Hibike! Euphonium | Opening
DREAM SOLISTER – “True”
Hibike! Euphonium | Enredo
A história gira em torno de Kumiko Oumae, uma jovem que participara em concursos de elevado prestígio musical na banda da sua antiga escola.
Agora no ensino secundário, decide afastar-se do mundo da música e frequentar uma escola longe dos holofotes musicais nacionais. Contudo o destino prega uma partida à tranquila e aborrecida Kumiko: numa visita ao clube de música da escola, reencontra a sua ex-colega de banda, Reina. Conseguirá a nossa protagonista afastar-se definitivamente do mundo da música?
Hibike! Euphonium surge na temporada da primavera na lista de obras do género slice of life. Os elementos que compõe o enredo são pouco atrativos do ponto de vista das massas: um conjunto de estudantes que ambiciona tocar a nível nacional, com a sua banda da escola. Nada de extremamente cativante ou que nos faça suster a respiração de suspense, tristeza ou alegria sentida. Trata-se de um slice of life no real sentido da palavra. O dia a dia dos jovens integrantes da banda é descrito, com destaque na protagonista Kumiko.
Um anime para quem deseja assistir a uma obra leve, quotidiana, com qualidades q.b. que conquistam a cada episódio.
A simplicidade no desenvolvimento lento e regulado das várias linhas narrativas expostas ao longo da obra, causam estranheza aos não tão habituados ao género. Felizmente, esta vai-se dissipando à medida que as problemáticas quotidianas passam. O segredo da obra está nessa mesma simplicidade e empatia cultivada progressivamente, ao longo de 13 episódios. Hibike! Euphonium é assim, um agradável exemplo de como obras dessa categoria são desenvolvidas narrativamente. A premissa é simples, envolta em pequenos objetivos que são resolvidos de forma coerente e realista, por seres humanos, tal como nós, com os seus defeitos, feitios e ambições.
No universo da animação japonesa, temas simples como este são transcritos para refrescantes mundos, fantasiosos na sua maioria, mas que tornam o simples em algo épico e sobre-humano, contudo não é este o caso. Aqui, os alunos da Escola Secundária Kitauji desenvolvem as suas capacidades e competências enquanto músicos a fim de conquistarem um resultado comum.
Uma vez que não é na narrativa que encontramos o ex-líbris de Hibike! Euphonium, então onde é?
As personagens enquadram-se numa primeira instância, como parte de um grande plano. Na sua maioria bi-dimensionais, são apresentadas uma a uma progressivamente. A originalidade da obra reside nisso mesmo, num verdadeiro crescendo do conteúdo das mesmas. Em especial, das protagonistas Kumiko e Reina, que encarnam o primeiro plano das problemáticas e confusões da banda de música, sendo não só a ponte de ligação entre esta e o espetador, como também o motor emocional e romântico da obra.
Mas Hibike! Euphonium é um romance?
A narrativa de Hibike! Euphonium não possui o romance como seu foco primordial, contudo alguns dos grandes momentos da franquia têm o romance como linha condutora principal. O romance shoujo-ai é aqui representado com exímia distinção. Algo entre o amor verdadeiro e o fanservice shoujo-ai é progressivamente desenvolvido, no entanto, sem nunca se extrapolar para os exageros providos por clichés ou componentes mais ecchi, muito utilizados em obras de animação deste género. Em contrapartida, somos presenteandos com maravilhosas cenas onde as emoções humanas são colocadas à prova e ultrapassadas com distinção.
Hibike! Euphonium | Ambiente
Num cenário incrivelmente polido, somos embriagados por um festim de cores que nos aquenta a alma. A condizer com a época em questão, temos as sakuras a servirem de pano de fundo, a maravilhar os nossos olhos, pouco acostumados a uma qualidade e consistência quase que inumana.
Rigor musical transmitido pela produção visual.
