Bleach | Capítulo 648 – ” The Theatre Suicide Scene 2 “
O último capítulo terminou com o início da Bankai, o que marcou por sua vez o prólogo da peça de Teatro. Ou seja, a Bankai de Kyouraku abre as cortinas para um espetáculo em que ele é o dramaturgo, e vai orquestrando a sequência das cenas segundo uma ordem, que à partida é ditada pela própria Bankai. Com o seu desenrolar começamos a entender com mais profundidade as razões que levaram Kyouraku a evitar o uso da Bankai, bem como o facto de evitar usá-la perto de aliados.
Assim que esta é ativada, a Reiatsu de Kyouraku começa a manifestar-se. Por norma, e se olharmos para os casos que conhecemos, a Bankai revela a verdadeira forma da Zanpakuto e da energia do usuário. Assim que Kyouraku liberta a Bankai, a enorme Reiatsu que se encontra contida, é então libertada manifestando a sua verdadeira natureza. Medo, melancolia, solidão, desespero, são algumas das emoções negativas que foram sentidas pelas restantes personagens. Estas foram expostas através do grupo de Ichigo, e acho que por uma razão. Kyouraku afastou-se até à posição inicial, a entrada daquele local. E o grupo do Ichigo foi o primeiro a encontrar um inimigo, o que significa que são os que se encontram mais perto dele. Será que vão ser afetados pelo poder da Bankai, além de estarem a absorver toda esta negatividade?
A razão acima referida foi então aquela pela qual Kyouraku evitou estar perto dos amigos. Mas a razão, ou razões, que o levaram a arrastar o recurso à Bankai são dois aspetos muito importantes. Primeiro, porque ele provavelmente não a gosta de usar, deixa-o a nu, revela a sua verdadeira natureza, revela os sentimentos dele, tudo o que ele tenta e tentou esconder durante todo este tempo, tudo o que ele deixou por trás daquela máscara cómica e descontraída. A segunda razão prende-se ao facto da Bankai dele funcionar melhor, de ser mais proveitosa, quanto mais ele aguentar em batalha – sem morrer claro.
Isto porque, como podemos observar pelo Primeiro Acto, a Bankai vai colocar os adversários em pé de igualdade, independentemente do quão forte é o inimigo.
Primeiro Acto – Wound Sharing Hesitation
Neste primeiro nível, ou estágio da Bankai, o inimigo vai receber todo o dano que já inferiu no seu adversário. Porém, o inimigo não pode morrer com tal dano, apenas sofrer com ele.
Segundo Acto – Bed of Shame
Esta parte não foi a mais clara, ou provavelmente aquela mais ambígua e sujeita a interpretações subjectivas. Ou seja, podemos estar a falar aqui de vergonha pelo dano causado a nível físico, ou realmente a falar de desespero psicológico na medida em que, colocar tudo em pé de igualdade tenha um efeito negativo na mentalidade de Lille, uma vez que este se auto-proclama como Mensageiro de Deus.
Terceiro Acto – Dangyo Abyss
Agora que tudo se encontra no mesmo nível, entram num mundo no qual (pelo que entendi) o vencedor é medido pela Reiatsu, ou neste caso a ausência dela, perdendo aquele que a esgotar primeiro.
Este é o funcionamento da Bankai de Kyouraku, ou pelo menos aquilo que podemos retirar da pouca informação que nos foi dada. Porém, acho que a Bankai dele não se repete. Ao que tudo indica, ela será estruturada sempre da mesma forma, contudo, a história que é contada, vai depender de imensas variáveis. Como por exemplo: o inimigo em questão, a forma como a batalha se desenvolveu, o humor de Kyouraku e manifestação das suas vontades, entre muitas outras. Portanto, como seria se a Bankai tivesse sido ativada logo no início? Qual seria a história? Seria diferente? Existiria uma história para contar?
Ainda que nos tenha deixado imensas dúvidas, foi um capítulo belíssimo a todos os níveis. É difícil acreditar, por vezes, que estamos a ler algo que foi escrito a para uma revista Shonen. A narrativa fluiu de forma metafórica, sempre apoiada pela incrível arte minimalista e simbólica de Kubo, entregando-nos facilmente toda a atmosfera pesada que as personagens estão a viver. Kyouraku teve não só desenvolvimento a nível de habilidades, mas com isto, expõe toda a sua personalidade, começando a justificar a forma como foi caracterizado ao longo da obra. De qualquer dos modos e se a batalha estiver estruturada como uma verdadeira peça de teatro, então o próximo capítulo será o final.