Um mundo dividido ao meio, quem diria? Confesso que não tinha sequer passado essa hipótese pela minha cabeça. Sempre achei que demónios e humanos (ricos/especiais) conviviam e suportavam-se assim. Mas gostei bem mais desta ideia. Um mundo dividido em dois parece super apelativo narrativamente. Veremos o que acontece daqui para a frente, tem tudo para ser fantástico!
Ps: Nada de saber do meu Norman, snif snif…
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Dois Mundos | Yakusoku no Neverland 2ª Temporada – Ep 2
Afinal existem mesmo demónios “vegans”
Na análise ao episódio 1 fiz a piada de que estes dois demónios eram “vegans” e faziam parte do PAN. E não é que era verdade? Digamos que é bastante conveniente para os nossos humaninhos, no entanto e uma vez que já passaram 1000 anos nesta situação até faz sentido existir uma religião nesse sentido – se podemos adorar um bocado de massa porque não xixinha humana também?
O facto de haver uma religião significa que existem outros demónios, além deles, que defendem estes ideais. Com certeza será algo muito importante para que as crianças consigam chegar ao seu objectivo. Até acredito ser possível esta religião estar ligada com o William Minerva (ou uma organização do género), ou que este (ou alguém) a tenha fundado neste quesito – se não os consegues derrotar junta-te a eles, né?
Um mundo dividido em dois: demónios vs humanos
Também na última opinião indaguei o facto dos demónios não utilizarem tecnologia. Agora é que entendi o porquê: eles não precisam dela.
O mundo está dividido em demónios versus humanos, nenhuma das crianças consegue fugir das quintas, eles já não têm de andar à porrada uns com os outros e não necessitam de nada elaborado. Pode acontecer que não sejam suficientemente inteligentes para tal e a tecnologia exista apenas do lado dos humanos, pode ser que eles realmente não queiram saber disso para nada ou até que afinal utilizem a mesma nas cidades e não ali na floresta. De qualquer das formas ficamos a saber que os humanos tinham armas para se defenderem e caçarem demónios, havendo uma altura em que o faziam mais que os próprios demónios.
Demónios e humanos são ambos, e ao mesmo tempo, presas e predadores. Muito interessante a ideia de que as duas espécies se encontram no topo da cadeia alimentar e tiveram de encontrar uma forma de coexistirem. Não são os humanos melhores e mais poderosos, nem os demónios. Ambos ocupam a mesma posição e não “podendo haver dois reis, criam-se dois países” ou, neste caso, dois mundos.
Quando eu pensava que demónios e humanos coexistiam em sociedade, tinha a ideia de que eles vendiam os pobrezinhos para as quintas, que havia tráfico humano ou que as próprias famílias doavam os seus bebés porque traria honra ou segurança. O que o anime nos apresentou foi algo igualmente macabro: foram oferecidos alguns humanos aos demónios, obviamente bebés, crianças e adolescentes em idade fértil dos dois sexos, para que aceitassem não caçarem mais. E que maravilha para os demónios, não é? É tal e qual nós que vamos ao supermercados comprar o que queremos sem termos de fazer nada. Temos os animais em quintas, alguém cuida deles por nós e no final apenas comemos. Os demónios já nem têm de se cansar tanto, é só esperar que as crias atinjam uma certa idade e encomendarem um. Ok que isto está guardado para os todos poderosos, mas acaba por dar no mesmo.
Pergunto-me que oferenda tiveram os humanos? Se eles estavam a caçar mais demónios, que o vice-versa, então o que é que os demónios deram de presente para garantir a paz? Uns demóniozinhos para fazermos umas botas? Não me parece que tenha sido justo, mas enfim. Este acordo de paz dá forma àquela ideia de termos de sacrificar uns para que outros tantos possam ser felizes. Todas as crianças que existem nas quintas são sacrifícios para que a humanidade possa viver em paz no seu mundo. Parece-vos justo? Não, mas o mundo não é justo, nem o de The Promised Neverland nem o nosso.
Isto leva-me a um outro questionamento.
A utopia ou o início de uma nova guerra?
Pensemos bem: a ideia da Emma querer salvar todas as crianças de todas as quintas é algo extremamente utópico, certo? São crianças a salvar outras crianças. Se já sair da quinta foi o que foi imaginem enfrentar todo um mundo no qual somos vistos como presas e temos pouco mais de 10 anos. Sem ajuda exterior isto será totalmente impossível – e deverá ser aqui que entra o William Minerva ou a organização de humanos da qual ele faz parte.
