Título: Mahoutsukai no Yome | Mahou Tsukai no Yome | The Ancient Magus’ Bride
Adaptação: Manga
Estúdio: Wit Studio
Demografia | Género: Shounen | Fantasia, Slice of Life, Magia
Ficha Técnica: Indisponível
“Here” – JUNNA (episódios 1-12)
Desde que descobri o manga original, que guardo com carinho Mahou Tsukai no Yome no meu top pessoal de obras a ver e rever. No entanto, como apreciadora de anime, houve muita coisa nesta adaptação que ficou aquém das expetativas e, por isso, deixarei aqui as minha ilações não só sobre o que gostei mas, também, sobre o que esperava ver na “adaptação da temporada”.
Mahoutsukai no Yome TV – Análise
Para quem não conhece o manga, é fácil cair na ilusão de que esta história girará em torno de aventuras, com algum drama e magia à mistura, uma espécie de Natsume Book of Friends mais dramático. No entanto, não é “apenas” isso.
Mahoutsukai no Yome é sobre as aventuras de uma jovem traumatizada, sim, mas de um ponto de vista mais psicológico. Toda a obra é contada na perspetiva de desenvolvimento pessoal dos protagonistas e não tanto direcionada ao que vai acontecendo de sobrenatural a estas.
The Ancient Magus’ Bride – A magia da narrativa
Claro que o universo é incrível, basta verem alguns dos fantásticos cenários que a compõem, mas a magia não está aí. A “magia” de Mahoutsukai no Yome/The Ancient Magus’ Bride está sim no desenvolvimento e apresentação das personagens!
Por exemplo, há um cuidado em explorar as fraquezas da Chise para, num momento a seguir, vermos essas mesmas fraquezas serem ultrapassadas! Digamos que existe um jogo narrativo constante entre dificuldade vs evolução, que mais tarde se repercute na relação dos protagonistas.
Infelizmente, esta exploração é apenas sentida nos protagonistas pelo que nas personagens secundárias tudo acontece demasiado rápido, quase que episódico. Personagens como a Alice e a Angélica acabam passadas para segundo plano – para não falar de todas as personagens ligadas ao passado de Elias – o que deixa um sabor agridoce na boca.
Quando presenteados com algo de muito bom o contraste com algo mediano acaba acentuado, o que se reflectiu nos episódios de maior interação entre as personagens. Todavia esta é uma crítica que transcende a adaptação anime.
The Ancient Magus’ Bride – Uma série romântica
Mahoutsukai no Yome significa literalmente a Noiva do Mago Ancião, uma analogia direta para o tema “subentendido” desta obra: o Romance!
No primeiro episódio – e mesmo nos seguintes – pouco nos diz ou transmite a ideia de romance, pelo menos não ao estilo shoujo onde o amor é esfregado na cara dos expetadores. Em vez disso, seguimos o dia a dia de dois jovens (sim o Elias conta como jovem, criança até!) a se descobrirem no mundo e na vida de cada um.
Confesso que a imersão é tal que nos passa um pouco ao lado. Afinal quem pensa em romance depois daqueles clímax de perder o folgo de tão mágicos e estonteantes que são???
Claro que o último episódio “relembra” a todos o porquê do título. Mas, spoilers à parte, é uma história de amor juvenil fascinante.
Vejam nesta perspectiva: imaginem que se passava tudo num ambiente não mágico. Chise e Elias vivem uma aventura única onde se conhecem, aprendem a se respeitar mutuamente, compreendem a importância do diálogo e enfrentam as adversidades de uma qualquer relação dia após dia.
Tudo isto através de analogias visuais e narrativas únicas!
Para quem já assistiu ressalvo uma das minhas cenas preferidas quando Elias tem um ataque de ciúmes/inveja.
Mas nem tudo correu bem nesta adaptação…
Como referi em cima trata-se de um anime com um toque de aventura e, como tal, há uma linha narrativa principal com um ultimate villain a ser destruído.
Todas as histórias desenvolvidas ao longo dos 24 episódios culminam num arc final onde tudo é posto à prova. O que, no ponto de vista de anime, acabamos por nos sentir um pouco overwhelming com tanta coisa e tantas personagens significativas a nos surgirem de rompante no ecrã.
Não sei se foi opção de escrita no entanto, acredito que, para quem não leu a obra, tenha sido complicado absorver algumas personagens de modo a encaixar no puzzle final.
Uma das razões por alguns acharem o final um pouco… estranho, poderá ter sido a falta de uma ligação sólida entre todos os intervenientes – apesar de que a história de Catherphilos esteve muito bem descrita no anime.
Ambiente – O que poderia ter sido e não o foi
Para mim, ver esta obra adaptada a anime foi equivalente aos leitores de Harry Potter assistirem no grande ecrã o primeiro filme. Um universo mágico, diferente e cuja arte e enredo são tão exigentes que chegava a ser difícil imaginar em formato animado.
Acredito, por isso, que tenha sido um desafio adaptar esta obra. No entanto, algo me deixou pensativa, sobretudo após discutir com alguns colegas esta mesma adaptação.
Enquanto fã incondicional do manga original, foi complicado, numa primeira instância, detetar as falhas de Mahoutsukai no Yome (que as há e não são poucas).
