Um ano depois da estreia de Free!: Iwatobi Swim Club, a franquia volta a mover multidões com a continuação da história em volta dos atletas do Clube de Natação Iwatobi.
Não foi surpresa a continuação da aclamada série das produtoras Kyoto Animation e Animation Do., que no término da primeira temporada confirmou o seguimento da animação. Considerada uma das séries mais aguardadas da temporada de verão, “Free Eternal Summer” marcou records de visualizações desde o primeiro episódio. Resta saber se as maravilhosas formas físicas, os estruturais músculos de fazer inveja aos Deuses da Grécia Antiga, e claro, as adoráveis relações entre os participantes da modalidade em questão, mantêm a qualidade oferecida na prequela.
Free Eternal Summer | A História
Agora no último ano do secundário, Haruka, Makoto e Rin enfrentam o mais importante e decisivo desafio: o futuro. Com o clube de natação sem novos elementos, a escola a pressioná-los sobre as escolhas e planos para o futuro, “Free” parece ter perdido o significado por entre o acumular de pressões, expectativas e grandes decisões a ser tomadas num curto espaço de tempo.
O tempo não pára! As competições estão de volta, e com elas uma oportunidade única de expor e publicitar o pequeno clube de natação, e quiçá ter um deslumbre sobre o futuro enquanto atletas: os nacionais de natação começaram. Com elementos do passado a ressurgir na vida de Haru e Rin, muitas confusões e discussões são esperadas. Resta saber se conseguirão enfrentar, enquanto equipa e estudantes, todas as adversidades do último ano na Escola Iwatobi.
Free Eternal Summer | Enredo
A saga inicia-se de forma muito similar à temporada anterior. Sem qualquer tipo de alteração quer na construção dos cenários, na progressão das cenas ou ação das personagens, tudo induzia o espetador a crer que a narrativa continuaria focada no fanservice à volta dos nadadores, com Gou a maravilhar-se com o porte atlético dos amigos, e Haru com a sua alergia à roupa. Célebres cenas como Haru a sair da banheira e ser ajudado por Makoto a levantar-se, repetem-se num verdadeiro banho de nostalgia para os fãs da série. Contudo, nos episódios seguintes é progressivamente notória a diferença dos focos de desenvolvimento narrativo, podemos, inclusive, afirmar que a própria premissa muda: passa a ser um anime do género Slice of Life com base na modalidade natação.
O equilíbrio entre fanservice e enredo significativo começou a ser construído desde cedo. Rin irá, mais uma vez, despoletar uma série de dúvidas e levantar questões que servirão de base para a premissa da obra: o futuro enquanto atletas profissionais. As mudanças reafirmam-se com a entrada de uma nova personagem associada ao passado de Rin: Sousuke Yamazaki. O que parecia um potencial elemento para ajudar ao trio amoroso, constituído por Haru, Rin e Makoto, demonstrou ser uma personagem significativa em termos desportivos, ao abordar temas como lesões, abandono da carreira desportiva e sobretudo a vida e pressão pessoal de um atleta de alto rendimento, como era o caso.
Sim, é verdade, Free! aborda questões complexas, muitas delas polémicas, da verdadeira vida dos atletas. Os problemas variam, e demonstram ser bem mais do que o esperado numa produção do género. A narrativa envolve de forma sublime problemáticas dispares mas não menos importante, desde a aceitação por parte do seio familiar às divergências entre atletas: o desistir ou continuar carreira desportiva.
Em comparação com a primeira temporada, em “Free Eternal Summer” vemos, pela primeira vez, episódios inteiramente focalizados em determinadas temáticas e nos respetivos protagonistas. Com um desenvolvimento fluído e progressivamente mais intenso, o enredo conquista até o espetador mais descrente, reafirmando-se enquanto anime de qualidade e conteúdo.
Somos completamente embrenhados pela vida e rotina das diferentes personagens, quer da Escola Samezuka frequentada por Rin e Sousuke, quer da rival Iwatobi. Acompanhamos o desenvolvimento dos vários nadadores, nas mais diferentes modalidades e os lentos progressos dos mesmos. A competitividade entre colegas, a frustração de se ser desconvocado para as competições, os planos de treino rigorosos e as exigências alimentares, nada é deixado de lado nesta produção sobre natação.
