Em 2020, os entusiastas do mundo dos videojogos estavam prontos para receber a nova geração de consolas. Com o impacto do COVID-19 muitos projetos foram adiados e a indústria ainda está a sentir esse impacto atualmente. Apesar do ano ter sido um pouco mais lento a nível de lançamentos, tivemos novos títulos de grande qualidade para todos os sistemas.
A PlayStation apresentou um lineup muito sólido, com títulos de peso e diversos lançamentos das third party como: Final Fantasy 7 Remake, Persona 5 Royal, Nioh 2, The Last of Us 2, Spiderman Miles Morales e Demon Souls.
No entanto, houve um título que se destacou pela positiva e que apanhou muita gente de surpresa, Ghost of Tsushima.
Desenvolvido pela Sucker Punch Productions o novo título exclusivo da Sony alcançou imenso sucesso no seu lançamento, sendo aclamado tanto pela crítica como pelos jogadores. Apresentado na Paris Game Week em 2017, o foco deste título passou pela criação de um mundo aberto autêntico inspirado nos acontecimentos reais durante a invasão mongol ao Japão.
Segundo o diretor Nate Fox, a Sucker Punch recorreu a vários especialistas em diferentes áreas durante o desenvolvimento deste jogo. Desde a forma como as pessoas se moviam até aos padrões arquitetónicos, todos os detalhes foram altamente precisos, permitindo uma representação fiel do Japão Feudal.
Uma base que serviu de inspiração para a equipa foram os filmes clássicos de Akira Kurozawa. Como resultado final tivemos uma bela experiência cinematográfica e uma verdadeira carta de amor ao género samurai.
Ghost of Tsushima – Análise
História
Esta nova aventura ocorre durante a invasão mongol à ilha de Tsushima em 1274. Nesta altura as ilhas japonesas eram consideradas peças importantes nas rotas comerciais entre a Coreia e o Japão. Nelas habitavam muitos japoneses incluindo algumas famílias samurais.
Os treinos samurais não eram ensinados em escolas, mas sim através de rituais familiares prestados com base num código de honra, o bushido.
O jogo começa nas praias de Komoda, onde os mongóis desembarcaram e iniciaram a sua invasão. Jin Sakai, o protagonista, juntamente com um grupo de samurais liderado pelo seu tio, Lord Shimura, lutam pela sobrevivência dos habitantes de Tsushima.
Esta batalha culminou na derrota dos guerreiros japoneses e no rapto do senhor Shimura por Khotun Khan (principal antagonista do jogo). Jin, um dos sobreviventes deste massacre, precisa de renascer como o fantasma da ilha, levando a um embate moral sobre os seus princípios.
Confrontado pela escolha difícil de seguir o seu código samurai contra um inimigo superior em praticamente todas as categorias, o protagonista terá de recorrer a todos os métodos disponíveis para poder salvar a ilha de Tsushima.
Ao longo da história vemos flashbacks que mostram um pouco mais do passado de Jin, enquanto este treinava com o seu tio. Esta parte é fulcral, visto que a relação dos dois é um dos aspetos mais importantes do jogo.
Se por um lado temos um samurai clássico que quer respeitar o código e morrer com honra, do outro lado temos um samurai que não tem medo de quebrar esse código se isso implicar a salvação do seu povo.
Outro ponto forte da história, reside nas missões secundárias onde vemos outros arcos serem desenvolvidos. Desde contos sobre guerreiros lendários até histórias de vingança, este jogo conta com muitas atividades que conseguem roubar a atenção do jogador da história principal.
Nestas missões serão encontrados equipamentos poderosos e aliados que irão ajudar Jin Sakai na sua jornada para salvar a ilha de Tsushima.
