Square Enix é uma das desenvolvedoras de jogos que nos dias de hoje é sinónima com role playing games. Uma desenvolvedora que quase entrou em bancarrota se não fosse graças a uma “fantasia final”.
Jogos como Chrono Trigger, Final Fantasy, Super Mario RPG e até jogos mais recentes como Life is Strange e Nier: Automata, são títulos sobre a alçada da Square Enix, cujos objetivos principais têm sido oferecer experiências interativas fantásticas e criar memórias inesquecíveis na mente dos fãs do género.
Uma das coisas que definiu a Square Enix durante anos foi o facto de que eles nunca tiveram medo de se aventurar em novas ideias e, enquanto que algumas correram muito mal, uma ideia em específico tinha tudo para não acontecer se não por um mero encontro num elevador. Uma ideia que acabou por se tornar numa das franquias mais conhecidas da desenvolvedora e que combinou dois mundos completamente diferentes um do outro. Estou a falar obviamente de Kingdom Hearts.
Kingdom Hearts é uma franquia de jogos RPG que coloca os jogadores na pele de Sora, numa jornada pelos universos de Final Fantasy e da Disney e que atualmente conta com 25 milhões de cópias vendidas mundialmente em todas as plataformas (excepto para PC porque não podemos ter coisas boas) e uma variedade de merchandise que inclui jogos, figuras, mangas e um filme.
Com uma franquia desta magnitude não deve ser surpresa que muitos dos olhos vão estar virados para Janeiro de 2019 quando Kingdom Hearts III sair finalmente para Xbox One e PlayStation 4. Um jogo muito aguardado pelos fãs porque, não só é a conclusão da Dark Seeker Saga, mas devido à data de lançamento do jogo ter sido constantemente adiada por uma variedade de razões.
Mas será que Kingdom Hearts III conseguirá ser aquele derradeiro jogo pelo qual os fãs esperaram ansiosamente ao longo de 13 anos? Ou será que a espera foi em vão e este poderá ser o maior fracasso da Square Enix até a data?
Kingdom Hearts III – 13 Anos Demasiado Tarde
Passaram-se 13 anos desde o lançamento de Kingdom Hearts II e 7 anos desde o lançamento de Kingdom Hearts: Dream Drop Distance e os fãs questionavam se eventualmente iríamos ter o aclamado jogo. A espera foi longa e entediante, mas tudo mudou quando a Sony revelou num teaser em 2013 que a Square Enix estava a desenvolver Kingdom Hearts III.
Desde esse dia que a Square Enix não tem guardado segredos em relação ao conteúdo do jogo e isso não tem agradado muito os fãs por medo que os trailers revelassem demasiada informação e até mesmo spoilers da história. Para mim isso não é problema nenhum porque Kingdom Hearts sempre teve uma coisa interessante:
Imprevisibilidade!
Durante 2 anos, a Square Enix mostrou uma enorme quantidade de trailers e, na minha opinião, com cenas sem um contexto para nos dizer o que vai realmente acontecer. Isto indica que os trailers não estão a mostrar a história toda.
Mas, ao mesmo tempo, não consigo parar de sentir algum receio porque estamos num ponto em que os jogos deram tantas voltas que até os maiores fãs da franquia têm dificuldades em contar a história e isso deve-se ao facto de o criador do jogo, Tetsuya Nomura, não a ter planeado em avanço.
Entre Kingdom Hearts II e III foram lançados 6 jogos, todos em plataformas diferentes, para tentar conectar os eventos e, enquanto que alguns jogos foram muito esclarecedores e outros extremamente inúteis, o sentimento geral é que a história parece muito forçada.
Muitas partes desta foram colocadas nas prequelas para dar a entender que foi tudo planeado desde o início, mas o que demonstra é que a história foi escrita à medida que os jogos foram lançados e isso acaba por gerar mais perguntas do que respostas, especialmente quando certos eventos contradizem o que aconteceu anteriormente.
Outro grande problema que eu tenho com Kingdom Hearts III é que Tetsuya Nomura vai tentar responder ao maior número de perguntas possíveis e, como resultado, afetar a qualidade da história em geral.
