Foi há precisamente 23 anos atrás que o mundo foi abençoado com um dos melhores JRPG alguma vez criados. O sétimo capítulo da série Final Fantasy chegava à PlayStation original e, consequentemente, às vidas de muitos jogadores em todo o mundo.
Exatamente, não me enganei: em todo o mundo. Pela primeira vez, um RPG japonês enchia as prateleiras em território ocidental e fazia sucesso. Final Fantasy VII foi o ponto de viragem que convenceu o público europeu e americano a consumir o género hoje em dia tão amado por muitos deste lado do globo.
Houve vários fatores que influenciaram o sucesso deste maravilhoso clássico e o diferenciaram de outros títulos, sendo o mais óbvio o grafismo 3D numa experiência em grande escala, algo inédito para a época. A tecnologia em questão havia sido pouco explorada, muito por culpa da baixa performance do hardware das consolas disponíveis. Mesmo assim, a Squaresoft estava decidida a fazê-lo, não só porque esta nova abordagem de arte seria o futuro dos videojogos, mas, também, porque a história que queriam contar assim o exigia. Uma história cinematográfica que iria despoletar sensações sem igual a quem a experienciasse.
Claro que outro dos fatores para o sucesso foi a narrativa. Uma história adulta que resultou numa jornada épica para salvar o planeta, com personagens marcantes e momentos que tocam o coração mesmo daquela pessoa mais forte. Hoje em dia, muita gente alega que nunca tinha vivido uma experiência assim, até terem jogado Final Fantasy VII. Foi algo inovador e que ficou para sempre gravado nas suas memórias.
Um título lendário, com fãs nostálgicos que o protegem como um tesouro.
Um tesouro que, apesar do seu valor incalculável, mostrava o desgaste pelo tempo. O jogo não tinha envelhecido bem. O público mais atual tinha acesso a títulos com uma qualidade técnica muito superior e, como tal, nem se dava ao trabalho de tentar jogar o fóssil de ’97. O jogo tinha deixado de ser atrativo comparativamente aos parâmetros atuais.
Mas, em 2015, o inesperado aconteceu. Durante a apresentação da Sony na E3, foi revelado que se encontrava em desenvolvimento um remake do clássico.
Cinco anos depois, em 2020, a nova visão de Final Fantasy VII chega a casa dos jogadores. Graças à Ecoplay, o ptAnime tem agora a oportunidade de responder à questão: Fará este remake justiça ao lendário jogo original?
Depois de 40 horas de jogo deixo-vos, sem mais demoras, a minha análise sem spoilers.
Final Fantasy VII Remake – Análise:
Final Fantasy VII Remake é uma reimaginação (ênfase especial na palavra) modernizada do original, com exclusividade temporária para a plataforma PlayStation 4. É um RPG japonês que combina uma jogabilidade tática com ação em tempo real, portador de gráficos estonteantes e momentos narrativos de cortar a respiração, seja pela proporção épica das batalhas a que as personagens são sujeitas, seja pelos momentos mais simples e delicados que compõem a enorme carga emocional da história. Tudo isto acompanhado por uma das bandas-sonoras mais belíssimas a que tive o prazer de ouvir.
Final Fantasy VII Remake | |
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Plataformas | Playstation 4 |
Publicadora | Square Enix |
Desenvolvedora | Square Enix |
Género | JRPG |
Data de Lançamento | 10 de abril de 2020 |
Final Fantasy VII Remake – Enredo e Personagens
Antes de prosseguir, acho que é importante mencionar que sou fã do original. Joguei-o antes de ter acesso a este Remake e é um dos jogos mais importantes para mim. De certa forma, este facto é uma espada de dois gumes: a nostalgia podia facilmente influenciar a minha opinião, positivamente no caso do jogo conseguir despertar as mesmas sensações que tive ao jogar o original, ou então o oposto, despoletando negatividade perante a ausência dessas mesmas sensações.
É crucial referir isto pois este Remake tem muito que se lhe diga. Infelizmente, não poderei entrar em detalhes nesta análise já que se o fizesse estaria a estragar totalmente a experiência àqueles que ainda não jogaram e pretendem fazê-lo. Tentarei ser o mais explícito que conseguir ser, utilizando o material que foi disponibilizado pela própria Square Enix, seja conteúdo de trailers, entrevistas aos criadores ou publicações oficiais nas redes sociais/blog. Porque sim, a história é diferente! Mesmo aqueles que jogaram o original ficarão surpreendidos com as adições e mudanças neste título. Portanto não se preocupem: sem spoilers.
