Com o aparecimento de iniciativas como a do famoso Iberanime, portas se abriram para novas produções. Mesmo que, por enquanto, sejam pequenas, já começam a marcar o seu lugar por todo o território nacional. Sejam elas em âmbito do mundo do Anime, Manga, Cosplay, cultura japonesa entre tantos outros temas nesta base. E foi com esta fórmula que surgiu a empresa que aqui vamos conhecer melhor.
YumeProject é o nome de um grupo cultural que decidiu apostar nesta área tão pouco explorada pelo mercado de organização e criação de eventos. O ptAnime tomou conhecimento desta iniciativa de louvar e teve o prazer de estar presente na inauguração desta nova equipa especializada. O recente “Yukaimatsuri “ foi o primeiro evento desta pequena organização de eventos nipónicos.
A curiosidade acerca do funcionamento e a programação de novos projetos suscitou o interesse da nossa equipa. Assim sendo, decidimos entrevistar um dos diretores da YumeProject.
ptAnime: O Miguel Moreira é um dos impulsionadores responsáveis pela criação do YumeProject. Miguel, desde já muito obrigado pelo vosso tempo e disponibilidade para que a realização desta entrevista fosse possível. Sendo esta uma área que exige um vasto conhecimento no mundo do Anime, bem como das restantes variantes e temas relacionados, a vossa organização é baseada na opinião de alguma entidade em específico ou parte do vosso conhecimento?
Miguel Moreira: Surge do conhecimento intrínseco, que toda a nossa equipa dispõe na área em si, no entanto procuramos sempre apoio externo no que toca a áreas de conhecimento mais específico, como por exemplo no desenho (manga).
PA: Yukaimatsuri tratou-se sobretudo de uma produção com a temática anime, pretendem variar as temáticas abordadas ou focarem-se em algo específico?
MM: Yukaimatsuri será sempre dedicado mais à temática da música, no entanto a YumeProject promete abordar outras áreas dentro da cultura japonesa em futuros eventos.
PA: Sabemos que a vossa base está sediada no Porto, terão todos os futuros eventos, lugar na cidade invicta?
MM: Não. De momento os nossos eventos serão dentro da zona do Grande Porto, por conseguinte, iremos abarcar várias localidades circundantes também (ex: Gaia, Matosinhos, etc).
PA: A loja Anyplay é das principais patrocinadoras ligadas ao merchandising. Teremos a oportunidade de ver um maior leque de participação de outras lojas no futuro?
MM: Sim, com certeza! Gostaria de deixar bem claro que este grupo cultural não possui vínculo de exclusividade com nenhuma loja ou entidade, por consequência é do nosso interesse reunir para o nosso público o maior número de lojas e entidades nos nossos futuros eventos.
PA: Quanto à equipa, como é composta? A constituição da vossa equipa depende de evento para evento, ou pretendem que seja uma equipa mais fixa?
MM: Bom, a equipa irá sempre variar de evento para evento, no entanto o seu núcleo manter-se-à o mesmo. Existirá sempre essa necessidade, visto que a mesma vai variar consoante a proporção do evento e também irá abarcar sempre as entidades que patrocinam e participam em cada evento.
PA: Esta primeira produção demonstrou ser inovadora e extremamente iterativa, pretendem permanecer com este registo?
MM: Não. Pretendemos melhorar ainda mais! O nosso objetivo é marcar cada vez mais a diferença entre a tipologia de eventos que realizamos e os restantes. Se o Yukaimatsuri correu bem e foi inovador ótimo, mas queremos mais e pode muito bem ser melhorado.
PA: Os workshops foram um ponto de destaque no Yukaimatsuri, acreditam que apostar nesta forma de interação atrairá mais público?
MM: Sem dúvida, é algo que tem sido menosprezado ou indevidamente confundido como uma fonte de lucro em eventos passados. Nós pretendemos que eles façam parte integrante dos nossos eventos.
PA: Ainda em relação aos workshops, pretendem aumentar a variedade destes? Se sim, quais?
MM: Sim claro que sim. Quanto aos quais, é um pouco surpresa ainda. Mas deixo aqui já duas pistas do que poderão encontrar no próximo Yukaimatsuri: armas e flashes?….
PA: Sentiram que foram bem recebidos num mundo em que a competitividade prevalece?
