No mundo do Anime, e particularmente em Portugal, as séries futebolísticas mais famosas de sempre são, sem qualquer margem para dúvida, Oliver & Benji (de nome original “Captain Tsubasa”) e Inazuma Eleven. Pois bem, tendo em conta que este é um lote muito restrito de séries deste tipo para quem gosta do género, e que estas duas não são as únicas dignas de protagonismo, o ptAnime apresenta hoje uma análise detalhada a Giant Killing. Vamos a isso!
Giant Killing | A História
East Tokyo United é uma equipa do campeonato de futebol japonês que passou os últimos anos a lutar para se manter no escalão principal da competição. Como consequência dos maus resultados, e visto que alguns progressos eram esperados por parte da ETU ao longo dos anos, os adeptos em geral começaram a deixar de apoiar a equipa, o que só piorou a situação.
No entanto, tudo vai mudar com o início da nova época futebolística e consequente aposta da direção da ETU num treinador que recentemente deu muito que falar em Inglaterra por fazer da sua equipa uma “tomba-gigantes”, Takeshi Tatsumi. Uma contratação que até vai trocar as voltas aos adeptos do clube. Ao ter sido um grande jogador da ETU no passado, Tatsumi vai voltar a cativar o público a ir ao estádio apoiar a equipa e, ao mesmo tempo, virar a própria claque contra ele e contra a direção, devido à maneira desagradável como Takeshi abandonou o clube enquanto jogador.
Apesar destas dificuldades iniciais não relacionadas com o futebol da equipa e, só mais tarde, com o acréscimo dos problemas técnicos e táticos da ETU, Tatsumi irá fazer uso das suas ideias peculiares e da sua capacidade de observação do adversário para tornar também a ETU numa equipa perita em derrotar poderosos adversários (Giant Killing).
Giant Killing | Ambiente e Enredo
Ao contrário das duas séries de anime também ligadas ao futebol que mencionei na introdução a esta análise, Giant Killing é uma obra super adaptada àquela que é a realidade do futebol na atualidade. Os jogos em si não dispõem de qualquer tipo de anormalidade como poderes ou jogadores que sobem postes de baliza para fazerem pontapés acrobáticos, o que acaba por ser um ponto a favor desta obra, principalmente no que toca a cativar o público adolescente e faixas etárias superiores.
Mas não é só a nível de jogo que é tudo muito real. As tácticas implementadas pelos treinadores (sempre com Tatsumi mais em foco), o estudo do adversário que têm pela frente e a leitura que fazem do jogo que está a decorrer demonstram realmente que o criador de Giant Killing, Masaya Tsunamoto, tem noção do assunto que está a abordar, sendo aspetos como este que enriquecem ainda mais a série e despoletam o interesse dos espetadores.
Um outro “pormenor” relevante que não é esquecido é a globalização do futebol. Particularmente num país como o Japão, em que a qualidade de jogo está longe do nível europeu e brasileiro, a contratação de jogadores destas zonas do globo é uma boa aposta para muitos clubes enriquecerem o seu futebol e isso também é aqui retratado. Chegam mesmo a aparecer jogadores brasileiros a falarem a sua língua e o próprio treinador da seleção do Japão é francês. As claques também não passam ao lado de Giant Killing. Quando as coisas não correm bem, lá estão elas para insultar e pedir esclarecimentos aos principais responsáveis do clube, como é o caso dos Skulls, apoiantes da ETU. O mundo do futebol funciona mesmo assim, pelo que sabe bem constatar que estas matérias não são esquecidas.
Mas o detalhe mais importante e que nos leva a assumir que temos aqui uma verdadeira simulação do Desporto Rei é sem dúvida a prestação da ETU ao longo da época. Só com muito trabalho dentro e fora do campo se consegue mudar uma equipa que atravessa um péssimo momento de forma desde há anos atrás e, portanto, não é de esperar que num abrir e piscar de olhos as coisas mudem. Só colmatando falhas aqui e ali, ao longo de várias semanas, é que se começam a notar melhorias na equipa, não apenas em termos de resultados, mas também nas exibições. Esta caraterística garante assim o suspense e o drama nos jogos que são exibidos ao detalhe, já que nós, espetadores, ficamos sempre a pensar se é naquele jogo que a equipa se vai afirmar ou se algo inesperado vai acontecer, suscitando assim o interesse de querermos ver o que se vai passar a seguir.
Relativamente à banda sonora, esta passa um pouco despercebida. Uma ou outra música são marcantes e aparecem em momentos cruciais, mas nada de relevante. Até porque o que “cola ao ecrã” é o jogador que tem a bola e o que vai fazer com ela a seguir. Existem ainda os cânticos próprios da equipa que de vez em quando se fazem ouvir nos estádios e tornam o ambiente digno de um bom jogo de futebol.
