Detention | Análise Windows

Detention é um jogo de terror indie, disponível na Steam desde dia 12 de janeiro de 2017. O baixo preço de 11,99€ e a estética escura, deprimente e asiática foram suficientes para me fazer experimentar este primeiro jogo do estúdio Red Candle Games. Será que foi dinheiro bem gasto?

 

 

Detention | Enredo

A ação de Detention tem lugar numa escola secundária em Taiwan, nos anos 60. Para quem não sabe, esses foram tempos de alta tensão militar entre Taiwan e China, facto central para o enredo.

 

 

Enredo esse que, no meu ponto de vista, é o ponto fraco do jogo. Sem querer spoilar muito, Detention foca-se em Ray, uma rapariga presa na sua escola durante uma tempestade. Obviamente, acontecimentos paranormais ocorrem, e rapidamente nos apercebemos que estamos, de facto, a viajar pela mente de Ray.

 

 

A partir daí, a história é previsível. Até a excelente narrativa visual é arruinada pelas explicações imediatamente dadas. Como quando ouvimos uma boa anedota, mas alguém a explica e estraga tudo. O passado de Ray é apresentado como se fosse um big deal, mas o jogo esquece-se de lhe dar personalidade suficiente para nos ligarmos a ela e querermos saber.

Sinceramente, se não fosse pelo meu sangue Português a lembrar-me que paguei 12€, não teria acabado o jogo por pura falta de interesse.

 

Detention | Jogabilidade

Detention é parte side-scroller, parte point-and-click. A polpa da jogabilidade é o que seria de esperar do género, o que é bom! Encontrar itens, saber onde usá-los, resolver enigmas, repetir. Um dos pontos mais fortes de Detention, na minha opinião, são os inimigos. A mecânica de suster a respiração para eles não nos verem é bastante inovadora e cria genuína tensão. Esperar que um fantasma passe por nós, sem saber se vamos ter fôlego suficiente para sobreviver, é dos momentos mais imersivos do jogo. Está tudo bem implementado, e os enigmas são bastante originais, o que me deixaria satisfeito…

 

 

…se não fosse pelo facto de, para o fim do jogo, Detention largar toda a jogabilidade e resumir-se apenas a andar para o lado a ler cartas. É compreensível, visto que é o primeiro jogo deste grupo Indie, mas fiquei a desejar por mais equilíbrio na jogabilidade.

 

Detention | Estética e Som

Apesar das suas falhas, Detention brilha no departamento visual e auditivo. No fim de contas, foi isso que me fez querer jogar. Os visuais monocromáticos dão o feel assustador e retro perfeitos para a história. As cutscenes estão muito bem conseguidas, usando por vezes fotos com atores reais. Os cenários têm uma composição excelente, principalmente no que diz respeito ao uso da cor. Nas raras ocasiões em que a cor é usada, tem sempre um grande impacto. Vermelhos acolhedores indicam onde podemos gravar, verdes subtis transmitem nojo, e explosão de cor simboliza amor. O som não fica atrás, principalmente o design. A música é boa, deixo isso claro, mas o ponto alto é quando se decide não a usar. A tensão do silêncio, do som leve da chuva, o respirar forte dos fantasmas, todos esses ingredientes formam uma deliciosa receita: medo, puro e cru.

 

 

E é a isso a que o jogo se resume. Detention consegue, não pela temática, não pelos acontecimentos, mas sim pelos visuais e pelo som criar terror. E isso eu achei genial.

 

Detention | Juízo Final

Tendo em conta que foi o primeiro jogo desenvolvido pelo estúdio, Detention não é mau mas, apesar de tudo, deixa muito a desejar. Resume-se a um enredo banal protagonizado por uma rapariga desinteressante, pontos fracos suportados por fortes alicerces artísticos, tanto visuais como sonoros. Valeu a pena? Talvez. No fim de contas, é um auto-intitulado “jogo de terror”, e de facto conseguiu assustar-me.