O produtor do jogo, Yoshinori Kitase, fez o seguinte comentário antes mesmo do jogo sair:
Os fãs estão à espera deste jogo há 23 anos e eu estou feliz por finalmente o podermos entregar. É um jogo autêntico que pode ser experienciado como um todo, mas a sua história está longe de terminar. Com este primeiro jogo, nós mostramos que existe grande potencial para o futuro e incluímos imensas pistas sobre o que virá a seguir. Estou ansioso para ver as teorias dos fãs nas redes sociais acerca do que poderá acontecer. Continuaremos em contacto com toda a gente para que possamos fazer com que este projeto cresça com a ajuda de todos.
Este é o primeiro de um conjunto de jogos que irão constituir a experiência completa do Remake. O conteúdo deste jogo conta apenas a parte da história original passada na metrópole de Midgar, onde se situa a sede da Shinra Electric Power Company. Isto reflete a narrativa das primeiras 5 – 10 horas do jogo original, expandidas agora para 30 – 40 horas no Remake. Esta diferença colossal em quantidade de conteúdo deve-se ao enriquecimento de detalhes a que a história foi sujeita. Praticamente todos os momentos marcantes do original acontecem nesta reimaginação, mas são acrescentados diálogos, missões, locais e personagens.
Para além das adições existem alterações. E é seguro dizer que algumas delas são bastante polémicas e vão também dividir opiniões entre os fãs do original. Em contrapartida, são também estas alterações no enredo que deixam tudo em aberto para as futuras continuações.
Mesmo para aqueles que jogaram o original, ficarão sem certezas de como a jornada se irá desenrolar. É o meu caso neste momento. E não estou sozinho nisto. A Internet tem estado ao rubro nas últimas semanas e vai continuar assim até obtermos mais respostas. As teorias não param de surgir e as discussões estão cada vez mais acesas à medida que mais jogadores terminam o Remake. E, na minha opinião, isso tem o seu encanto. É maravilhoso ver a comunidade a unir-se para discutir algo que não os deixou indiferentes.
É impossível ficar indiferente a este jogo.
Sendo mais objetivo, a história começa da mesma forma, como já referi na minha antevisão ao jogo com base na demo disponibilizada. Iniciamos o jogo na missão de bombardeamento ao Mako Reactor nº1 levada a cabo pelo grupo eco-terrorista Avalanche, do qual fazem parte Biggs, Wedge, Jessie e Barret Wallace (líder do grupo). Para além destes existe o protagonista Cloud Strife, EX-SOLDIER e atual mercenário que está a ajudar a Avalanche em troca de dinheiro e também porque a sua amiga de infância, Tifa Lockhart, o recomendou para o serviço. Tifa é também membro da Avalanche apesar de não estar presente nesta primeira missão.
O reator em questão é um de 8 que se encontram situados ao redor de Midgar. Estes reatores pertencem à empresa Shinra e são usados como forma de extrair Mako. Esta substância pode ser considerada como um equivalente na vida real aos recursos energéticos não renováveis, quimicamente voláteis e prejudiciais ao meio ambiente, como o petróleo e a energia nuclear. Assim sendo, o seu uso é controverso, pois afeta negativamente os ecossistemas e a fertilidade ambiental necessária para a vida no planeta.
Planeta esse onde se passa a história do jogo. Denominado Gaia, trata-se de um organismo vivo e com consciência, com um tipo de energia chamado Lifestream, que contém o conhecimento de todas as criaturas que já viveram nele. Desta energia é possível obter Mako para fornecer energia elétrica e para processar Materia, um tipo de material que permite, a quem o alberga, obter capacidades mágicas.
É sabido que o processo de criar Mako acabaria por matar o planeta, mas tudo isso é ignorado porque a sua extração é rentável e coloca a Shinra como a entidade mais poderosa, à qual ninguém tem coragem de fazer frente. Ninguém exceto o grupo eco-terrorista Avalanche, cujo objetivo é impedir que esta exploração do planeta prossiga.
