>>>ESTE ARTIGO CONTÉM SPOILERS!<<<
Hataraku Saibou – Opinião Episódio 4
No geral, tenho sido bastante positivo na apreciação de Hataraku Saibou!, sobretudo porque genuinamente me divirto. Para mim o que me atrai na série, prende-se com o design e com a forma como esta “funde” elementos narrativos com eventos e elementos do corpo humano.
Por este motivo, tenho a tendência de focar os meus artigos de opinião nos pontos de maior interesse para mim. Mas, e apesar de ter tocado ao de leve neste assunto nos outros artigos da rubrica, quero sublinhar talvez a maior fraqueza do anime: o enredo base de cada episódio.
Qualquer pessoa que tenha lido/ouvido um par de histórias na sua vida, provavelmente sabe para onde caminha a resolução do episódio assim que o conflito inicial é apresentado.
No episódio 3, entende-se para onde caminha o arc da Naive T Cell assim que a personagem é apresentada e vemos a sua relação com os seus seniores.
Da mesma forma, neste episódio 4, após vermos como a Eosinófilo é gozada, subestimada e “encostada” por não ser um Glóbulo Branco eficaz nas ações nas quais se destacam os Neutrófilos, facilmente se percebe que o enredo caminha para um final que pressupõe a sua afirmação como defensor de valor do organismo. Apenas não sabemos como será isso apresentado em termos práticos, porque o anime se serve dos paralelismos do corpo humano e isso é que torna tudo divertido.
Esta “fraqueza” é também atenuada graças ao cariz episódico do anime, que limita o tempo de exposição dos espectadores a um tipo e história familiar, mesmo que a roupa que ela vista seja diferente e original.
Chega de “puxar linhas à camisola”, vamos focar-nos nos bons momentos, que foram vários.
Gostei imenso de terem feito do estômago um grande aquário que recebe visitantes e permite o enquadramento romântico o “projeto de casal” a ser banhado pela luz (neste caso “vulcânica”) do “aquário central”.
Depois tivemos a introdução da Eosinófilo, cujo curioso design eu gostei e depois pensei se teria alguma intenção por detrás e fui investigar.
O que se segue é pura especulação e tentar “colar ideias com cuspo”:
A indumentária da Eosinófilo é evocativa das roupas usadas pelos caçadores mais tradicionais no Reino Unido. O que associado à capacidade deste leucócito em combater nematodas parasitas (minhoquices), pode indicar um ‘foreshadowing’ de para onde caminha o episódio e como o papel da nossa contestada heroína será preponderante. Quanto à arma, não sei se está ou não associado, mas assemelha-se a uma arma chinesa denominada de ‘Fisherman’s Fork’ (Garfo do Pescador).
Quando se desencadeia a intoxicação alimentar, temos a entrada em cena de duas células curiosas, as quais têm funções análogas neste contexto (que o anime refere), mas com particularidades que a série mais subtilmente sublinha: mastócito (Mast Cell) e basófilo.
Os mastócitos são glóbulos brancos que se situam nos tecidos, algo que Hataraku Saibou retrata colocando uma personagem de bata numa espécie de sala de segurança. Já os basófilos, também eles glóbulos brancos, “viajam” pela corrente sanguínea e por isso o vemos a deambular pela zona afetada.
Ainda relacionado com estas células, particularmente com o Basófilo, fiquei inicialmente confuso com a forma como o seu papel foi retratado no anime. Parecia o Morpheus a profetizar ou monologar de cena em cena, mas depois bateu-me: a sua presença é essencial em face ao que está a ocorrer devido à libertação de histamina, mas o “combate mano-a-mano” contra a bicharada não consta na sua lista de funções, então fizeram dele orador. Clever!
Do resto do episódio, precedendo a revelação do big evil Anisakis, quero destacar duas coisas:
- O combate do U-1146 contra as Enteritis Vibrio, tanto as pequenas como a grande, foi particularmente fixe. Por um lado é acompanhada por uma heróica banda sonora e, por outro, adorei o final gore reservado para a grandalhona.
- O outro pronto é que foi novamente uma alegria ver como todo o organismo “atua” em situações de calamidade. E é sempre bom ver o comandante Helper T Cell.
Para finalizar, e mesmo sabendo que todo o episódio caminhava para algo assim, não deixa de ser motivador ver a célula que foi “reduzida” a uma função geral que não é o seu forte, gozada por ser “ineficaz”, dizimar o “monstro” que tanto dano causou a organismo e o qual mais ninguém a não ser ela, seria capaz de derrotar. Good for her!
Em jeito de epílogo ou post scriptum:
- Quero vincar que a inexperiência e ignorância da AE3803 contínua a ser fonte de bons momentos de comédia e expressões dignas de memes.
- É cliché mas gosto da personalidade ‘tough but cute’ da Eosinófilo, particularmente quando está a ser aplaudida no final e o design fica Super Deformed. Fez-me lembrar o Chopper!
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