Ele vale cada tostão! A qualidade impressa nele é do melhor que existe na indústria de animação e a história está tão bem contada que só de me lembrar de alguns momentos arrepio-me toda.
Vamos mostrar à indústria portuguesa que vale a pena apostar em anime em Portugal, que vale apostar em qualidade seja em que língua e formato for!
Análises
Demon Slayer Mugen Train: O Filme - Análise sem spoilers
No final da primeira temporada da série Kimetsu no Yaiba vemos Muzan a matar todos os Lower Moon excepto um, Enmu, o Lower Moon 1. Não acredito que a escolha de Muzan tenha recaido em Enmu por este ser o mais poderoso especificamente mas, sim, por ser o mais sanguinário e completamente louco. Como prémio da falta de escrúpulos e alegria perante o desespero alheio, recebe como presente o famoso sangue de Muzan. Esta dádiva potencia os poderes do mesmo.
Os Pros
- Rengoku
- A animação
- As coreografias de batalha
Os Contras
- Pouco tempo para explorar o Rengoku