Infelizmente não discuti com ninguém que tenha lido o manga, mas no que me diz respeito, acabei inebriada pelo êxtase de poder ver no pequeno ecrã os momentos que tanto me deslumbraram. Atenção, não me censuro por tal feito! Ainda bem que a experiência foi toda ela positiva, sobretudo no primeiro cour! No entanto, a penumbra dissolveu-se após o episódio 12…
(Não assistir ao opening caso não tenham assistido até ao episódio 12)
https://www.youtube.com/watch?v=fwCf1_Pve68
Primeiro esqueceram-se do opening… colocaram a acompanhar a nova música de abertura um AMV muito bonito, que resume muito bem o primeiro cour, contudo, opening a sério só uma tentativa efémera no último episódio.
Depois comecei a aperceber-me de algo que já era motivo de discussão entre os meus amigos desde o primeiro cour: os momentos pausa.
Assim sem querer spoilar muito, há momentos como o do voo de Nevin com Chise, em que aquilo simplesmente fica ali. Minutos passam e continuamos a ver a mesma paisagem com banda sonora por detrás. As semelhanças com aqueles vídeos de relaxamento são irrevogáveis, inclusive o relaxamento que senti a ver aquela cena. No entanto, meu caro Wit Studio, quanta coisa poderiam ter feito aparecer naquela paisagem…
The Ancient Magus’ Bride – O fiasco do segundo cour
Ingénua fui eu em achar que esse momento era o mais flagrante! Após o segundo cour houve uma notória poupança nos frames e na sua qualidade da animação no geral. Apontando alguns exemplos que me saltaram à vista: diálogos em que os personagens estão de costas; arte mais pobre sobretudo nas personagens quando mais distantes do ecrã – dava a sensação que as afastavam para pouparem nos detalhes – entre outros.
Se fosse qualquer outra obra possivelmente nem comentaria este ponto contudo, estamos a falar de uma série que possuiu o 8 e o 80. Habituaram-nos a uma qualidade visual e sonora com uma fasquia tão alta que quando há quebras apercebemo-nos de imediato.
Para ajudar, sigo outro anime adaptado por este estúdio, After the Rain… e amigos, se dúvidas haviam sobre o “poderiam fazer melhor” vejam um ou outro episódio e babem-se com a direção da animação.
Claramente que a equipa principal estava focada neste último!
É óbvio que a animação é boa! Isso nem está em causa. Se colocarmos em balança tudo o que de bom a série possui neste departamento, claramente que os prós ganham. Os cenários foram reproduzidos ao pormenor, as cores garridas altamente bem colocadas, o character design apelativo e criativo, há muito bom material aqui criado!
Contudo, o “vamos prolongar no tempo a magia dos pequenos grandes momentos” acaba por ser análogo a um “sugar a vaquinha” com estilo.
Claro que não foram “burros”, quem adaptou esta série sabia o que fazia. Não nos sentimos perdidos na história, todas as “pausas” na animação seja em slide de imagens seja em cenários modo “poupança de frames” foram meticulosamente colocados em momentos adequados.
Para melhor perceberem do que estou a falar desafio-vos a verem o vídeo abaixo. Neste excerto poderão ver o que de mais incrível o Wit Studio consegue criar e o contraste com aqueles frames pouco detalhados.
Quando a Chise está de perto e se move, a animação está muito interessante em vários aspetos contudo, na sua maioria, colocam-na longe para não vermos os detalhes, fica demasiado tempo no mesmo plano, não há lá nada para absorvermos, fica lá muito tempo mas não diz nada, não há nada para contemplar.
Pensamentos Finais
Como já deu para perceber sou fã da manga original. E como fã que sou, sim sou exigente com o que vejo sobretudo narrativamente. No geral achei que estava tudo muito bem adaptado e a ligação com o OVA ficou on point.
Todavia, houve um momento que não consegui deixar passar em branco, no episódio 21 desataram a passar cenas em modo mute e acelerado – Porquê? Para quê?
Acabamos por não perceber do que se tratava e ainda vemos um diálogo que sabemos que aconteceu no manga completamente em modo mute! Para mim, foi ridículo! Confesso que no final de ter assistido voltei a reler o capítulo só para ter a certeza que não estava enganada… e não estava!
Mas falando agora de coisas boas…
Dentro de um universo tão mágico é curioso encontrar personagens tão orgânicas quanto estas e saborearmos o esmiuçar de tantos temas como a inveja, o ciúme, a construção das relações, tudo com recurso a transmutações visuais para demonstrar o quão “sufocantes” e destrutivas – literalmente – podem estas ser.
É uma obra incrível e é isto que quero que fique na vossa mente: é um must see anime!
Independentemente de tudo o que falei de mau a série é boa, só poderia ter sido muito melhor, apenas isso. Ainda assim, dificilmente alguém não gostará de Mahoutsukai no Yome, salvo os que não gostarem de fantástico misturado com drama e romance.
E para terminar:
Mahou Tsukai no Yome não foi criado para ser apenas uma história de magia, foi criado para ser uma história mágica!
Queres saber o que achei do primeiro episódio?
Mahoutsukai no Yome – Primeiras Impressões
Análises
Mahoutsukai no Yome TV
Um enredo incrível e um visual que deu que falar! Mahoutsukai no Yome foi uma das séries mais marcantes de 2017.
Os Pros
- História
- Desenvolvimento dos protagonistas
- Visual
Os Contras
- A animação diminuiu a qualidade a partir do 2º cour
- Houve momentos "parados" que poderiam ter sido otimizados
- Segundo "opening"