MM: Sentimos mais que forjamos o nosso espaço e nome, independentemente da competitividade.
PA: YumeProject conta com o apoio de nomes sonantes do mundo da animação japonesa portuguesa, como artistas de topo como Nuei Neko e KirameKirai, têm apoio de mais algum artista de outra área? Pretendem adquirir referência de mais alguém do género?
MM: Sim, contamos com o apoio de um fotógrafo e especialista em edição de imagem No futuro pretendemos contactar com artistas de mais áreas, desde costura a escultura (nos mais variados materiais). Entendemos que os nossos eventos devem prestar todo o seu apoio à comunidade artística do meio.
PA: O que vos levou a dar génese a este projecto pioneiro em Portugal?
MM: Bom, não consideramos que o projecto em si seja pioneiro, mas sim o modus operandi da equipa. Sentimos que a nível da região norte do país há uma grande quantidade de eventos, no entanto falta inovação e cuidado na realização da esmagadora maioria. Desta forma, pretendemos colmatar a mesma falha, pois sentimos ser capazes de fazer melhor.
PA: Considerando que ainda não existia nenhuma equipa focalizada em eventos conetados à cultura japonesa, começar algo assim certamente que envolve vários riscos. Quer nos falar dos mais relevantes?
MM: O maior risco na concepção de um evento desta envergadura e nesta área é, sem duvida, falhar no que toca a cativar o público-alvo. Entenda-se que este público além de abarcar uma faixa etária diversificada, está fatigado de eventos que tendem a ser cada vez mais caros e cada vez a oferecer menos e menos, ou a revelarem falhas graves a níveis estruturais básicos (ex: espaço; condições; atividades etc).
A crise económica afecta esta área como todas as outras, daí os nossos eventos serem low budget, ou seja, procuramos que os mesmos sejam acessíveis a todos e que desfrutem de todas as nossas atividades (ex: com cerca de apenas 5€ conseguem a entrada, almoço, lanche e ainda participam em todas as atividades do evento, ganhando prémios nas mesmas) . Tal só é possível declinando o lucro e procurando apenas a auto-suficiência do evento.
PA: Foram ultrapassados? Ou mesmo após o primeiro evento, estes riscos mantém-se presentes?
MM: Bom, após o nosso primeiro Yukaimatsuri, apesar de todo o cuidado e planeamento prévio ainda existiram alguns percalços que fugiram ao nosso controlo. Óbvio que faremos tudo o quanto humanamente possível por as melhorar, de forma a irmos ainda mais de encontro ao que o nosso público deseja. Logo, diria que sim, alguns destes riscos ainda se mantêm presentes e outros serão mesmo impossíveis de eliminar.
PA: Os vossos objetivos encontram-se na construção de eventos de cultura nipónica, ou estão a pensar em algo mais?
MM: Estamos a pensar em abarcar outras áreas culturais futuramente, mas nunca alienando o nosso ponto de partida.
PA: Já tinham alguma experiência neste ramo?
MM: Não, nenhuma. Porém toda a equipa informou-se e formou-se devidamente.
PA: Como se sentiram quando viram as primeiras pessoas a colocar os pés no vosso primeiro projeto?
MM: Ficamos muito felizes. Até porque dadas as condições atmosféricas do dia do evento, julgamos que teria uma fraca adesão. E se a manhã apontava para esse desfecho, a tarde foi fenomenal. E falando por mim e por toda a equipa, foi fantástico ver o nosso trabalho recompensado pela apreciação de quem esteve presente no local.
PA: Que aspetos pretendem melhorar/inovar nas edições futuras?
MM: Alterar o horário de certas atividades, de forma a que o espaço seja melhor aproveitado e todas se realizem atempadamente. Aumentar o número de atividades e garantir que todas tenham um potencial de aderência máximo quando se realizarem.
Quanto a inovar as mesmas, vamos contar com a ajuda de outras associações e grupos culturais que já contactamos para vos trazer umas boas surpresas!
PA: Além do que já conseguiram concretizar neste primeiro evento, o que diriam aos nossos leitores para os motivar a irem aos vossos eventos futuros?
MM: Simplesmente: apareçam pois os nossos eventos são realizados a pensar em vocês e para vocês! Pois, nós trabalhamos para que se possam divertir em grande!