Apesar do objetivo do grupo ser válido, a forma como o pretendem atingir é questionável. A explosão de um dos reatores implica danos irreversíveis para a população inocente que vive na área do mesmo. Isso era abordado no original mas agora… chegamos a sentir um calafrio ao ver o resultado das nossas ações. Isso é atirado à nossa cara sem piedade. A missão é realizada com sucesso, o poder da Shinra é enfraquecido, mas a que custo?
Enquanto caminhamos pelos escombros e passamos pelas pessoas em pânico somos completamente abalroados por um enorme sentimento de culpa. E é este tipo de intensidade de sensações que nos é oferecida pela experiência no seu todo neste Remake. E, por vezes, nem tempo temos de respirar. Logo após a bofetada na cara relativa aos acontecimentos anteriores e suas implicações, chega-nos algo totalmente inesperado que, no meu caso, fez com que o meu maxilar inferior praticamente batesse no chão. Foi aí que percebi que estava perante algo diferente do que inicialmente esperava. Foi aí que fiquei ainda mais ansioso por desvendar os novos mistérios que se iriam deparar no meu caminho.
Provando mais uma vez que não temos tempo para respirar, após a surpresa anterior encontramos o maior mistério de todos: os Whispers, os seres fantasmagóricos encapuçados que apareceram nos vários trailers de promoção ao jogo. No mais recente, Red XIII (o canídeo de tom avermelhado) refere-se aos Whispers como “Juízes do Destino” e é o máximo que vos posso falar sobre eles. São uma presença exclusiva do Remake e têm uma importância extrema para a nova abordagem à história. Terão que jogar para entender.
E, para aqueles que não gostarem da direção deste jogo, terão que se habituar à ideia de que estas mudanças vieram para ficar.
Após o sucesso do original, a Square Enix decidiu continuar a criar experiências relativas ao mundo de Final Fantasy VII. Em 2005 foi lançado Final Fantasy VII: Advent Children, uma sequela do original, em formato de filme de animação. Este foi a primeira expansão da história original e o início do que hoje conhecemos como Compilation of Final Fantasy VII, da qual fazem parte prequelas e sequelas do original, nomeadamente: Before Crisis (jogo mobile), Crisis Core (jogo PSP) e Dirge of Cerberus (jogo PS2). Contamos então com 4 expansões, sendo Final Fantasy VII Remake a quinta. Este foi um detalhe confirmado pela equipa de produção após o lançamento do jogo, o que significa que esta história do Remake é canónica e existe no universo do original.
Quero ainda relembrar os jogadores que os criadores do original são os mesmos que deram vida a este Remake. Esta é a direção que desejam para a história. E fizeram-no de forma sensacional. Durante todo o jogo conseguimos discernir o empenho e amor da equipa de desenvolvimento.
Eu adorei cada momento da experiência. Foi uma lufada de ar fresco lidar com cada aspeto da narrativa, fosse familiar ou algo totalmente novo. Ainda assim, consigo entender os fãs que não pensam dessa forma. A palavra “Remake” (como a conhecemos) está mal empregada e acredito que quem esperava algo 100% fiel ao original acabou por ficar desiludido. Mas é inegável a qualidade da escrita de Kazushige Nojima. É incrível a forma como se desenrola a ação e os diálogos entre as personagens…
Ah, as personagens! Por mais que haja divisão de opiniões no que toca aos eventos da história, há algo que tem que ser unânime… as personagens estão perfeitas! Estou completamente apaixonado por elas.
Desde as caracterizações físicas e vocais, até às suas personalidades, eu não consigo apontar defeitos. Passando pelos figurantes até aos protagonistas, incluindo os vilões, toda a sua construção psicológica, fisiológica e sentimental está sublime. Algo que torna o original tão fantástico é a ligação que criamos com as personagens, apesar de não haver vozes, apesar dos gráficos e animações serem datados. Com o Remake, isso é elevado a um patamar que superou todas as minhas expetativas. Há um carinho genuíno no tratamento destas personagens tão amadas pelos jogadores. Senti-me claramente apegado a elas, determinado em descobrir mais sobre elas e imensamente satisfeito por poder passar mais tempo com elas. Todas são bastante humanas e diversificadas. Cada uma tem as suas próprias características que as diferem das demais. Destaque para os três membros secundários da Avalanche: Jessie, Biggs e Wedge, os quais temos a oportunidade de conhecer melhor neste jogo.