Eu não estou a querer dizer que Kingdom Hearts não tem momentos emocionantes e que nós não nos conseguimos identificar com as personagens, mas se a história principal não fizer sentido e estiver constantemente a contradizer-se, muitos dos fãs acabarão por desistir da franquia e será impossível, ao mesmo tempo, atrair novo público.
7 anos sem um jogo não é bom para uma franquia com uma história tão “rica”, especialmente se os fãs não obtiverem as respostas que tanto anseiam, levando-nos a questionar o porquê de o jogo ter demorado tanto tempo para sair.
Um dos motivos porque demorou tanto tempo foi porque após o lançamento de Kingdom Hearts II Final Mix+, Tetsuya Nomura ficou encarregue do desenvolvimento de Final Fantasy Versus XIII, conhecido atualmente como Final Fantasy XV, o que acabou por levar muitos dos membros da equipa original de Kingdom Hearts a focar-se nesse novo projeto, deixando Kingdom Hearts III numa espécie de limbo.
Mas durante este tempo Nomura nunca negou que tinha intenções de fazer uma sequela.
“O que posso dizer neste momento é que ‘Temos várias ideias, mas não estamos ao ponto de poder dizer que sim.’ Se olhar para o nosso calendário de desenvolvimento, depois de Kingdom Hearts II Final Mix+, a equipa de Kingdom Hearts tem à espera Final Fantasy Versus XIII (Final Fantasy XV), portanto será fisicamente impossível de momento. Sinto que não é o momento certo para se falar do futuro de Kingdom Hearts.”
Tetsuya Nomura em entrevista para a Dengeki PlayStation em 2006
Se o que faltava era tempo para o desenvolvimento de Kingdom Hearts III então os fãs só tinham de aguardar pelo lançamento de Final Fantasy XV e depois seria só esperar por notícias.
Mas paciência é uma coisa que os jogadores não gostam muito e, para acalmar os ânimos, tivemos a revelação de um teaser na E3 de 2013 que confirmava que Kingdom Hearts III iria finalmente entrar em desenvolvimento.
Nomura revelou que o anúncio de Kingdom Hearts III foi demasiado cedo e que apenas lançaram o teaser para acalmar os fãs. Olhando agora para o que ele disse, tenho de concordar.
Dizer que estão a desenvolver algo sem poder dar uma ideia de como vai ficar o jogo, pode levar a que os fãs criem ainda mais esperança e no fim arruinar as expectativas do jogo.
Um dos problemas que também abalou o desenvolvimento de Kingdom Hearts III foi a troca de motor de jogo do Luminous Studio, motor de jogo exclusivo da Square Enix, para Unreal Engine 4, um motor de jogo com gráficos mais realistas que possibilita cenários mais ricos e belos.
Mas ter apenas gráficos bonitos sem termos aquela sensação de que estamos a ver um filme da Disney não é suficiente e, sabendo disso, a Square Enix decidiu pedir ajuda à Pixar no design dos mundos e modelos dos personagens do jogo, levando a este resultado:
Eu fiquei estupefacto quando vi os trailers, pois apercebi-me que Kingdom Hearts III vai ser um jogo visualmente incrível e apelativo com mundos grandes e abertos e que levará os jogadores numa viagem nostálgica aos seus filmes da Disney preferidos.
Um jogo com este tipo de história e legado não pode simplesmente copiar e colar as mecânicas do jogo anterior e escrever uma história diferente, isto porque são 13 anos de espera por algo que nos tem de satisfazer ao máximo.
Eventualmente virão aqueles tipos de pessoas que vão falar mal do jogo porque não percebem a história ou não compreendem os controlos.
Para todos os que não experienciaram Kingdom Hearts na sua vida eu recomendo comprarem uma PlayStation 4 e lá jogar os jogos anteriores, aproveitando o facto de terem sido lançadas para a plataforma 2 versões chamadas Kingdom Hearts 1.5 & 2.5 ReMix e KINGDOM HEARTS HD 2.8 Final Chapter Prologue, que incluem todos os jogos em HD e um filme, pelo valor combinado de 90€.
Kingdom Hearts III não é um jogo para o jogador casual, mas uma prenda para um fã que esperou ansiosamente por uma conclusão na sua franquia preferida.
Valeu a pena esperar? Eu diria que valeu. Mas só no fim deste mês é que vou poder confirmar isso.
Kingdom Hearts – Análise Playstation 4
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