O website Tokyo Otaku Mode entrevistou o mangaka Shirow Miwa, o ilustrador e artista de manga por detrás da capa do art book More Heroes and Heroines.
O art book More Heroes and Heroines (publicado pela PIE International Inc) com lançamento agendado para fevereiro, inclui o design de mais de 60 personagens de animes e de jogos dos anos 2012-2015, assim como Metal Gear Solid V: Ground Zeroes, Knights of Sidonia e Gundam Reconguista in G. A Tokyo Otaku Mode falou com Shirow Miwa, o responsável pela ilustração da capa e do design dos personagens de 7th Dragon 2020-II, que também foram incluídos neste art book.
Entrevista com o mangaka Shirow Miwa – More Heroes and Heroines
Perfil de Shirow Miwa
Shirow Miwa – mangaka e ilustrador japonês. Publicou DOGS/BULLETS&CARNAGE na revista mensal Ultra Jump enquanto trabalhava numa grande variedade de projetos, assim como no design de personagens para jogos. É um membro ativo da banda criativa musical online conhecida como supercell.
Entrevista com o mangaka Shirow Miwa
Tokyo Otaku Mode (TOM): Poderias partilhar connosco a tua opinião sobre o design das personagens de 7th Dragon 2020-II, que foram incluídos neste livro?
Shirow Miwa (SM): Já se passaram três anos desde que iniciei essa série, mas supervisionei sempre a criação das personagens, portanto não me senti afastado, além de que foi algo que me ficou sempre no pensamento.
TOM: O design de personagens de ilustradores e animadores reconhecidos pelos seus trabalhos em anime e jogos mais recentes estão também incluídos neste livro. Existe alguém entre eles que, na sua opinião, se destaca?
SM: Yusuke Kozaki. Temos a mesma idade, e temos uma rivalidade a nível profissional. Conhecemo-nos pessoalmente e somos bons amigos. Sempre que ele lança algo novo, eu fico maravilhado. É compensador teres alguém com quem competir.
TOM: Também interages com o Redjuice e com os outros artistas que pertencem à supercell?
SM: Não temos estado muito em contacto ultimamente, mas temos interagido em eventos e coisas do mesmo género. Nós fazemos refeições juntos além das refeições de negócios da supercell. Com o Ryo, o Huke e outros.
Com a supercell, nós não combinamos uma reunião e gravamos todos juntos. Normalmente o Ryo pede o material para a criação de um CD a alguém, depois contacta-nos diretamente e reúne-se separadamente com cada um de nós de modo a que a produção do CD tenha início. É um grupo onde os parceiros mudam se tal for necessário. Ao invés de lhe chamar um grupo, acho que é preferível chamar-lhe uma pequena reunião. De uma perspetiva de quem está do lado de fora parece que somos uma equipa, mas visto de dentro, não trabalhamos em grupo, o trabalho produzido da combinação um a um é a regra da casa.
TOM: Deve ser difícil produzir outros trabalhos enquanto continuas uma série manga.
SM: E é. Eu digo isto todos os anos, é um trabalho extremamente desgastante.
TOM: Em que ponto vai o teu trabalho na série 7th Dragon 2020-II? (Os detalhes sobre isso encontram-se numa entrevista traduzida em inglês, incluída no livro.)
SM: Após ter concluído o meu trabalho na série 7th Dragon 2020 eu pensei: “Agora já me posso focar na minha manga”, mas logo a seguir a equipa de produção contactou-me e eu disse-lhes: “Eu gostava de me focar apenas na minha manga, logo será difícil começar algo novo que não esteja diretamente relacionado com 7th Dragon”, ao que eles me responderam: “É uma sequela”, e eu decidi embarcar neste projeto.
TOM: Tomaste alguma precaução especial na produção da arte gráfica da capa (a ilustração da capa de 7th Dragon 2020-II)?
SM: Desenhei cada personagem separadamente de modo a ter a certeza que eles apenas se poderiam mover de acordo com o seu design. Desenhei-os de modo a que fosse fácil para que outros artistas os usassem.
TOM: Qual é a tua personagem favorita?
SM: A que é mais fácil de desenhar entre as personagens jogáveis foi a personagem masculina de estilo undergroung (Psychic). Consegui completar o desenho final da personagem logo após o esboço inicial da mesma.
TOM: Os personagens masculinos são mais fáceis de desenhar?
SM: Sim, são. Desenhar personagens femininas dá-me muito mais trabalho porque quero desenhá-las de uma maneira que pareçam fofas. Posso estar a esforçar-me em vão por isso.
TOM: Houve alguma personagem feminina sob a qual tiveste que estar particularmente focado?
SM: Para “2020”, foi a personagem de estilo otaku (Haker). A que me deu mais trabalho foi a do tipo idol de 7th Dragon 2020-II. O diretor e eu possuíamos diferentes opiniões sobre a imagem que representa uma idol, por causa disso estávamos sempre com avanços e recuos. As minhas favoritas foram a de estilo otaku (Haker) e a de estilo poderoso e vivaz (Destroyer).
TOM: Colocas alguma referência dos locais nos quais te inspiras, para o processo de colorização das personagens?
SM: Sim faço-o. Também tento incorporar algumas das ideias do diretor. A ideia original para a colorização do estilo undergound (Psychic) da personagem masculina, por exemplo, era toda de preto. No entanto mantive sempre presente a noção de que cores que são facilmente distinguidas são a melhor escolha, para que depois as personagens não se dissolvam visualmente no mapa.
Com o capuz colocado assemelhava-se a uma minhoca, assim sendo tive a ideia de adicionar uma cor nociva sobreposta a isso. Isto porque o desenho foi originalmente baseado num colete-de-forças, então quando estava tudo colocado no personagem ele parecia-se com uma minhoca. E isso foi perfeito, então decidi dar-lhe uma cor que o fizesse transmitir ainda mais essa imagem. Os olhos no capuz também lhe davam um aspeto sombrio, e tudo isso em conjunto conseguiu exponenciar a imagem de minhoca venenosa.
TOM: Existem artistas que influenciem o teu trabalho?
SM: Fui fortemente influenciado pelos comics americanos. Como Mike Mignola e Frank Miller. Sou fortemente influenciado por esse tipo de design, pois são artistas que são muito meticulosos com as sombras. Quem me apresentou Mike Mignola foi Yasuhiro Nightow. A primeira vez que vi um desenho daquele tipo foi na manga Trigun de Nightow, que me fez começar a estudar comics logo após ver isso.
TOM: Podes partilhar algumas palavras para os leitores além-fronteiras?
SM: Os temas que se tornam a fonte do meu trabalho fazem parte de muitos comics americanos. Já li muito sobre outras culturas. À medida que tenha mais oportunidade de lançar o meu trabalho além fronteiras, vou tentar dar o meu melhor para vos fornecer o meu ponto de vista sobre o que recebi dos comics americanos.
Fonte: Otakumode