Jogabilidade | Ghost of Tsushima – Análise
Ghost of Tsushima não apresenta nenhuma mecânica revolucionária no entanto, apresenta um sistema de batalha bastante competente. Basicamente, o jogador dispõe de diferentes posturas ou “stances” que são vantajosas contra um certo tipo de inimigos. O jogo apresenta 4 tipo de stances e ao longo de uma batalha o jogador terá de trocar entre as stances dependendo do tipo de inimigo que enfrenta.
Na minha opinião, o jogo concede tempo ao jogador para se ajustar à troca de posturas, apresentando-as de uma forma natural. Numa fase inicial, o jogo pode parecer difícil se o jogador for menos paciente e não entender esta mecânica. No entanto, à medida que vão desbloqueando novos recursos o jogo vai se tornando mais acessível.
Através de um sistema conhecido por “Lenda”, o jogador vai obtendo mais notoriedade enquanto progride para se tornar o Ghost of Tsushima. Com a conclusão dos contos de Tsushima e a libertação dos territórios mongóis, o jogador vai subindo de ranking, permitindo o desbloqueio de novas posturas e habilidades que vão ser úteis ao longo do jogo.
Desde um confronto mais frontal até a uma postura mais moderada e calculada, o jogo permite que cada pessoa possa encarar o mesmo desafio de diferentes formas. Contudo, um aspeto que incomodou a minha experiência foi a câmara. Quando lutamos contra vários mongóis com armas diferentes, fica difícil gerir as posturas e a posição da câmara simultaneamente.
Apresentação do jogo
Com o lançamento de The Last Of Us 2, muitos pensaram que o título da Naughty Dog teria extraído o máximo de potencial gráfico da PS4. Contudo, com a chegada de Ghost Of Tsushima, rapidamente essa afirmação foi descartada. A apresentação visual deste jogo é simplesmente brilhante.
Desde cavalgar entre os campos, a forma como o vento sopra até às lutas nas cascatas, neste jogo podemos simplesmente parar para apreciar cada detalhe. Com uma palete de cores vibrante, tudo parece mais icónico e chamativo nunca criando uma sensação de fantasia excessiva ou irrealismo.
A estética do jogo e o som adequa-se perfeitamente com o clima que o jogador vive. Se por um lado podemos estar em cima de uma montanha num clima de paz, no momento a seguir podemos estar perante a brutalidade dos mongóis numa invasão a um posto. Esta dualidade é algo único e torna Tsushima como uma “personagem principal”, bem aos moldes do que o Breath Of The Wild fez com Hyrule.
Um fator interessante neste jogo é que ele não dispõe de um minimap nem de waypoints, mas utiliza os elementos da natureza como o vento ou até pássaros como guia para o utilizador dirigir-se ao próximo objetivo. O mundo aberto está preenchido com pequenos pontos de interesse que nunca irão deixar o jogador entediado por falta de ação ou exploração.
Veredito | Ghost of Tsushima – Análise
Ghost of Tsushima é uma das melhores experiências visuais da última geração. Com uma boa história e missões secundárias interessantes, o grande destaque deste jogo reside no seu mundo aberto imersivo e rico em detalhes.
Numa geração onde os jogos de mundo aberto são bastante casuais, poucos conseguem encorajar o jogador a explorar tudo aquilo que o jogo tem para oferecer. Neste quesito, a Sucker Punch fez um excelente trabalho com a distribuição das missões e dos colecionáveis por todo o mapa, sem tornar a experiência muito overwhelming.
Ghost of Tsushima não é apenas mais um Assassin’s Creed inspirado no Japão Feudal, mas sim um título com alta qualidade visual e mecânicas de combate diversificadas.
Análises
Ghost of Tsushima
Com esta nova IP, a Sony termina a última geração com um título de grande personalidade e que irá impactar e influenciar os futuros jogos do género ação e aventura.
Os Pros
- Mundo Imersivo
- Missões secundárias interessantes
- Sistema de batalha competente
- Temática muito bem explorada
Os Contras
- Por vezes a câmara pode atrapalhar um pouco
- Estrutura das missões pode ser um pouco repetitiva