No que diz respeito à parte da animação, a dita cuja é satisfatoriamente boa. Os movimentos durante o jogo são todos claros e bem perspetíveis, para regozijo de quem está deste lado do ecrã. Já os desenhos das personagens e o ambiente visual são um pouco carregados e fora do normal, o que não quer dizer que sejam maus. Pelo contrário, são bastante agradáveis depois de nos habituarmos a eles. Como se costuma dizer: “primeiro estranha-se, depois entranha-se”.
Giant Killing | As Personagens
Após a sinopse da história, logo se percebe que o protagonista de Giant Killing é Takeshi Tatsumi. O novo treinador da ETU tem ideias e métodos de treino muito próprias, tanto é que surpreende muitas vezes o plantel e o deixa a pensar se aquele líder é algum anormal. Para além do mais, como também já foi referido, Tatsumi é perito em “tombar gigantes” em função da maneira como estes jogam, pelo que o vemos muitas vezes a fazer noitadas a ver vídeos e a estudar os jogadores adversários. Uma atitude que prova a sua dedicação ao trabalho, por muito que às vezes pareça um preguiçoso e despreocupado com tudo o que se passa à sua volta. Para além do treinador, podem ainda ser destacados aqui alguns jogadores do plantel, como é o caso de Tsubaki, Kuroda, Murakoshi e Gino.
Começando pelo mais novo, Tsubaki é um jogador cujo grande talento reside na resistência. Ele é capaz de correr o jogo todo parecendo mesmo não se cansar. O problema do miúdo titular da equipa é a parte psicológica que por vezes o afeta consideravelmente.
Kuroda é o guerreiro, o patrão da defesa da ETU. Ele tem tudo aquilo que um jogador deve ter em termos de comportamento dentro de campo. Ou seja, um enorme espírito batalhador e a capacidade de levantar a moral da equipa quando esta sofre um golo ou passa por maus momentos.
Murakoshi, mais conhecido por Mr. ETU, é desde há muito tempo o Capitão da equipa. A sua forte presença no balneário e o facto de ter sido o principal suporte do plantel nos anos complicados que passaram fizeram dele o maior ídolo dos adeptos. Se Kuroda é alguém mais enérgico quando se trata de incentivar o grupo, Murakoshi não precisa de gritos de guerreiro para aconselhar e suportar os seus companheiros nas alturas em que estes mais precisam.
Já Gino pode ser considerado a vedeta da equipa. Apelidado de “Prince”, este italiano tem uma qualidade de passe e de remate muito acima da média, sendo uma peça fulcral no onze inicial de Tatsumi para que o ataque funcione. Contudo, correr que nem um desalmado para recuperar uma bola ou fazer um corte no limite não é com ele. Gino é constantemente visto a andar a passo dentro de campo e a meter conversa com elementos da equipa adversária.
Giant Killing | Juízo Final
Resumindo, esta é uma obra totalmente dedicada ao futebol, pelo que se o Desporto Rei não é do vosso interesse, bem que a podem esquecer. Pelo contrário, se são fãs e grandes apreciadores, aqui vão encontrar o anime de futebol mais aproximado à realidade, pelo que não o devem descartar por nada deste mundo. Giant Killing é constituído por 26 episódios, sendo esta a sua parte negativa. Ao ter sido transmitida em 2010, nunca mais uma sequela animada foi produzida, o que é uma pena visto que a manga continua a ser lançada e a série terminou numa parte mesmo interessante.
Antes de terminar, de realçar ainda os discursos de treinadores e jogadores. As declarações, e até mesmo os diálogos que surgem entre as personagens, usam o vocabulário pretendido e podem até funcionar como um fator motivacional para todos os espetadores que praticam futebol ou outro desporto e pretendem melhorar física e psicologicamente. Que não é uma série do outro mundo, isso não é! Mas que Giant Killing tem muita qualidade e pode mesmo ser considerada uma das melhores do género já é bem verdade.
A obra é tão pouco conhecida que nem foi possível encontrar um trailer da mesma. No entanto, fica o opening para dar um bocado de vida a este artigo. Se já viram Giant Killing, então não se esqueçam de partilhar aqui a vossa opinião. Já sabem que ela é importante para os potenciais interessados em assistir a esta produção da Studio Deen.
Análises
Giant Killing
Uma obra totalmente adaptada à realidade do futebol atual. Altamente recomendada a quem procura algo deste género em alternativa a outras histórias de futebol mais "fantasiosas".