Até os NPC (Non-Playable Characters) têm o seu mérito. Os setores de Midgar estão cheios de vida e é interessante, às vezes, abrandarmos o ritmo dos nossos afazeres para prestar atenção aos detalhes que nos são transmitidos pelos comportamentos e conversas destas personagens.
A Square Enix tinha tudo para errar. Uma história com personagens tão amadas pela comunidade, na qual iriam mexer, fazer e refazer… e acertaram em cheio. O resultado é fabuloso.
Repito: acho todas as personagens estão fantásticas mas não posso deixar de escolher uma favorita – a belíssima Aerith. Se já era a favorita de muitos no original então no Remake será de muitos mais. É um poço de amor, ternura e bondade. É inteligente, corajosa e divertida. Uma lutadora nata! E a melhor amiga que vocês podem ter.
Para terminar a análise da narrativa quero só mencionar ao de leve o final. Quando o jogo foi lançado, a Square Enix pediu que não fosse revelado nenhum detalhe sobre os acontecimentos do último capitulo da história. As discussões que mencionei anteriormente, devem-se na sua totalidade aos surpreendentes últimos momentos do jogo. Aconselho a terem especial cuidado ao participarem nestas conversas se ainda não o terminaram.
Final Fantasy VII Remake – Jogabilidade
Aquando do anúncio do jogo em 2015, os fãs receberam a novidade com euforia e felicidade. Com o passar do tempo, esses sentimentos positivos foram substituídos por preocupação e dúvida. O último título moderno da série, Final Fantasy XV, teve opiniões mistas face às suas mecânicas, principalmente quanto ao seu combate frenético hack ‘n’ slash. Instalou-se então o receio de que o Remake pudesse optar por uma jogabilidade semelhante, descartando o nível tático do original. Mas nada temam! Final Fantasy VII Remake conseguiu criar uma sinergia entre as mecânicas do original e a ação em tempo real dos RPG de ação modernos, como Final Fantasy XV e Kingdom Hearts. Este jogo tem um dos mais inovadores e satisfatórios sistemas de combate a que eu já tive acesso.
As personagens que controlamos entram em modo de batalha quando se aproximam de inimigos que deambulam pelo mapa de jogo. Assim que o modo de batalha é ativado, podemos iniciar ataques recorrendo a golpes básicos (utilizando o quadrado), tendo também acesso a uma habilidade especial única de cada personagem (utilizando o triângulo). Esta habilidade especial tem uma barra associada que deve ser preenchida para que fique disponível para uso. Estes dois tipos de ataque permitem despoletar um conjunto de combos que inflectem dano ao inimigo no qual bloqueamos a mira (com o botão R3). Bloquear a mira num inimigo ajuda-nos a ter um melhor controlo da câmara de jogo. Durante as primeiras lutas tive um pouco de dificuldade a habituar-me à forma como esta fica posicionada muito próxima ao jogador. Mas depressa me adaptei e deixou de ser um entrave.
Durante as batalhas é possível trocar entre as personagens da equipa com recurso às setas do comando (esquerda e direita). Essa ação é rápida, fluída e deve ser usada constantemente para obter o máximo de controlo sobre o curso das lutas. É possível ter no máximo 3 membros na party, contudo, a escolha das personagens que controlamos nunca é feita pelo jogador. Consoante o momento da história, o jogo encarrega-se de criar a party de personagens. Como esta parte da narrativa é referente a Midgar, faz todo o sentido que assim seja, portanto, não é de todo um aspeto negativo.
Para além dos ataques básicos e habilidade especial, existem também habilidades associadas às armas equipadas e magias provenientes das Materias. As escolhas de habilidades de armas, magias e uso de itens implicam o custo de ATB (Active Time Battle) adquirido. Este sistema é semelhante ao do jogo original e consiste em encher uma barra conforme os ataques básicos que as personagens vão executando e o avanço do tempo da batalha. À medida que as barras ficam completas, as opções do menu de comando ficam ativas e prontas a serem usadas. Caso contrário aparecerão a cinzento e estarão indisponíveis.