Um tema tão complexo e exigente, incita um clima de dúvida sobre o rigor técnico na concordância entre as notas tocadas e o que é visualmente transmitido, com isto refiro-me às notas tocadas pelos vários instrumentos representados. O inesperado acontece quando nos apercebemos que na realidade, as notas tocadas coincidem com as transmitidas! Som e imagem complementam-se numa sincronização inacreditável, sendo sem dúvida um dos pináculos de toda a animação.
Uma imagem vale mais que mil palavras.
Esta frase não poderia ter sido melhor empregue que nesta obra prima da animação japonesa. As imagens falam por si em grande parte da narrativa, no entanto, o ênfase recai sobre as personagens e suas interações. O contraste produzido entre o estilo moe e o realismo dos movimentos, propícia à criação do derradeiro clímax da animação que só um grande estúdio consegue produzir. Com rejubilo, constatamos que mesmo sob nuances tão irreais como faces demasiado redondas e perfeitas, os movimentos e o jogo de cores, continuam a primar pelo orgânico, demonstrando todo o cuidado e respeito pela anatomia humana e física dos movimentos.
O design forte e caraterístico das personagens, é mesclado nas entre-linhas narrativas e transportado até ao público pela linguagem corporal fortemente esculpida e trabalhada, a transbordar de emoções humanas. Aqui realço a comédia e duplos significados maravilhosamente retratados, quer pelos elementos figurativos a ornamentar o pequeno ecrã, quer pelos gestos e expressões das protagonistas.
Numa obra sem qualquer defeito ou inconsistência visual, a nossa atenção é mais uma vez captada pelo recurso dos vários tipos de animação. A excelência é tal que os poucos frames com recurso a 3D são dificilmente percetíveis, culminando numa verdadeira experiência visual e auditiva.
A excelência da obra está intrínseca ao seu nome, a banda sonora. A palete de sonoridades utilizadas é imensa, composta por prestigiadas composições clássicas, sons puros e instrumentais originais. Não podendo ser somente considerada pano de fundo, é também ela parte integrante da narrativa de Hibike! Euphonium.
Hibike! Euphonium | Juízo Final
Longe dos holofotes da fama, Hibike! Euphonium passou despercebida pelos mais distraídos. Não fosse o grande estúdio por detrás da sua produção, grande parte do encanto se desvaneceria. Apesar da história agradável e as personagens divertidas e apelativas, não passa de uma história amena sem nada de muito emocionante que capte à partida a atenção do espetador. Todavia, o pacote completo merece sem dúvida a sua visualização, que mais não seja para desfrutarem de um espetáculo de cores e animação francamente acima da média. As maravilhas decorrentes do bom uso da mais recente tecnologia de animação é um verdadeiro chamariz para os mais cépticos e/ou pouco habituados às narrativas leves e progressivas do género.
Será Hibike! Euphonium uma obra para todos? A resposta a essa pergunta não poderia ser mais ambígua. Tudo depende do que procurarem nela. Trata-se de um puro slice of life e como tal, toda a sua narrativa é progressiva, sem grandes picos, pelo que a carga dramática e ação não são objeto de desenvolvimento. A obra proporciona em compensação, um ambiente de acalmia refrescante, envolto numa relaxante e cativante construção narrativa.
A complexidade do tema principal poderá afastar alguns curiosos com receio de não compreenderem os contornos musicais impressos. Contudo os aspetos técnicos e bases musicais são meticulosamente clarificados no decorrer do espetáculo, pelo que não será essa uma razão válida para uma não visualização. Escusado será dizer que para todo que qualquer fã de música clássica, é mandatório adicioná-la ao seu reportório.
Hibike! Euphonium |Trailer
Análises
Hibike! Euphonium
A temporada de primavera de 2015 contemplou mais uma obra da Kyoto Animation: Hibike! Euphonium. Sabe mais sobre esta obra musical!
Os Pros
- Produção visual;
- Banda sonora.
Os Contras
- Progressão narrativa lenta e algumas personagens principais pouco desenvolvidas.