Skate-Leading Stars tem como pano de fundo um desporto fictício designado por “skate-leading”, uma modalidade coletiva de patinagem artística no gelo. A Anime News Network falou com Goro Taniguchi, chefe de produção, e Riki Fukushima, realizador, sobre o modo como este anime surgiu e como criaram o desporto e a trama.
Entrevista aos Realizadores de Skate-Leading Stars Goro Taniguchi e Riki Fukushima – Por Kim Morrissy
Entrevistadora: Como começou este projeto? O que o inspirou na criação de um anime sobre patinagem no gelo?
Goro Taniguchi: O produtor da Bandai Namco Arts abordou-me com uma ideia: “Porque não fazes um anime sobre patinagem no gelo?” Foi assim que o projeto teve início.
O que fez com que decidisse tornar a patinagem no gelo num desporto de equipas? Como estabeleceu as regras do “skate-leading”?
Já há muitas obras sobre patinadores no gelo. Como queríamos fazer um anime sobre o desporto, eu e o produtor decidimos que não iríamos enveredar por trilhos já desbravados. Em vez disso, escolhemos expandir o leque de abordagens e estilos, em benefício da patinagem artística e dos fãs.
Além disso, sentimos que havia de aceitar o desafio de criar uma nova representação do desporto, mesmo que as inovações só se vissem em detalhes. Para o efeito, decidimos que seria melhor criar um novo desporto competitivo.
Estabelecemos as regras desta modalidade na fase de escrita dos guiões, baseando-nos em desportos reais como o futebol e o basebol, ao mesmo tempo que nos reunimos com investigadores e pessoas ligadas à patinagem artística para aperfeiçoar os regulamentos menos óbvios.
Como tem dividido as tarefas com Fukushima (realizador)?
Relativamente às partes fundamentais do anime, como o guião, a edição e o som, eu sou o que mais está envolvido. O Fukushima atua de acordo com as orientações que lhe dou; trabalha sobretudo com a equipa por detrás de tudo o que está relacionado com a patinagem. Ele também trata da parte administrativa no estúdio e esclarece as dúvidas colocadas pelo staff, etc.
Esta é a segunda vez que trabalho com o Fukushima. Ele sabe como fazer as coisas e tem experiência em animes desportivos, ao ter realizado uma série televisiva sobre basebol (temporadas 3-6 de Major). Confio nele.
Que tipo de pesquisa fez para conseguir retratar a patinagem artística?
Riki Fukushima: Assisti a espetáculos no gelo e pedi a Hirokazu Kobayashi, de Prince Ice World e que executou as sequências usadas no nosso anime, que patinasse numa pista de gelo. Os movimentos criados pelo coreógrafo TETSU eram executados por dançarinos numa superfície plana, por isso foi muito útil ver as coreografias serem reproduzidas numa pista de gelo real para que pudéssemos ver como é usada a parte inferior do corpo e captar a sensação de velocidade, entre outras coisas.
Eu já nutria um interesse pela patinagem artística na medida em que acompanhava as competições Grand Prix se estivessem a ser transmitidas, mas depois de me ver envolvido neste anime, passei a vê-las com mais atenção. Por exemplo, comecei a gravar e a rever partes dos concursos.
Ainda que o anime mostre a modalidade fictícia “skate-leading”, deve ser útil ter em conta o panorama da patinagem na realidade. A que é que prestou mais atenção ao tentar recriar os movimentos na patinagem artística de modo realista?
Produzir uma atuação animada que envolve cinco atletas requer muita energia, por isso tive o cuidado de editar as sequências, assegurando-me que a cena final tinha fluidez e o ritmo certo.
Se tivesse de salientar alguma discrepância da minha parte, diria que investi mais na beleza e no esplendor das imagens do que na reprodução fiel das técnicas da patinagem. No que concerne às sequências mais detalhadas, devo muito aos animadores que pesquisaram tanto quanto puderam.
Como desenvolveram as personagens e as suas personalidades? Dado que a série tem tantas personagens, quão difícil foi lidar com todas elas?
Goro Taniguchi: Inicialmente, de maneira a estarmos todos no mesmo pé ao nos sentarmos para as reuniões de discussão dos guiões, adaptávamos personagens de filmes e peças nossas conhecidas, etc. À medida que as reuniões progrediam, as personagens separavam-se dos seus moldes e eram trabalhadas com o fim de representarem elementos importantes para contar a história. Nesse ponto, aspetos como gostos e objetivos pessoais tornaram-se fulcrais; se as características únicas de personagens diferentes coincidissem, tornar-se-ia difícil dar-lhes vida, pelo que tínhamos de fazer ajustes quando havia interseções.
Não estava demasiado preocupado quanto número de personagens, pois tenho experiência em séries com grandes elencos como Infinite Ryvius e Code Geass.
Riki Fukushima: O Taniguchi atribuía personalidades às personagens logo no início. Com base nisso, eu deixava as personagens agir e fluir. Por esse motivo não achei [o lidar com tantas personagens] muito difícil. Apesar do grande número, cada personagem tinha um papel específico e fácil de compreender, o que me permitiu trabalhar sem grandes problemas.
Têm personagens preferidas?
Goro Taniguchi: Para mim, todas as personagens são importantes e necessárias. Sim, inclusivamente o Skatelino.
Riki Fukushima: Pessoalmente, acho que gosto do Jonouchi. Ele é um cabeça-no-ar, mas é impossível de odiar… Mesmo ao nível da produção, ele é uma personagem com a qual nos divertimos muito.
Qual será o aspeto mais cativante deste desporto?
Goro Taniguchi: Creio que é tão divertido como ver um espetáculo no gelo. Espero que todos veja este desporto como algo ainda mais especial.
Riki Fukushima: O “skate-leading” é um desporto coletivo de competição, por isso penso que é apelativo não só ao nível das capacidades individuais, mas também na parte da sincronização com os colegas de equipa. Creio que é um parente próximo da natação sincronizada e das claques de apoio. É uma coisa que se pode apreciar como um espetáculo e como entretenimento.
Querem deixar alguma mensagem para os vossos fãs no estrangeiro?
Goro Taniguchi: Já trabalhei em bastantes projetos de ficção científica, mas desta vez, ainda que o tema seja um desporto fictício, tenho aqui uma história que retrata atividades extracurriculares numa escola secundária japonesa. Atribuí às personagens características que enfatizam a imaturidade e a ingenuidade normais nos adolescentes, como a teimosia, a juventude e a incapacidade de comunicar devidamente com os outros. Espero que vocês consigam captar esses detalhes e, claro, desfrutar também das cenas de patinagem.
Riki Fukushima: Criámos esta série sobre as alegrias e as dificuldades dos jovens protagonistas em idade escolar, expressadas através da patinagem. Creio que é um anime muito entretido, tanto pela patinagem como pelo drama e pelas interações, por isso deixo-vos decidir o que acham!
Fonte: Anime News Network