As habilidades de armas poderão ser aprendidas pelas personagens. A partir de um determinado número de vezes em que é usada em combate, a habilidade fica associada à personagem sendo possível trocar de arma e continuar a usá-la. Esta característica incentiva o uso de todas as armas que as personagens vão adquirindo ao longo do jogo. Eu adorei fazer a gestão dos equipamentos e usa-los todos para adquirir as respetivas habilidades (claro que com o Cloud é sempre mais interessante mantermos a icónica Buster Sword, mas é uma opinião pessoal).
A gestão de equipamento passa também pelo uso de um sistema de upgrade das armas das personagens. Através do menu podemos escolher que arma melhorar dependendo dos SP (skill points) que as personagens recebem ao subirem de nível.
Esse sistema consiste na existência de grupos de skills com ramificações representadas por esferas, separadas pela quantidade de skill points que requerem para desbloquear esses upgrades. Os aprimoramentos são variados e ajudam a melhorar vários aspetos, como poder de ataque físico e mágico, pontos de vida, buffs percentuais relativos a ações (uso da habilidade única da personagem, p.e.), entre outros. É simples, intuitivo e, acima de tudo, eficaz.
Quanto às habilidades mágicas provenientes da Materia, podem ser equipadas utilizando o mesmo sistema existente no original. Existem 5 tipos de Materia:
- Magic Materia (Verde) – usada para realização de feitiços como Cura e Blizzaga;
- Command Materia (Amarela) – usada para habilidades como Chakra e Steal;
- Support Materia (Azul) – usada para combinações com os restantes tipos de Materia de forma a enaltecer os seus efeitos;
- Complete Materia (Roxo) – usada para melhorar atributos da personagem como HP (health points) e MP (mana points);
- Summoning Matera (Vermelho) – usada para evocações (summons);
Durante as batalhas, ao entrar no menu de comandos, o jogo fica em slow-motion permitindo ao jogador ter tempo para medir o estado da batalha e tomar a melhor decisão para prosseguir. Esta mecânica incorpora um nível tático fulcral para o sucesso nos encontros com inimigos. Ainda assim, o jogador pode definir teclas de atalho para realizar estas ações, não tendo que fazer uso do menu de comandos. Para isso, o jogador terá que atribuir essas ações no menu de configuração, podendo escolher até quatro. Para ativá-las, basta usar a tecla L1 juntamente com o botão atribuído à ação pretendida (Cruz, Círculo, Quadrado, Triângulo).
Todas as personagens têm uma opção de Evade (Círculo) para escapar dos ataques inimigos e uma opção de defesa (botão R1) para diminuir dano recebido. Todas estas opções podem ser usadas em tempo real e são bastante responsivas. É também possível atribuir comandos aos membros da party que não estamos a controlar, sem ter que trocar de personagem para o fazer (com recurso aos botões L2 e R2).
Para as batalhas mais difíceis, normalmente contra bosses, podemos ser abençoados com a presença de summons. Estes seres lendários poderão ser evocados quando uma barra arroxeada aparecer no ecrã e estiver preenchida. Existem 9 destas criaturas. Algumas poderão ser obtidas através de missões, outras são exclusivas para as edições especiais do jogo (para quem fez reserva). A partir do momento que tivermos a Materia correspondente podemos equipar um summon por personagem. Evocar um summon exige ATB, assim como ordenar-lhes a execução de ataques mais poderosos. Existe um tempo limite para o summon permanecer em batalha. Se a personagem que o evocou ficar inconsciente ou se o tempo limite chegar ao fim, a criatura realizará o seu ataque mais poderoso e desaparecerá. Para além de serem ajudas valiosíssimas em batalha, evocar os summons é um espetáculo visual cinematográfico de encher a vista.
Ainda referente ao combate, podemos contar com uma grande variedade de inimigos, não só a nível de design como a nível de composição física: fraquezas e imunidades. É essencial explorar os seus stats para ter uma perceção de como abordar as batalhas. Especialmente no caso dos bosses, cujos encontros são numerosos (a quantidade de bosses neste jogo é absurdamente alta! Ponto positivo!) e bem mais difíceis.
