Um ambicioso projeto de criação de Kimonos a representar cada um dos participantes dos Jogos Olímpicos foi colocado em marcha. O nome é Kimono Project, criado pela organização japonesa Imagine One World, e foi lançado em Agosto de 2014. Estavam previstos 6 anos de preparação, contudo, devido à pandemia Covid-19, apenas agora se encontra oficialmente concluído.
Desde o início que o objetivo era incorporar o desfile dos Kimonos na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Infelizmente, tal como outros planos, este não foi possível de realizar. Ainda assim, foi com muito orgulho que este projeto foi desenvolvido pelo que iremos expor um pouco do que este envolveu bem como algumas imagens do resultado final.
Japão cria mais de 200 Kimonos para os Jogos Olímpicos de Tóquio
O projeto foi liderado por Yoshimasa Takakura, designer e fundador da Imagine One World.
Todos os países a competir nas olimpíadas encontram-se representados por um Kimono e um obi.
Estes Kimonos foram produzidos nos Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Kuwait e Qatar. O número de países a participar nos Jogos Olímpicos de Tóquio são apenas de 205, contudo, foram criados os kimonos da Coreia do Norte e de cada nação da Grã-Bretanha, perfazendo assim um total de 213, que foram criados para as olimpíadas de 2020 de Tóquio.
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Esta iniciativa incluiu ainda “países cujo Japão possui relações diplomátias mas que não integram o comité Olímpico, tais como Niue e a Cidade do Vaticano“, contou Orie Shimizu, porta-voz do Kimono Project, ao “The National“. Shimizu acrescentou ainda que existe um “pedido especial” para a criação de um kimono para a Polinésia Francesa.
“Através da nossa criatividade, descobrimos muitos belos cenários, culturas e o orgulho de cada país. À medida que aprendiamos mais sobre um país, a nossa ligação com o mesmo surgiu naturalmente. Continuaremos a acreditar que o Kimono é a melhor forma para expressar o nosso respeito por cada país porque foram criados com o desejo de felicidade e prosperidade para aqueles que o vestirem. Esperamos que o mundo reconheça através do nosso projeto que, não importam as nossas diferenças na religião, economia e política, a beleza é algo que todos partilhamos. Através deste ponto de vista, esperamos dar as mãos com cada país e criar harmonia e união.” – comentou Shimizu.
Os Kimonos e obis não se encontram abertos ao público, como foi planeado inicialmente devido às restrições da Covid-19. No entanto, serão exibidos durante a Expo 2025, que será realizada em Osaka, Japão.
Shimizu confirmou que o conjunto completo por cada país custou ¥ 2 milhões (cerca de 15563€), e inclui Kimono, obi e pequenos acessórios. Todos foram feitos à mão com métodos tradicionais, cada um levou entre um e dois anos para ser fabricado.
“Queríamos mostrar que as elaboradas técnicas de tingimento e tecelagem japonesas não são apenas formas de arte antigas, mas uma arte viva que ainda temos hoje, com muitos artesãos ativos em todo o Japão”, diz Shimizu.
Designers e Métodos de fabrico da produção dos Kimono e Obi
A maioria das peças foi feita por designers japoneses com métodos tradicionais, exceto duas. O obi palestino foi feito por um grupo de refugiados, e o kimono indonésio foi decorado com batik, um método tradicional indonésio de tingimento resistente à cera.
“Foi uma das partes interessantes do nosso projeto”, diz Shimizu sobre o obi da Palestina, que foi projetado por Maki Yamamoto. “Existem várias técnicas, localidades ou padrões de design de tingimento e tecelagem no Japão. Takakura [designer principal] pensou profundamente em adequar a imagem do país ao estilo de arte do criador quando designou quem estava a cargo de cada um.”
“Em relação ao quimono palestino, sabíamos que Maki Yamamoto tinha uma longa experiência de trabalho com as bordadeiras palestinianas para fazer obis, por isso a escolhemos como designer.”
Num post no Facebook, Yamamoto explicou que o obi palestino levou dois anos a fazer e esta visitou o país seis vezes durante o processo, às suas próprias custas. Ainda colaborou com a Sociedade de Inash al Usra, uma fundação de ensino superior que oferece bolsas de estudo para estudantes universitários na Palestina.
Yamamoto diz que participou do projeto porque, embora fosse um “desafio”, seria uma “grande oportunidade de mostrar o bordado palestino para pessoas de todo o mundo”.
Durante os últimos anos, este projeto tem realizado showcases das suas primeiras 100 criações em Tóquio e nos Estados Unidos da América. Após mais de outros 100 Kimonos concluídos, o projeto termina por fim! Em 2016, decorreu um desfile onde podemos ver o Kimono e obi correspondente a Portugal (minuto 2:30):
Fonte: The International News, Sora News 24