Quanto ao fanservice desta temporada, podemos admiti-lo como suportável dentro dos padrões gerais. Com uma primazia digna dos estúdios em questão, foram conseguidos efeitos visuais e imagens bem mais simples que surtem o mesmo efeito das inúmeras cenas dedicadas, na prequela, ao bromance. Nesta animação, apesar das cenas mais intensas e dramáticas entre os protagonistas serem retratadas de forma exagerada, e quiçá um pouco exuberantes, cada um retira o que quiser da cena, permitindo ao espetador usufruir da narrativa sem ser embrenhado no “quase-beijo”, “quase-confissão”, entre outras situações menos adequadas ao universo desportivo. Assim, Free! conseguiu compensar ambas as partes do seu vasto público. Deixou de ser um anime de fanservice sobre fanservice, para um anime desportivo com algum fanservice.
Free Eternal Summer | Ambiente
A nível técnico, o desenho e animação de Free Eternal Summer mantêm a qualidade e rigor da prequela. O seu estilo e traço extremamente caraterístico visa expor as personagens a um nível absurdamente bom. O visual geral roça o comum contemporâneo, no entanto, os elementos de nível consideravelmente superior, demarcam a obra elevando a franquia relativamente às restantes obras. Os pormenores das expressões e a gesticulação corporal criam os cenários necessários para um bom fanservice, sem grandes exageros (comparando sempre com a temporada passada), potenciando as relações e situações de teor duvidoso.
A precisão de vanguarda com que conseguiram desenhar cada movimento muscular é evidenciada na natação, os autores não se pouparam aos detalhas, culminando numa experiência visual onde água e corpo humano se ligam de forma sublime. As caraterísticas técnicas e explicativas da modalidade veem indubitavelmente o seu destaque aumentado com um desenvolvimento global de cada estilo. Um dos pontos positivos da obra consiste nos cenários e qualidade descritiva das competições, treinos, clubes de natação e mesmo cidades e diferentes panoramas expostos ao longo da narrativa.
As cores, entre vívidas a quentes, contrastam na perfeição com o estado de espírito de cada personagem, adequando todo o cenário e luminosidade à situação em si. Pela primeira vez vemos imagens mais obscuras, negras, ou simplesmente uma graduação de cores que foge ao aspeto luminoso e belo ligado à modalidade e exposição da mesma. A evolução das técnicas desportivas, formas de melhorar o desempenho dos atletas e, sobretudo, os problemas dos mesmos, são explorados num jogo de cenários, cores e padrões fortes, que somente mudam aquando momentos de comédia. Continuamos a ver divertidas frames com diferentes tipos de traço, ou as típicas bases de cores opacas que enaltecem a cena e a representação da personagem.
A banda sonora continuam a ser de elevada qualidade, sem ser, contudo o melhor que a animação tem para oferecer, é simples, com sons básicos aprimorando todo o espetáculo proporcionado pelo meio aquático. Quanto ao opening de Free Eternal Summer, a qualidade de som e imagem continua a marcar pontos, contudo vemos um decréscimo na qualidade do ending, demasiado infantil e quiçá ridículo para a obra em questão.
Free Eternal Summer | Juízo Final
O que começou por ser um mero anúncio, rapidamente chegou ao pequeno ecrã. A mover legiões de fãs, várias foram as barreiras e estereótipos quebrados pela franquia. Conseguimos ter numa só produção, o melhor dos dois mundos: fan-service apaixonante e contagiante, e uma descrição pormenorizada da modalidade de natação. A ansiedade dos atletas de alta competição e o drama a envolver toda a dinâmica escolar e familiar, que os jovens desportistas têm que ultrapassar para se vingarem na vida desportiva, são alguns dos temas explorados pela obra.
Para os fãs de bishounen e boys-love esta é uma das obras que deve constar nos reportórios de visualizações. “Free Eternal Summer” pode ser considerada uma obra prima do que melhor pode ser feito dentro do género, através de ligeiras insinuações e situações com teor e imagem de duplo ou triplo significado, tornando-se num verdadeiro banquete para as mentes famintas por “shippar“ e recriar narrativas. Por outro lado, se são fãs de desporto, ou natação em particular, terão um leve deslumbre da modalidade e das consequentes dificuldades que as competições e o próprio desporto apresentam. No entanto, nada é explorado de forma profunda e muito menos contínua, o anime foi criado para agradar a um nicho muito específico de público e certamente não os amantes de desporto. Em suma, por curiosidade e amor à arte, é sem dúvida um anime que não vos irá desiludir, mas as expectativas terão que ser reduzidas em termos de conteúdo e premissas rebuscadas.
Perdido? Queres saber mais sobre a franquia Free!? Aqui tens as nossas análises:
Free!: Dive to the Future – Primeiras impressões
Análises
Free! Eternal Summer
A franquia Free! continua a arrebatar os corações mais frágeis, desta feita com uma nova e refrescante temporada: Free Eternal Summer.
Os Pros
- Produção visual;
- Evolução narrativa face à primeira temporada.
Os Contras
- Elevado Fanservice