Existem duas mecânicas que são essenciais para sair vitorioso destas lutas mais complexas: Pressure e Stagger. Estes estados podem ser desencadeados nos inimigos para ganhar uma clara vantagem durante um período de tempo. Existe uma barra por baixo da barra de vida do inimigo que vai sendo preenchida com os ataques do jogador. Quando fica completa, o inimigo fica incapacitado e em modo Stagger, no qual o dano infligido pelo jogador é multiplicado em 160% ou mais. Já o Pressure, trata-se de um estado em que o inimigo se encontra propenso a ficar Stagger, ou seja, a respetiva barra irá encher mais depressa. O Pressure poderá ocorrer quando é executado um conjunto elevado de ataques contra o inimigo ou quando é explorada uma das suas fraquezas.
Todas estas opções criam um misto de ambiente frenético e ambiente tático durante as batalhas, oferecendo uma enorme sensação de controlo por parte do jogador. E sabe tão bem.
Quanto às dificuldades, posso dizer que existem dois modos para jogar Final Fantasy VII Remake. O Classic e o modo de jogo “Default” que se subdivide nas dificuldades Easy, Normal e Hard (dificuldade desbloqueada após concluir o jogo pela primeira vez).
No modo Hard, o jogador fica impedido de usar itens durante as batalhas e os MP não são regenerados nos bancos de rua em que o Cloud se pode sentar (nas restantes dificuldades, o HP e MP da party são recuperados na totalidade).
Mas se quiserem reviver a sensação de combate do original, sem realizar ataques básicos, esquivas e defesas, têm o modo de jogo Classic. Este modo automatiza estas ações, o que permite ao jogador ficar sentado a ver a sua party de personagens a realizar estas ações e, entretanto, estudar a melhor tática para usar os comandos disponíveis no menu pelo sistema ATB. Este modo permite que o jogador faça apenas a gestão de magias, ataques especiais e itens, e decida invocá-las quando achar melhor. A dificuldade deste modo de jogo é equivalente à Easy.
Para variar um pouco, temos à disposição uma enorme quantidade de conteúdo extra para fazer. Considerando que se trata de um jogo linear (tal como o original em Midgar), as tarefas existentes que nos distraem das missões principais são bastantes satisfatórias.
Existem mini-jogos variados, desde dardos no bar Seventh Heaven, destruir caixas com limite de tempo em troca de itens (denominado whack-a-box) no Sector 5, pull-ups e squats no ginásio local do Sector 6 (estes são frustrantes se o jogador quiser terminar todos os cursos disponíveis), um coliseu no qual podemos combater em torneios também no Sector 6 e missões em Realidade Virtual, que poderão ser acedidas depois de conhecermos uma certa personagem.
O jogo é mais aberto à exploração do cenário em 4 capítulos específicos, nos quais são introduzidas side-quests. Completá-las é totalmente opcional mas recomendo que o façam, pelo menos na primeira vez que jogam. A execução das mesmas não é nada que não tenhamos visto noutros jogos, mas, ainda assim, são divertidas e acrescentam informações relativamente ao mundo de jogo, enriquecendo a experiência. Para além disso, as recompensas por concluí-las ajudam bastante ao longo da história.
É simplesmente delicioso passar dezenas de horas neste jogo. Ainda que algumas seções se arrastem demasiado e criem alguma inconsistência no ritmo da narrativa, acabamos por sentir que todos os pontos fortes da jogabilidade são suficientes para jogar e “rejogar” este título. E após o terminarem, para além de serem brindados com a dificuldade Hard como referi acima, o jogo disponibiliza um menu de seleção de capítulos. Nele é possível saltar para qualquer ponto da história e jogar a partir daí. Creio que não estarei errado em comparar esta possibilidade a um New Game + de outros jogos, já que mantemos o nível, armas, personagens, habilidades (entre outras coisas) do save com que terminámos o jogo. Portanto, motivos não faltam para voltarem a pegar na vossa Buster Sword e terminarem o que ficou por fazer.
Final Fantasy VII Remake – Estética e Som
Final Fantasy VII Remake não roça a perfeição só no enredo e jogabilidade. Está na altura de referir os dois outros aspetos: estética e som. Gráficos e música. Animações e voice acting. Vamos lá?
