Final Fantasy XV foi anunciado pela Square Enix em 2006. Desde então, mudou de nome, de diretor, de plataforma, desapareceu do mapa e foi lançado o Final Fantasy XIII e as suas duas sequelas horríveis. Já se fala deste jogo desde o tempo em que não existiam iPhones, o Michael Jackson era vivo, eu andava no secundário a lutar contra o acne e o ptAnime não existia. Hoje, e desde 29 de novembro, o Final Fantasy XV é um jogo que existe e se pode comprar, para a Playstation 4 e Xbox One. 10 anos são tempo suficiente para originar expectativas monumentais. Será que Final Fantasy XV consegue justificar todo este tempo?
Final Fantasy XV | Enredo
Final Fantasy XV tem lugar em Eos, um mundo gigante e com uma backstory rica. Há vários anos atrás, os deuses deram à humanidade um cristal e um anel, e escolheram um humano para usar os poderes conferidos por estes objetos a fim de proteger a humanidade dos demónios. 2000 anos mais tarde, o jogador controla Noctis Lucis Caelum, herdeiro desse humano e príncipe do reino de Lucis.
Lucis é o único reino de Eos que consegue usar magia, graças ao cristal. Por causa disso, está em guerra com o Império de Nifelheim, que usa máquinas para tentar conquistar Lucis e o poder do cristal. Nas vésperas de um muito aguardado tratado de paz, Noctis é ordenado pelo seu pai, o rei Regis, a ir para outro país e casar com Lunafreya, herdeira de um reino conquistado pelo Império, a fim de fortificar os laços do tratado de paz. Mas quando se descobre que o Império apenas quer usar o tratado como uma desculpa para invadir Lucis e roubar o cristal, matando o rei no processo, Noctis e os seus três acompanhantes, Ignis, Prompto e Gladiolus, partem numa jornada para aumentar o poder de Noctis para reclamar o seu lugar no trono.
Parece spoiler? Nem por isso! Tudo o que eu disse acima está na caixa do jogo. Como devem imaginar, o enredo de Final Fantasy XV é complexo. Necessita de uma série de anime, Brotherhood: Final Fantasy XV e de um filme, Kingsglaive: Final Fantasy XV, para ser compreendida totalmente. Aliás, recomendo que seja tudo visto antes de se jogar o jogo.
Não querendo revelar demasiado, posso dizer que Final Fantasy XV tem tudo para ser o melhor Final Fantasy, mas não o é. Se eu escrevesse aqui a história toda, as reviravoltas e o final, podiam ler e pensar “Uau, este jogo deve ser a melhor coisa!” mas ao jogarem veriam que, sim, tudo o que disse aconteceu, mas não foi apresentado da melhor maneira. A direção de Hajime Tabata deixa muito a desejar, e cenas que podiam ter muito impacto não o fazem, conceitos são apresentados de repente, e a certa altura dá mesmo a sensação que estamos a assistir a uma versão cortada, em que faltam cenas.
Não me interpretem mal: Final Fantasy XV é um jogo extraordinário. Tem os melhores personagens, cenários e música da série, na minha opinião. Até a história é boa! Mas é como se déssemos os melhores ingredientes a alguém que não sabe cozinhar. Estávamos à espera de um bolo, mas no fim deram-nos uma mousse. Sabe bem na mesma, mas podia ter sido tão melhor.
Final Fantasy XV | Jogabilidade
Final Fantasy XV está dividido em 15 capítulos, e grande parte do jogo tem a forma de um open-world game. O mapa do jogo é absolutamente gigantesco (cerca de 5 vezes o tamanho de Skyrim/2 vezes o tamanho de GTA V) e desde o início temos a liberdade para explorar, entrar em dungeons, visitar cidades, andar de Chocobo, acampar, lutar, caçar monstros, apostar em lutas de monstros enquanto tocamos vuvuzela (a sério), jogar pinball, jogar dardos, pescar, receber massagens, fazer quests e side-quests. Tudo isto com a ajuda do nosso carro, o Regalia.
Há muito que fazer em Final Fantasy XV, e posso dizer que explorar o mundo com os nossos bros abre caminho para criarmos uma ligação com os personagens como nunca vi num Final Fantasy. A quantidade de diálogo é enorme: os nossos heróis comentam tudo o que encontram, mandam bocas uns aos outros durante as batalhas, e cada um tem uma personalidade bastante desenvolvida.