O salvamento das crianças parece a coisa certa a fazer, mas todas as acções têm consequências e esta também terá as suas. Se os produtos das quintas são aquilo que garante o acordo de paz entre demónios e humanos, o que acham que vai acontecer se não existir mais carne humana? Os demónios irão, obviamente, atravessar para o mundo dos humanos e caçá-los. O salvamento de uns implicará a morte de outros e dará início a uma nova guerra entre as duas espécies. Digo eu que seja este o caminho que Yakusoku no Neverland irá fazer – e seria bastante interessante. Eu quero ver uma guerra entre os dois mundos.
SEM SPOILERS DO MANGA, PF!
O desenvolvimento da Emma e a perda da inocência
O personagem que mais crescimento está a mostrar desde o episódio 1 tem sido a Emma, sem sombra de dúvida. Ela está de momento a ocupar o lugar dela e ainda o do Norman, sendo a que eleva o espírito de todos e a que tem a responsabilidade das suas vidas nas mãos. A Emma está a tornar-se uma verdadeira líder, ao contrário do Ray que, por algum motivo, está a agir de forma estranhamente optimista. Não sei se notaram isso também, no entanto as atitudes do Ray não parecem algo dele. Ele poderia ter mudado um pouco a personalidade por já não se sentir preso dentro da quinta, mas assim tão rápido, de um dia para o outro? Até o facto de não se ter lembrado de ir à superfície tal e qual como a Emma foi estranho. Sinto falta da personalidade estratégica do Ray, contudo isto poderá ser parte do plano dele também, sabe-se lá.
A Emma então, por outro lado, tem sido excelente em todos os pontos, culminando nela a forçar-se a matar outros seres para manter os seus, vivos. Pode parecer algo insignificante, mas falamos de uma criança que tem que fazer aquilo que muitos de nós com mais de 30 anos nunca fizeram: matar para comer. Isto fez-me recordar histórias da infância da minha mãe que ela contava que tinha de ajudar na matança de galinhas, patos e porcos e depois não conseguia comer carne durante semanas. É algo traumático para a maioria de nós, principalmente quando somos jovens, e isso aplica-se à Emma também.
Belíssimo momento de força e coragem e tristíssimo momento de perda da sua inocência.
Últimos detalhes
Tal como já havia dito em análises passadas, inclusive nas opiniões semanais da primeira temporada de The Promised Neverland, a flor branca/vermelha utilizada pelos demónios tem a mesma função que a sangria realizada na indústria de carne: é uma forma de melhor preservar a carne.
A dualidade vida versus morte é mais uma vez aqui utilizada. O objecto usado nas crianças mortas no “orfanato” é o mesmo essencial para que vivam. A morte de um animal é o que dará vida àquele que o come. Isto ficou muito bem representado no episódio com os cortes entre a cena da Emma a atingir a ave e as flores no rio.
Falando no corte entre cenas, na última análise não cheguei a comentar a animação do episódio e irei aproveitar agora para fazer um comentário geral. Em comparação com a primeira temporada, Yakusoko no Neverland tem apresentado uma descida na qualidade de animação. Mais comummente se tem visto frames com pouco detalhe, principalmente nas caras, a não ser quando estão em destaque. O uso de diferentes ângulos e técnicas de animação também tem sido muito raro em comparação – lembram-se da cena de “balanço” do relógio? Das cenas da Sister Krone que a câmara rodava? Ou das em POV? É algo que agora não está a ser feito e que trazia algo mais ao anime. Contudo, como ando a ver Shirobako nem me vou queixar disto, que nem tenho esse direito.
Por fim, espero que o próximo episódio nos mostre mais alguma acção e os obstáculos que terão que enfrentar num mundo dominado por demónios. Fico à espera de ver as estratégias montadas pela Emma e pelo Ray… e que me digam o paradeiro do Norman!
Pensamentos Finais
- Eu nem ia dizer nada, mas estes demónios são um bocado estranhos…
- “Quem é o gostosão daqui, sou eu, sou eu, sou euuuuuuu”
- Gosto muito do design da Mujika! Até apetece ser um demónio, ao menos usava a máscara nos olhos, não na boca
- Podemos trocar os clones do Norman, pelo Norman, please?
- Vocês ao saberem do novo confinamento
- Eu não queria falar da animação, mas isto faz-me rir xD
- Até para a semana!
O que acharam deste segundo episódio? Digam-me tudo nos comentários!
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