Os gráficos são sensacionais. É incrível como conseguiram criar algo tão credível. As personagens, os ambientes, a arquitetura da cidade de Midgar são um mimo para os olhos. Jogar o original e transformar na nossa cabeça os seus modelos em algo mais realista deixou de ser necessário. O jogo foi desenvolvido utilizando o já conhecido motor de jogo Unreal Engine 4 e eu acredito que tenha usado todo o seu potencial para criar esta maravilha visual (acho que não é à toa que foi anunciado recentemente o novo Unreal Engine 5 para o próximo ano).
Mesmo assim, há algumas texturas que acabam por quebrar o impacto visual positivo devido à sua baixa qualidade. Inicialmente pensei que seria uma questão das mesmas ainda estarem a carregar… mas não. Ponto negativo que ainda assim não é suficiente para não valorizar toda a beleza a que somos apresentados.
As cutscenes são bastante cinematográficas e o trabalho de sincronização labial é fantástico. E quanto a isso, sabiam que o movimento da boca das personagens durante a fala varia consoante a língua? O vídeo seguinte mostra-vos as diferenças entre inglês e japonês.
https://www.youtube.com/watch?v=gnU4zXh7SMk
Apesar da escolha, optei pelas vozes inglesas e achei o trabalho dos atores fabuloso. No original toda a história é contada através de texto. Mesmo assim, tal como ao ler um livro, conseguimos interpretar e sentir o que é transmitido nos diálogos entre as personagens. Conseguimos identificar as suas personalidades e motivações. Tudo isso é transmitido de forma perfeita pelos atores de vozes das personagens. O que sentimos ao longo dos últimos 23 anos é o mesmo que sentimos agora sempre que uma personagem fala. Sentimos que são as mesmas do passado! E isso é incrível.
Quanto à música, vou ser objectivo: perfeita. Os motivos para tal são simples. A música de fundo adapta-se de uma forma impressionante às ações do jogador. Recentemente, li um comentário na Internet acerca desta característica do jogo, dizendo que “é como se estivesse um DJ, ao vivo, a controlar a intensidade da música”. Não podia concordar mais. A forma como transitamos de um momento de exploração, para um momento de combate, regressando novamente para exploração, é sempre levado a cabo por ações do jogador não pré-determinadas, e a música adapta-se a esses momentos na perfeição. Já para não falar das faixas magníficas que enaltecem o quão épica esta experiência se torna para quem a jogar. São tão boas que eu passei a ouvir a banda sonora do jogo para trabalhar.
Ah, quanto a isso, durante o jogo é possível adquirir 31 faixas da banda sonora. São colecionáveis que podem ser oferecidos ao falarmos com NPCs ou comprados em lojas. E que belos colecionáveis, não acham?
Final Fantasy VII Remake – Opinião Final
Há muitos jogadores que estão a experienciar esta história pela primeira vez. Eu quero dar as boas-vindas a essas pessoas! Bem-vindas a este maravilhoso mundo de fantasia, a esta história com tanto significado! Entraram com o pé direito pois este jogo é uma autêntica obra de arte.
Quanto aos fãs de longa data, lembrem-se: a nostalgia é um sentimento maravilhoso, mas também pode ser traiçoeiro. Não deixem que as mudanças face ao original sejam motivo para denegrir este jogo. Não merece de todo. A equipa original está por trás deste Remake e, na minha opinião, fizeram um trabalho exemplar. Adorei cada segundo, como fã e como jogador. Fico ansiosamente à espera das continuações.
Despeço-me de vocês com uma das músicas da banda sonora do jogo. “Hollow”, de Nobuo Uematsu e com voz de Yosh, da banda Survive Said The Prophet.
https://www.youtube.com/watch?v=w4NvpCylyvY
Análises
Final Fantasy VII Remake
Passados todos estes anos é maravilhoso voltar a Midgar e reviver os momentos marcantes das primeiras horas do clássico. Os responsáveis por esta maravilhosa obra de arte, a equipa do original, deu tudo de si para executar este Remake de forma exímia, superando as minhas expetativas com surpresas narrativas incluídas que podem não agradar a todos. Totalmente recomendado!
Os Pros
- Qualidade gráfica impressionante
- Sistema de combate inovador
- Variedade de inimigos
- Personagens credíveis e relacionáveis
- Banda-sonora perfeita
- Narrativa de escala épica mas,...
Os Contras
- ... pode não agradar os fãs mais puristas do original
- Algumas texturas
- Seções do jogo estendem-se demasiado