Mais tarde, por volta do capítulo 8, o jogo fica mais linear (apesar de a qualquer momento podermos voltar atrás e continuar a explorar o mundo) mas todo o tempo que passamos com o grupo é importante para sentirmos algo pelos nossos amigos: o Prompto, à primeira vista o típico happy-go-lucky do grupo mas na verdade é um monte de pureza e insegurança e o melhor personagem de sempre; o Ignis, o conselheiro suave e calmo, mas que se descobre que tem o seu lado sarcástico e apaixonado pela culinária; e o Gladiolus, que no início parece apenas um guarda costas militar super-macho que gosta de acampar, mas rapidamente se descobre que é um estúpido que se tivesse caladinho é que fazia bem! Até os personagens secundários têm profundidade, mesmo aqueles que são usados para fan-service.
O jogo encoraja-nos a passar tempo com o nosso grupo através do sistema de Level Up. Só ganhamos a experiência acumulada durante as missões e nas batalhas quando dormimos, seja acampar ou ficar num hotel. E ao fazermos isso, podemos ver os nossos personagens a interagir, a comer os pratos do Ignis para terem power-ups, a verem as fotos que o Prompto tirou durante o dia (uma das minhas partes preferidas!) e a ouvirem o Gladiolus a dizer como é tão melhor acampar do que ficar num hotel, porque ele é estúpido e não diz nada de jeito.
Subindo de nível, podemos usar a Ascension, um sistema que faz lembrar a Sphere Grid do Final Fantasy X (também conhecido como “o melhor Final Fantasy“) para desbloquear habilidades e técnicas para o combate.
O que é outro ponto muito forte do jogo! Apesar de Final Fantasy XV ter abandonado por completo o sistema de turnos, conseguiu implementar um sistema de combate em tempo real bastante fluido, stylish e simplesmente divertido. Temos uma grande variedade de armas à escolha, desde espadas, punhais e lanças, até shurikens, pistolas ou até mesmo motosserras. A magia também está presente. Temos feitiços de gelo, fogo e trovão, que podem ser misturados entre si ou com items para fazer versões melhoradas. Temos ataques especiais/Limit Breaks/Overdrives/Quickenings/Coisos para cada personagem, e claro, os Summons.
Apesar de não haverem muitos, cada Summon é super poderoso, pondo fim de vez à batalha quando aparece. Por serem tão fortes (e serem Deuses), não podemos escolher quando é que eles aparecem. Por um lado é chato, mas por outro fica dez vezes mais entusiasmante quando acontece.
Final Fantasy XV | Estética e Som
Não há maneira de por isto mais simples: Final Fantasy XV é o Final Fantasy mais graficamente impressionante até hoje. Tanto na parte técnica como na parte estética, o jogo é simplesmente lindo. Passar da penúltima geração de consolas para a última foi uma boa decisão! Cada penteado de um personagem de Final Fantasy XV tem o mesmo número de polígonos que um personagem inteiro de Final Fantasy XIII. Os cenários e as vistas são de perder o fôlego. As cores do céu são vibrantes, a estrada molhada reflete os faróis dos carros, a chuva cola-nos o cabelo à cara. A cidade de Altissia é simplesmente das melhores coisas em termos estéticos na história dos videojogos. E a cutscene que se passa lá… eu não sei se chorei pelo conteúdo ou pela beleza visual! (Sei sim, foram ambos.)
A música não fica atrás! Yoko Shimomura, compositora de Kingdom Hearts e Xenoblade, produziu para Final Fantasy XV uma banda sonora de arrepiar a pele. Não há como descrever a sensação de nos aproximar-mos num monstro muito acima do nosso nível e começar-mos a ouvir a Omnis Lacrima a tocar, como um hino à coça que estamos prestes a levar.
Também de notar que este é o primeiro Final Fantasy que nos permite escolher entre as vozes Japonesas ou Inglesas. Bastava apenas a opção de desligar a voz do Gladiolus para ele não falar, e estava perfeito!
Final Fantasy XV | Juízo Final
Final Fantasy XV, na minha opinião, provou que valeu a pena esperar 10 anos.
É visualmente impressionante, com as personagens mais bem escritas da franchise, um sistema de combate divertido e muito conteúdo. (acabei a história em 33 horas, já vou em 68 horas e ainda não acabei todas as side quests!) Final Fantasy XV apenas desilude na forma como apresenta o enredo, que é em essência uma história boa e sombria. Felizmente, a Square Enix respondeu a estas críticas, anunciando que vai lançar updates gratuitos que irão acrescentar cenas e conteúdo à história começando já dia 22 de dezembro. Se assim for, é possível que Final Fantasy XV se torne o melhor Final Fantasy até agora.
Análises
Final Fantasy XV
10 anos são tempo suficiente para originar expectativas monumentais. Será que Final Fantasy XV consegue justificar todo este tempo?
Os Pros
- Visualmente espetacular
- Personagens humanas e bem escritas
- Horas e horas de conteúdo
Os Contras
- Enredo bom que sofre de má direção
- O Gladiolus